Alexandra Eduarda Franciscoa,b,c ; José Santos Silvaa,b,c; Rui J. B. Bessa b,c
a) INIAV, IP. – Vale de Santarém, Portugal;
b) CIISA – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, Portugal;
c) All4Animals- Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, Portugal.
O ecossistema microbiano ruminal compreende diversas comunidades de microrganismos, tais como bactérias, protozoários ciliados, microrganismos metanogénicos (archaea), fungos e vírus, que interagem entre si e cuja atividade é a base da degradação dos alimentos consumidos pelos ruminantes. Os protozoários são microrganismos eucariontes que, apesar de menos abundantes do que as bactérias, devido à sua maior dimensão celular, podem constituir até 50% da biomassa microbiana do rúmen (Williams & Coleman, 1997).
A comunidade de protozoários é muito variável entre animais, quer em termos de abundância quer biodiversidade. Esta variação depende de vários fatores, entre os quais se destacam a dieta e a genética do hospedeiro.
A influência da comunidade de protozoários sobre as outras comunidades microbianas e o funcionamento ruminal pode ser direta ou indireta e os seus efeitos serem observáveis a vários níveis, como na saúde, bem- -estar, desempenho produtivo, qualidade dos produtos e até na pegada ecológica do hospedeiro.
Destacam-se como aspetos positivos da comunidade de protozoários no funcionamento ruminal, a degradação de compostos tóxicos presentes na dieta; a degradação da fibra; a estabilização da fermentação do amido e regulação do pH, especialmente em animais alimentados com dietas ricas em cereais e baixo teor em fibra. Devido ao seu tamanho e por acumularem nas suas estruturas celulares maiores quantidades de ácidos gordos polinsaturados das séries n-6 e n-3 e dos ácidos vacénico (18:1 trans-11) e ruménico (CLA 18:2 cis-9, trans-11) do que as bactérias, os protozoários podem ainda atuar como reservatórios ruminais desses ácidos gordos, cujo consumo promove a saúde humana (…).
