A clara definição dos diferentes tipos de mel e das suas características específicas e diferenciadoras é fundamental, constituindo uma premente necessidade na salvaguarda dos interesses de toda a fileira apícola nacional.

Os diferentes méis nacionais, especificamente os monoflorais, não estão tipificados sensorialmente, o que leva à sua desvalorização no que respeita a critérios de qualidade e de identidade, e conduz, em simultâneo, à inexistência de diferentes tipologias de méis sensorialmente definidas, traduzindo-se em problemas indesejáveis no produto e na sua rotulagem. Outro constrangimento passa pela necessidade da avaliação sensorial como cumprimento dos critérios de certificação no caso dos méis com Denominações de Origem Protegida (DOP).A clara definição dos diferentes tipos de mel e das suas características específicas e diferenciadoras é fundamental, constituindo uma premente necessidade na salvaguarda dos interesses de toda a fileira apícola nacional.

Se do ponto de vista nutricional é simples caracterizar os diferentes méis, uma vez que partilham características físico-químicas identitárias e reveladoras da sua qualidade, do ponto de vista sensorial e funcional são muitas as diferenças que os separam, pelo que urge definir e diferenciar esses méis, permitindo assim alcançar a sua valorização no mercado.

A análise sensorial é uma ferramenta analítica eficaz e fundamental para a identificação da origem do mel (deteção de fraudes), para a deteção de defeitos como fermentação, presença de odores e sabores estranhos ou impurezas, bem como a atestar se as suas características organoléticas cumprem com os pressupostos definidos nos cadernos de especificações das DOP.

De modo a solucionar estas necessidades do setor apícola e contribuir para a caracterização do mel na vertente sensorial, foi criado um painel de provadores de mel através de uma colaboração entre o CATAA – Centro de Apoio Tecnológico Agroalimentar e a FNAP – Federação Nacional dos Apicultores de Portugal, através de financiamento obtido pelo projeto GOV_CCAB.

O trabalho inicial deste painel consistiu na definição de descritores que permitissem construir os perfis sensoriais dos méis com DOP da região da Terra Quente e das quatro sub-regiões do mel do Ribatejo Norte (Alto Nabão, Albufeira de Castelo de Bode, Serra de Aire e Bairro). Com base nesses descritores foi então definido o perfil sensorial para cada um deles, no que respeita aos atributos cor, aroma e sabor, permitindo que através da análise sensorial este painel avalie e determine se um mel é, ou não, característico destas DOP.

O Laboratório de Análise Sensorial do CATAA encontra-se em processo de acreditação pelo IPAC, nos parâmetros cor, aroma e sabor, segundo a norma ISO/IEC 17025.  O painel conta com a participação de 10 elementos a nível nacional, a maioria com atividade profissional relacionada com o setor do mel, o que lhe lhes confere uma vasta experiência e conhecimento do produto.

Atualmente encontra-se a decorrer o projeto Dinamiza_CCAB, que tem como objetivo dinamizar o painel de provadores de mel e fazer com que este seja reconhecido a nível nacional como uma ferramenta de valorização de méis DOP.

No âmbito deste projeto, em 2024, decorreram ainda outras atividades:

Nomeadamente, no dia 20 de maio, o CCAB, CATAA e Meltagus, com o apoio do Município de Castelo Branco e da FNAP, organizaram um evento para crianças na Quinta do Chinco em Castelo Branco, para celebração do Dia Mundial da Abelha. Neste evento, as crianças tiveram a oportunidade de aprender acerca do papel crucial das abelhas como polinizadores e a importância da apicultura na manutenção da biodiversidade, e os seus lanches incluíram produtos da colmeia, como mel e pólen, confecionados pela Geocakes. O evento teve também a participação do Senhor Secretário de Estado da Agricultura, João Moura, e a acompanhá-lo estiveram presentes o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, e o Senhor Presidente da FNAP, Manuel Gonçalves.

Nos dias 11 e 12 de junho, na FNA24 – Feira Nacional da Agricultura 2024, o CCAB organizou uma atividade de showcooking no espaço “Cozinha ao vivo”, dinamizado pelo Chefe Marco Costa, do Restaurante DesTapas, e pela nutricionista Francisca Duarte, e um Webinar intitulado “Conversas sobre Projetos Inovadores em Polinização e Apicultura”, com os oradores: Rafael Carvalho, do Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional – Centro de Competências (COTHN-CC), que apresentou o projeto Go PoliMax, Paulo Russo Almeida, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que apresentou o projeto BeeSustain e Anabela Nave, do INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P., que apresentou o projeto Transform.

No dia 30 de novembro realizou-se um Workshop em Sanidade Apícola organizado pelo CATAA, no Edifício do CEI – Centro de Empresas Inovadoras da Castelo Branco, que contou com os oradores: Maria José Valério, responsável pela Patologia Apícola no Laboratório Nacional de Referência em Saúde Animal no INIAV, IP, que apresentou “A importância do envio do material apícola ao laboratório, para identificação das principais doenças do efetivo apícola”, Nuno Capela, do Centro de Ecologia Funcional da Universidade Coimbra, com o tema “Efeito dos pesticidas em abelhas melíferas” e Dora Henriques, CIMO, LA SusTEC, Instituto Politécnico de Bragança, que apresentou o seu trabalho “Distribuição das mutações associadas à resistência a piretróides e amitraz em Portugal: Implicações para a apicultura”.

[1] Financiado pelo PDR2020, pelo Portugal 2020 e pela União Europeia através do FEDER.

O presente artigo foi executado no âmbito do projeto Dinamiza_CCAB, financiado pelo PDR2020, pelo Portugal 2020 e pela União Europeia através do FEDER.

Autoria: Cátia Baptista e Ana Eugénio, CATAA – Centro de Apoio Tecnológico Agroalimentar.