Quem também marcou presença no Congresso Nacional de Zootecnia foi Jaime Piçarra, secretário-geral da IACA – Associação dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais.

Em conversa com a Voz do Campo, o secretário-geral da IACA, realça o diálogo estratégico em curso sobre a PAC, salientando que, “apesar de estarmos apenas a meio do ciclo de implementação da PAC pós-2020, já se está a começar a pensar na próxima revisão para o período após 2027”. Para além disso, “estamos num contexto que não se pode ignorar duas coisas: O papel da agricultura e alimentação”. Neste sentido, o secretário-geral menciona que recentemente, houve uma mudança significativa na Comissão Europeia, onde o cargo de Comissário de Agricultura foi rebatizado para Comissário de Agricultura e Alimentação. “Estamos a mudar para uma dimensão mais agroalimentar, o que não é bom nem mau, mas exige respostas adequadas,” afirma.

O secretário-geral da IACA sublinhou que o cenário global está a mudar rapidamente, particularmente com o regresso de Trump ao palco político, algo que apelidou de “efeito Trump 2.0”.

Segundo Jaime Piçarra, o protecionismo é uma ameaça significativa para a União Europeia, especialmente para países como Portugal, que dependem de importações para a alimentação animal e humana. “Com um possível aumento das tarifas dos EUA, precisamos de estar preparados, pois somos altamente dependentes da China, por exemplo, em aminoácidos e aditivos (…). Temos uma questão regulatória na União Europeia que nos tira competitividade e gera custos e depois, por outro lado, temos as questões de matérias essenciais como a soja, como os cereais (…)”, explica.

Além disso, destaca a necessidade da Europa se afirmar como um bloco coeso, especialmente num momento em que há crescentes tensões com a China e os Estados Unidos. “Se não mudarmos de rumo, arriscamo-nos a ver um aumento dos preços dos alimentos e tensões globais que poderão marginalizar a Europa, apesar de ainda ser um mercado apetecível”, alerta.

Jaime Piçarra, à nossa reportagem, partilhou também a sua experiência em grupos ligados à segurança alimentar sob a alçada da NATO, sublinhando que a alimentação e logística são agora consideradas parte integrante das estratégias de defesa. “Portugal é um país dependente, especialmente na região do Mediterrâneo, onde participa em discussões sobre a resiliência alimentar”, diz, enfatizando que a NATO precisa incluir a segurança alimentar como uma prioridade estratégica.

Desafios e oportunidades da pecuária

“Estamos aqui no Congresso de Zootecnia para apoiar as raças autóctones e valorizar o que é nosso”, afirma Jaime Piçarra, destacando a importância de uma segurança alimentar sólida e equilibrada (…).

→ Leia este e outros artigos completos na reportagem especial do ZOOTEC’24: XXIV Congresso Nacional de Zootecnia na Revista Voz do Campo – edição de dezembro 2024, disponível no formato impresso e digital.

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Reportagem em direto: ZOOTEC’24 (XXIV Congresso Nacional de Zootecnia)