O Dia de Campo InovMilho, realizado no passado dia 13 de setembro, reuniu cerca de 300 participantes na Estação Experimental António Teixeira, em Coruche. A sessão de encerramento contou com intervenções de Jorge Neves, presidente da ANPROMIS, Gonçalo Andrade, vice-presidente da CAP, Francisco Silvestre de Oliveira, presidente da Câmara Municipal de Coruche, e Emília Cerqueira, presidente da Comissão de Agricultura e Pescas.
Este Dia de Campo teve a apresentação dos resultados dos estágios realizados no âmbito do InovMilho 2023 e um destaque especial para a inauguração do novo “Alojamento para Alunos Estagiários”, um momento alto que reforçou o compromisso com a formação prática e o apoio à investigação científica.
Jorge Neves, presidente da ANPROMIS fez uma reflexão sobre a relevância da inovação na cultura do milho e a importância do evento para mostrar aos produtores e parceiros o que está sendo realizado em termos de inovação. O presidente da ANPROMIS enfatizou a colaboração com as universidades e institutos de investigação como um pilar fundamental do trabalho realizado. “O que fazemos aqui é mostrar os projetos em parceria, visando transmitir esse conhecimento aos agricultores”, explica Jorge Neves.
Por sua vez, o presidente da ANPROMIS, sublinha que “os desafios mundiais são imensos, e temos de estar sempre na crista da onda em termos de competitividade. Essa é a única forma de permanecermos ativos na atividade”, argumenta, fundamentando ao mesmo tempo, que “o milho é uma cultura transversal e de extrema importância para o país (…). Por isso, é essencial incentivar os agricultores a manterem o investimento na cultura”.
Gonçalo Andrade, Vice-Presidente da CAP, vinca a importância da produção de cereais em Portugal, afirmando que esses produtos são fundamentais para a alimentação de uma população global crescente. “Atualmente, temos cerca de 8 mil milhões de consumidores, e esse número pode chegar a 8,5 mil milhões amanhã (…) em 2030, alerta.
O vice-presidente da CAP, sublinha também a ambição da União Europeia se tornar líder mundial no combate às alterações climáticas, embora essa meta seja relevante, é igualmente importante que os cereais importados de países terceiros atendam aos mesmos padrões exigidos para a produção dentro da União Europeia. “Precisamos garantir que os nossos parceiros comerciais sigam as mesmas exigências que nos são impostas”, afirma.
Um ponto levantado por Gonçalo Andrade, durante a sua intervenção, foi a questão da gestão dos recursos hídricos. “É essencial que haja um enfoque grande na expansão da área de regadio e na gestão dos recursos hídricos. Isso será fundamental para aumentar a área dedicada aos cereais em Portugal e, consequentemente, garantir melhores rendimentos aos agricultores que têm enfrentado dificuldades nos últimos anos”, remata.
Presidente da Câmara Municipal de Coruche, Francisco Silvestre de Oliveira
Já o presidente da Câmara Municipal de Coruche, Francisco Silvestre de Oliveira, aponta a importância da cultura do milho na agricultura da região, destacando o seu potencial económico no concelho e Ribatejo. “Estamos aqui para reconhecer a relevância que o milho tem na nossa agricultura. É um setor que fundamenta grande parte da atividade económica nesta região”, afirma Francisco Silvestre de Oliveira, sublinhando a evolução do projeto InovMilho, que congrega universidades, investigadores e agricultores, para promover a transferência de conhecimento prático, crucial para o desenvolvimento da produção de milho.
Diz Francisco Silvestre de Oliveira, que Coruche é o quarto maior produtor de milho em Portugal, uma posição que não só traz riqueza e rentabilidade aos agricultores, mas também contribui para a economia local.
“Recebemos com satisfação iniciativas como esta, que são parcerias entre a Câmara Municipal, o INIAV e a ANPROMIS, criando condições para que agricultores e investigadores possam partilhar conhecimentos e experiências (…). É fundamental que os estudantes possam realizar estágios e permanências aqui, numa parceria que deveria ser replicada a outras áreas”, sugere.
Além disso, o presidente da Câmara Municipal de Coruche, salienta ainda a importância das indústrias transformadoras que operam no concelho, que utilizam o milho para a produção de cervejas e alimentos.
Num momento de reflexão sobre o futuro, o presidente reforça a necessidade de consolidar as relações entre as entidades públicas e privadas, assim como a importância de trazer novas áreas de investigação para o debate. “É essencial que possamos solidificar a Estação Experimental António Teixeira e o projeto InovMilho, um projeto visionário que absorva o presente, mas com uma visão de futuro muito importante para esta região”, conclui.
Emília Cerqueira, presidente da Comissão de Agricultura e Pescas, na sua intervenção começa por salientar a urgência de políticas que incentivem a entrada dos jovens no setor agrícola. “A nossa população agrícola está a envelhecer, com uma média de idade em torno dos 65 anos. Precisamos de reverter esta situação e tornar a agricultura mais atrativa para os jovens”, afirma. Outro ponto essencial abordado pela presidente da Comissão de Agricultura e Pescas foi a gestão eficiente da água. Emília Cerqueira, salienta as iniciativas do Governo, como o programa “Água que Une”, que visa aumentar a eficiência no uso da água através do regadio, do aprovisionamento da água e charcas.
Emília Cerqueira, presidente da Comissão de Agricultura e Pescas
A presidente da Comissão também mencionou o papel da ciência e da experimentação no fortalecimento da agricultura. “Precisamos de uma agricultura mais forte, mais resiliente e mais produtiva, apoiada nas últimas investigações, como a genómica. Não estamos a falar de OGM’s, mas de inovações que possam aumentar a produção e a resistência das culturas”, considera, frisando ao mesmo tempo a importância do milho, “não apenas como um cereal fundamental para a alimentação humana e animal, mas também como um símbolo da relevância crescente do mundo rural pelo que deverá ser-lhe dada maior importância, nomeadamente pelos decisores políticos”.
Criado a 28 de setembro de 2016, o InovMilho continua a ser um espaço privilegiado de partilha de conhecimento entre os agentes da fileira do milho, promovendo sinergias entre ciência, produção e indústria.
→ Mais desenvolvimento na próxima edição de outubro da Revista Voz do Campo.
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