Numa altura em que a população mundial não para de crescer, onde a disponibilidade de solos é menor e onde há uma necessidade urgente de produzir alimentos de forma cada vez mais eficiente e consciente, a CropLife Portugal procura ser a voz do setor sobre soluções de proteção das culturas, disponibilizando aos agricultores maior conhecimento sobre as mesmas. João Cardoso, diretor executivo da CropLife Portugal, partilha em entrevista, os desafios do setor.
Entrevista a João Cardoso – Diretor Executivo da CropLife Portugal
O que é hoje a CropLife Portugal, passado um ano, na mudança do alargamento da sua missão e área de trabalho?
Ainda que a mudança se tenha dado apenas em março deste ano, já sentimos, sem dúvida, que somos uma Associação cada vez mais sólida, mais forte e mais preparada para os desafios do futuro. A mudança para CropLife Portugal esteve assente, sobretudo, na vontade de sermos a voz do setor sobre soluções de proteção das culturas, no contexto da evolução científica e tecnológica da agricultura e, de facto, sentimos que esse objetivo tem vindo a cumprir-se. Ao estabelecer novas pontes, ao acolher novos parceiros, envolvendo-nos em cada vez mais iniciativas e dinâmicas que contribuem para o conhecimento e afirmação do setor, sentimos que passo a passo, comunicamos cada vez mais como um só, contribuindo para a defesa de um sistema agrícola cada vez mais sustentável e eficiente.
Quais as grandes mudanças que se verificaram na forma de encarar a proteção das plantas ao longo da criação da Associação?
Numa altura em que a população mundial não pára de crescer, onde a disponibilidade de solos é menor e onde há uma necessidade urgente de produzir alimentos de forma cada vez mais eficiente e consciente, sabemos que é urgente estarmos munidos de cada vez mais ferramentas e estratégias que permitam ao setor fazer face a todos estes constrangimentos.
E, por isso, a necessidade de proteger, defender e preparar os agricultores para a proteção das suas culturas, foi o motor da nossa mudança, enquanto Associação que se prepara e projeta o futuro. Alargando o nosso espetro de trabalho e atuação a áreas do controlo biológico, da biotecnologia, de ferramentas digitais e agricultura de precisão, englobando assim uma gama mais ampla de soluções sustentáveis para a proteção das culturas e disponibilizando aos agricultores maior conhecimento sobre as mesmas, garantimos que estamos a fazer, em conjunto com o setor, o caminho necessário para o futuro.
As próprias empresas associadas da CropLife Portugal também mudaram ao longo deste período?
Este é um caminho que temos feito em conjunto. Os nossos associados representam uma das faces mais inovadoras do setor agrícola. O investimento em novas soluções é muito significativo e as novas áreas da ciência da proteção de plantas estão em evolução nos seus portefólios. Por exemplo, assistimos a uma cada vez maior oferta de produtos biopesticidas, de soluções que assentam na biotecnologia, em novos e modernizados produtos fitofarmacêuticos, e ainda numa grande variedade de soluções digitais, como as ferramentas de apoio à decisão ou soluções digitais de monitorização de pragas, doença e infestantes.
Quais são as grandes prioridades da CropLife Portugal para que se consiga atingir o Pacto Ecológico Europeu?
Algumas das grandes prioridades da Indústria para que o pacto ecológico europeu seja correspondido são, desde logo, fomentar um quadro regulamentar que permita a introdução de novas e avançadas tecnologias no mercado. É muito importante que se crie uma dinâmica de reposição do potencial de proteção das plantas que se tem perdido com a retirada de substâncias ativas do mercado, que colocam os agricultores em grandes dificuldades na hora de escolherem a sua estratégia fitossanitária. Este enquadramento deve ser olhado com especial atenção para a aprovação de novas soluções de base química; para uma legislação própria que permita uma maior flexibilidade no desenvolvimento de biopesticidas; na aprovação do quadro das Novas Técnicas Genómicas; num reconhecimento das técnicas de agricultura digital e de precisão na utilização segura e sustentável dos produtos fitofarmacêuticos (…).