A União Europeia (EU) tem vindo a esforçar-se para minimizar as consequências das guerras que estamos a viver, aumentando as suas importações de produtos agrícolas de outras regiões, por enquanto mais estáveis. Embora isso tenha atenuado alguma da escassez, a dependência de fornecedores alternativos também tem as suas desvantagens, pois pode resultar em preços mais altos e desafios logísticos, além de aumentar a pegada ambiental do comércio internacional.
A guerra na Ucrânia e os conflitos no Médio Oriente revelam uma vulnerabilidade global no sistema de comércio agrícola, mostrando como as dinâmicas de produção e abastecimento de alimentos estão profundamente interligadas, mesmo que as crises ocorram em locais distantes. A UE, que se posiciona como líder na luta contra a insegurança alimentar e na promoção de políticas agrícolas sustentáveis, enfrenta o desafio de lidar com essas crises enquanto procura manter as suas políticas de resiliência e segurança alimentar.
É certo e sabido que em cenário de guerra, a segurança alimentar torna-se uma das maiores prioridades. Escusado será dizer também que o comércio de produtos agrícolas na UE sempre assumiu um lugar privilegiado na economia global, por tratar-se de uma região do globo de grande produção agrícola e ao mesmo tempo um importante mercado de consumo.
A guerra na Ucrânia interrompeu as rotas de transporte, danificou infraestruturas e destruiu áreas agrícolas chave, um cenário que gera uma inevitável redução no fornecimento de produtos agrícolas essenciais. Já no caso do Médio Oriente, o impacto sobre o comércio agrícola da UE pode ser menos direto, mas igualmente significativo.
Estes conflitos aceleram com certeza a necessidade de uma maior autossuficiência agrícola na União Europeia, além de exigir novos investimentos em tecnologias agrícolas, como a agricultura de precisão e alternativas de culturas mais resilientes a choques externos.
Cabe agora à Europa, onde efetivamente estamos inseridos, mitigar toda esta situação e adaptar as suas estratégias agrícolas e comerciais de modo a garantir a segurança alimentar e a estabilidade económica num cenário global cada vez mais carregado de incerteza.
REVISTA VOZ DO CAMPO • EDITORIAL DA EDIÇÃO DE DEZEMBRO 2024
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