Trancoso é o quinto concelho com maior produção de castanha, sendo a atividade com maior peso na economia local. Segundo o INE, Portugal registou em 2023, uma produção de cerca de 24 mil toneladas. O município de Trancoso é responsável por cerca de 5% da produção nacional, sendo uma atividade que gera aproximadamente 3 milhões de euros anuais, considerando uma produção média no concelho de 820 Kg/ha (Martins, 2019).
A área de produção tem evoluído de forma bastante positiva muito resultante das excelentes condições edafoclimáticas, conjugadas com um aumento da valorização deste fruto quer nos mercados nacionais, quer nos internacionais e também graças aos quadros comunitários que têm promovido e incentivado ao aumento de áreas. Aqui deve-se salientar, igualmente, o papel que o protocolo TranCast tem tido na dinamização do setor neste concelho.
O concelho integra uma das quatro denominações de origem protegida, mais especificamente a DOP “Castanha Soutos da Lapa” (Figuras 1 e 2) representando 26,5 % da área de souto desta DOP. Entende-se por “Castanha Soutos da Lapa” o fruto obtido do castanheiro, das castanhas das cultivares Martaínha e Longal.
A variedade Martaínha representa mais de 95% a produção de castanha da DOP, sendo uma variedade mais precoce que a Judia e a Longal, possuindo forma achatada, que lhe permite ter a classificação de marron, com calibre médio a grande (50-60 castanhas/kg), apresentando grande aptidão para o consumo em fresco.
É muito procurada pelas empresas ligadas aos assadores de rua, e para exportação quer para consumo em fresco quer para a confeção de marron glacé.
O protocolo TranCast surgiu na sequência de uma parceria que a Câmara Municipal de Trancoso estabeleceu com a UTAD que vigora desde 2014, tendo tido uma segunda fase em 2019. O TranCastNut, tem como principal objetivo contribuir para o desenvolvimento da fileira do castanheiro e da castanha no concelho de Trancoso.
Este protocolo está a permitir o acompanhamento dos produtores da região com intervenções na recomendação de fertilização dos soutos, levantamento das áreas de castanheiros, formação regular através dos dias abertos de forma a tornar o setor mais profissional e produtivo. A projeção, execução e a manutenção de um banco de germoplasma (Figura 3) tornou-se uma prioridade. Foi instalado em 2020 numa parcela com cerca de um hectare com o objetivo de conservar e posteriormente disponibilizar os melhores genótipos da variedade Martaínha, garantindo a qualidade e sanidade do material vegetal, por outro lado permite a realização de trabalhos experimentais, na medida em que decorre um ensaio em que se está a estudar a influência dos porta-enxertos Ca90, Marsol e ColUTAD (provenientes de amontoa e micropropagação in vitro). Num segundo eixo estão a ser realizados workshops sobre gastronomia com castanha, uma atividade realizada em parceria com a Escola Superior de Hotelaria de Seia, Instituto Politécnico da Guarda (…).
→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo – edição de outubro 2024, disponível no formato digital e impresso.
Autoria: Fernando Sousa, Eng. Agrónomo e Bolseiro no protocolo TrancastNut
Pedro Fidalgo, Gabinete de apoio à Agricultura da Câmara Municipal de Trancoso
José Gomes Laranjo, Coordenador do Protocolo TrancastNut