A força e a grandiosidade de uma empresa de reboques e equipamentos agrícolas

A Herculano, líder nacional na produção de reboques e equipamentos agrícolas organizou o primeiro Agritec Day Herculano, realizado no passado dia 24 de outubro no Europarque, em Santa Maria da Feira, sendo um verdadeiro sucesso e um momento memorável para todos os presentes que puderam vivenciar de perto a força e a grandiosidade da empresa, o seu espírito de união com os parceiros e o compromisso com a inovação, o serviço de excelência e a digitalização.

Fernando Jorge Teixeira, administrador da Herculano, deu as boas-vindas com uma mensagem de gratidão e entusiasmo, acolhendo parceiros, clientes e amigos, onde destacou a confiança como a chave para o sucesso da empresa. “O sucesso da Herculano não se constrói apenas com inovação e trabalho árduo, ele é, acima de tudo, o reflexo da confiança que cada cliente deposita nos nossos produtos e serviços. Esta confiança inspira-nos para inovar continuamente e desenvolver soluções que impulsionam o setor agrícola, tornando-o mais eficiente e sustentável”, destacou o administrador.

O encontro foi delineado para aproximar a Herculano dos seus parceiros e clientes, reforçando a parceria e o compromisso com a agricultura de alta performance. “Cada máquina, cada tecnologia que desenvolvemos tem um propósito: facilitar o trabalho no campo e garantir que os nossos clientes possam contar com um parceiro confiável, sempre ao seu lado em cada etapa”, afirmou Fernando Teixeira, ao mesmo tempo que reforçou a esperança de que este seja o primeiro de muitos eventos a fortalecer a relação da empresa com cada um dos seus parceiros, para juntos melhor enfrentarem os desafios do futuro.

Além de apresentar as mais recentes inovações e equipamentos agrícolas, o Agritec Day Herculano ofereceu a oportunidade de ouvir e compreender de perto as necessidades e desafios do setor.

O evento reforçou o compromisso da Herculano com a agricultura moderna e sustentável, e com a parceria duradoura com os seus clientes. “Hoje, no futuro, CONSIGO SEMPRE NO TERRENO”, concluiu o administrador.

INESC TEC e Herculano juntos na automatização e robotização da agricultura

A primeira apresentação do Agritec Day Herculano foi conduzida por Filipe Neves dos Santos, representante do INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, abordando o tema “Automatização e Robotização na Agricultura” e que trouxe ao debate as novas abordagens para a automatização e robotização no campo, dando ênfase à parceria tecnológica com a Herculano. O especialista apresentou os desafios e as motivações por trás da crescente procura por tecnologias avançadas e autónomas no setor agrícola, defendendo que a aplicação de robótica e automação é fundamental para o avanço sustentável da agricultura.

Entre as necessidades mais urgentes, Filipe Neves dos Santos destacou a escassez de recursos humanos na agricultura e a pressão crescente por eficiência e sustentabilidade no uso de recursos naturais. Com menos trabalhadores no setor, mas uma procura crescente por alimentos, as máquinas e os robôs emergem como alternativas viáveis para executar tarefas repetitivas, desgastantes e essenciais, mantendo a produtividade em alta. Nesse sentido, o INESC TEC, em colaboração com a Herculano, desenvolve soluções de maquinaria inteligente. Um exemplo notável é a criação da plataforma robótica polivalente “Modular-E”, projetada para culturas permanentes. Este equipamento é capaz de monitorar, fertilizar e cortar vegetação de maneira precisa e autónoma em terrenos irregulares. Durante o verão, quando o risco de incêndios é elevado, o “Modular-E” opera com segurança, pois foi desenvolvido para evitar a emissão de fagulhas, minimizando os riscos associados a essas condições.

Um robô modular e económico para culturas lenhosas permanentes com capacidades de navegação avançadas, fiável na ausência de GNSS.

Monitorização: recolha de dados visuais (nos espectros visíveis e “near-infrared”) e de nuvem de pontos 3D para alimentar os sistemas de apoio à decisão

Fertilização: aplicador de fertilizante utilizando tecnologia de taxa variável e sensores de NPK, para solo e folhas

Corte: uma ferramenta elétrica ultra eficiente para o controlo do crescimento da vegetação nas culturas em linha e entre linhas

Vindima: Vindima automática em contexto de vinha em socalcos em 2025

Esta plataforma recebeu o segundo prémio de melhor robô na FIRA, um dos maiores eventos de robótica e inovação agrícola do mundo. Para 2025, a equipa já está a trabalhar para aprimorar o robô para tarefas de poda e monda, vindima, além de integrar sensores de fenotipagem e uma versão florestal.

Esta colaboração entre o INESC TEC e a Herculano revela um passo decisivo na transformação digital da agricultura, contribuindo para que o setor se adapte aos novos desafios climáticos e às exigências do mercado, enquanto eleva a rentabilidade e sustentabilidade do produtor.

