Tanto em Portugal como no resto da Europa o consumo de batata-doce segue uma trajetória de crescimento e a tendência também é de aumento de produção.
Com quase quatro anos de existência, o principal desígnio da Nativaland é fornecer plantas de batata-doce, de elevada qualidade, ao continente Europeu, Norte de África e Médio Oriente. Na atualidade, e citando as palavras do seu diretor geral em Portugal, Fernando Costa, “é o principal player na produção e fornecimento de plantas de qualidade ao produtor na Europa (e em Portugal)”.
Para tal, tem vindo a introduzir variedades diferenciadas no que respeita às suas valências nutricionais quer para o mercado fresco, quer para o mercado de indústria, além de aportar melhores performances agronómicas. “Os nossos clientes têm a vantagem de poderem trabalhar com variedades bastante produtivas, de elevada exigência sanitária e estabilizadas do ponto de vista genético, além de terem acesso a um apoio técnico bastante especializado e com grande know-how na cultura, fruto da nossa relação com a Louisiana State University (LSU) dos Estados Unidos da América”.
Aliás, a Nativaland possui um protocolo de exclusividade com esta Universidade e trabalha com variedades ali desenvolvidas, resultando num portefólio que lhe permite uma oferta alargada, atendendo às condições de cultivo e finalidade da produção, isto é, se destinada ao consumo em fresco ou para processamento. “Temos variedades com forte apetência para a fritura, purés, concentrados, sumos, culinária e também para a indústria de extração de corantes”, reforça o diretor geral.
Na Europa estima-se um consumo per capita ainda inferior a 1,5 kg, enquanto que nos EUA ultrapassa os 4 kg
Referindo-se à evolução da tendência do consumo de batata-doce, Fernando Costa reporta que tanto em Portugal como nos restantes países da Europa continua numa trajetória crescente, face à procura, por parte do consumidor de alimentos mais saudáveis, nutritivos e diversificados quanto ao sabor, textura e cores.
Em Portugal, a cultura tem vindo a desenvolver-se, estimando-se cerca de 1.600 hectares distribuídos principalmente nas regiões do Ribatejo (onde a Nativaland está sediada) e Oeste, Sudoeste Alentejano e na Região Autónoma da Madeira. É expectável que a superfície venha a aumentar nos próximos anos, fruto do aumento do número de produtores e do seu crescente grau de profissionalização e especialização.
No entanto, diz Fernando Costa, existem algumas linhas de desenvolvimento e melhoria desta cultura que importa destacar, nomeadamente a utilização de variedades, ou seja a sua seleção tendo em consideração os ciclos de cultivo, adaptabilidade às condições edafoclimáticas locais e ao mercado a que se destina a produção. Também a utilização de técnicas e condução da cultura, como a fertilização e irrigação adequadas visando a obtenção de produção de qualidade; infraestruturas de armazenagem da batata permitindo a sua stockagem por forma a poder fornecer o mercado durante um período mais alargado e, não menos importante, a organização da produção e comercialização.
Em termos de novidades, em Portugal a Nativaland tem introduzido variedades de polpa laranja com elevado teor em vitamina A, “atualmente o tipo de batata mais vendida no mercado”, mas também outras variedades de polpa branca, amarela e roxa”.
Agroindústria representa entre 15 a 20% do setor
A agroindústria representa entre 15 a 20% do setor, destacando-se a indústria de congelação, que recorre à contratação com os produtores, resultando em preparados congelados como a batata-doce em rodelas, cubos, palitos ou purés e também em produtos fritos (chips).
O processamento da batata-doce em purés ou concentrados é também uma realidade bem como a introdução de concentrados de batata-doce em produtos enquanto substitutos do açúcar, contribuindo para a redução do teor de açucares em alimentos e refrigerantes. Refira-se que o perfil bioquímico dos açúcares e de outros nutrientes da batata-doce tem sido cada vez mais estudado e procurado por parte da indústria alimentar, inovando com produtos mais saudáveis com maior teor em vitaminas, antioxidantes, fibras e menos calorias.
Determinadas variedades com grande predominância de antocianinas têm sido alvo de ensaios com o objetivo de se obterem corantes alimentares com uma excelente qualidade organolética.
O facto de conter um teor elevado de hidratos de carbono de libertação lenta é um produto que tem vindo a ter um crescente interesse por parte da população desportista e pelos atletas de alta competição.
Em termos das perspetivas de futuro, a Nativaland prevê um crescimento no setor na medida que o consumo também está a aumentar e uma vez que a indústria consegue fornecer o mercado durante todo o ano. “A comodidade do uso dos produtos transformados e os novos produtos que vão sendo introduzidos no mercado são factores que por si contribuem para estimular o consumo”, reforça o diretor geral.
Nativaland está a estudar outras aplicações e oportunidades para as suas variedades na indústria alimentar
Precisamente, a empresa está a estudar outras aplicações e oportunidades para as suas variedades na indústria alimentar e numa perspetiva de economia circular está a desenvolver estudos sobre a valorização dos subprodutos da cultura da batata-doce, onde poderão estar envolvidas indústrias de alimentação animal e pet food.
Este ano a Nativaland produziu plantas (slips) que representam cerca de 1000 hectares, das quais 80% foram exportados para países da Europa, Norte de África e Médio-Oriente.
À data desta reportagem a colheita ainda decorria, com registo de boa qualidade, embora com produtividade ligeiramente abaixo do ano passado.
Artigo completo publicado na edição de dezembro 2020.