Durante o Agritec Day Herculano, Filipe Neves dos Santos, do INESC TEC, falou também de como a tecnologia e a robótica podem transformar a agricultura, com foco em práticas mais sustentáveis e de alto valor agregado. Um dos exemplos mencionados foi o uso de selénio em alimentos – uma prática já comprovada e aplicada na Noruega – que adiciona propriedades funcionais aos produtos, tornando-os nutricionalmente mais ricos. “Precisamos de máquinas e robôs que permitam essa precisão, ajustando tratamentos de acordo com as necessidades específicas de cada cultura, devemos procurar produtos que sejam mais aceitáveis pela sociedade”, explicou o especialista. Essa abordagem de precisão não só aumenta a qualidade do alimento como atende à crescente procura por produtos “premium” e mais saudáveis.

De destacar o uso de tratores autónomos que nos EUA já dominam o setor das máquinas agrícolas

De entre os avanços mais notáveis, destacou ainda o uso de tratores autónomos sem cabine, capazes de operar de forma independente, além de novas soluções em menor escala, promovidas por empresas de menor dimensão. Diferente dos grandes produtores de máquinas agrícolas, essas empresas menores apostam em robôs customizados para aplicações específicas, promovendo uma agricultura diversificada e de baixo impacto ambiental.

De acordo com Filipe Neves dos Santos, “nos Estados Unidos, os tratores autónomos já dominam o setor de máquinas agrícolas, representando uma parcela significativa das operações automatizadas. Cerca de 80% das operações de plantação e sementeira dos EU são realizadas de forma autónoma, ilustrando a forte adoção de tecnologias de navegação autónoma em culturas aráveis, o que destaca a capacidade dessas máquinas em otimizar o manuseio de grandes áreas agrícolas com precisão e eficiência”.

O papel do chorume na substituição dos adubos de síntese

David Fangueiro iniciou a sua intervenção realçando a mudança de perceção sobre o chorume nos últimos anos: “Há 20 anos, o chorume era visto como um problema, sem valor algum. Hoje, já temos uma visão muito mais positiva, considerando-o como uma fonte de nutrientes e carbono”. Destacando ainda o papel do chorume na substituição dos adubos de síntese, afirmando que, embora não possa ser um substituto completo, é “um excelente complemento, especialmente para uma agricultura mais sustentável”.

O representante do ISA, destacou ainda práticas avançadas no tratamento do chorume, observadas em países como a Dinamarca e a Espanha, onde a técnica de acidificação do chorume tem transformado a produção agrícola. “Na Dinamarca, cerca de 20% do chorume já passa por acidificação, uma prática que reduz emissões de amoníaco e minimiza o impacto ambiental”, explicou. Segundo ele, embora pouco comum em Portugal, essa abordagem está a ganhar força na Espanha, onde já é aplicada parcialmente. David Fangueiro vê a acidificação como uma “solução promissora para o futuro da agricultura sustentável”, com potencial de implementação em larga escala para melhorar a eficiência no uso de nutrientes e reduzir efeitos ambientais adversos.

Transformar chorume e resíduos agropecuários em produtos comercializáveis e em tecnologias

Patrick António Lopes, da Phos Tech, apresentou soluções inovadoras para transformar chorume e resíduos agropecuários em produtos comercializáveis e em tecnologias para tratamento de águas residuais contaminadas. Inspirado pelo desastre ambiental de “Mariana” no Brasil, ele compartilhou a sua motivação: “A ideia surgiu quando ouvi sobre o desastre de Mariana e o impacto ambiental devastador. Desde então, quis desenvolver uma tecnologia para restaurar o meio ambiente”.

Patrick destacou a importância do fósforo nos fertilizantes, apontando para uma possível crise futura: “Há indícios de que os adubos fosfatados podem enfrentar escassez nos próximos 10 anos, já que as reservas globais são limitadas e concentradas em poucos países”. A proposta da Phos Tech é, assim, usar o chorume como uma fonte alternativa, criando estruvite, um fertilizante de liberação lenta e resistente à lixiviação, ideal para a agricultura sustentável.

Explicando o processo, afirmou: “o chorume já contém fósforo, o que fazemos é concentrá-lo e adicionar magnésio para precipitar a estruvite, um sal que permanece no solo e disponibiliza nutrientes conforme a exigência das plantas”. Patrick demonstrou a estruvite, ressaltando a sua eficiência: “a estruvite, por ser insolúvel, não se perde em períodos chuvosos e pode persistir no solo por longos períodos”. Por fim destacou a sua acessibilidade e interesse mais económico, com um custo estimado de 250 euros por tonelada, comparado aos 500 a 700 euros dos fertilizantes convencionais.

Projeto da Gás da Terra visa aproveitar resíduos agrícolas

Mário Rosa, CEO da Gás da Terra, apresentou o projeto como uma iniciativa nascida no Alentejo por dois agricultores, com o objetivo de aproveitar resíduos agrícolas, como o bagaço de azeitona, para a produção de biogás e biometano. “A Gás da Terra está na linha da frente em termos de descarbonização e na produção de biometano,” afirmou Mário Rosa, destacando que a empresa já está a licenciar dois projetos em Abrigada e no Alentejo, com várias outras iniciativas em desenvolvimento (…).

→ Leia a reportagem completa na Revista Voz do Campo edição de novembro 2024, disponível no formato digital e impresso.

Assista em vídeo a alguns momentos do encontro ↓

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