No âmbito do Projeto: “Enhancing Case Studies in Application-Driven Reference Genome Projects for species in Europe to support the mission of Biodiversity Genomics Europe (BGE) consortium (biodiversitygenomics.eu)”, o ERGA-Portugal participou no projeto piloto do ERGA com o objetivo de fortalecer a comunidade nacional e iniciar a criação de genomas de referência para espécies portuguesas. A Camarinha – Corema album (L.) D.Don foi uma das espécies selecionadas para este projeto piloto.

A biodiversidade da Terra encontra-se sob uma pressão sem precedentes devido à intensificação das atividades humanas, resultando em graves consequências como a destruição de habitats, a sobre-exploração de recursos, as alterações climáticas, a poluição e a introdução de espécies exóticas que se tornam invasoras. Todos estes fatores conduzem os ecossistemas para pontos de retorno quase irreversíveis.

A Estratégia Nacional para a Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ENCNB 2030) destaca a importância de um inventário sistemático e da caracterização da biodiversidade em todas as suas vertentes – ecossistemas, espécies e diversidade genética – como base essencial para definir estratégias de conservação eficazes. Nesse âmbito, a genómica oferece uma capacidade ímpar para compreender a biodiversidade, tanto a nível inter como intraespecífico.

A utilização de genomas de referência de alta qualidade possibilita a identificação precisa da diversidade genética, da estrutura das populações e do seu potencial adaptativo, aspetos essenciais para prever as respostas das espécies às alterações ambientais, reforçar os programas de melhoramento genético e garantir a preservação da saúde genética das populações.

O ERGA – “European Reference Genome Atlas” (www.erga-biodiversity.eu) é uma iniciativa inovadora que, no âmbito do Projeto “Biogenoma da Terra” (EBP), visa criar um recurso genómico abrangente para as espécies europeias. Ao sequenciar os genomas das espécies eucarióticas na Europa, o ERGA proporciona uma ferramenta fundamental para o estudo e a conservação da biodiversidade, a compreensão dos processos evolutivos sustentando a abordagem de vários desafios ambientais prementes.

O ERGA-Portugal participou no projeto piloto do ERGA com o objetivo de fortalecer a comunidade nacional e iniciar a criação de genomas de referência para espécies portuguesas (https://doi.org/10.1038/ s44185-024-00061-7). A Camarinha – Corema album (L.) D.Don foi uma das espécies selecionadas para este projeto piloto. Esta espécie é um arbusto lenhoso perene, que pode atingir entre 30 cm e 1,5 tros de altura, dióico e endémico da costa atlântica da Península Ibérica (ssp. album).

Pertencente à família das Ericáceas, a camarinha destaca-se pelas suas pequenas bagas brancas, que deram origem ao nome específico “album”, derivado do latim para “branco”. As suas folhas são pequenas, lineares e resistentes, adaptadas a condições de exposição extrema, como a radiação solar intensa e ventos fortes. Embora seja uma planta relativamente desconhecida para muitos, desempenha um papel importante nos ecossistemas costeiros e está a tornar-se cada vez mais relevante nos esforços de conservação da flora nativa de Portugal. Na Península Ibérica, habita em áreas costeiras que se estendem da Galiza até Gibraltar, sendo fundamental para os habitats de dunas de areia, que são altamente valiosos do ponto de vista da conservação (Diretiva 92/43/CEE do Conselho, de 21 de maio de 1992, relativa à Conservação dos Habitats Naturais e da Fauna e Flora Selvagens, 1992). A camarinha desempenha um papel ecológico relevante nos sistemas dunares. As suas raízes ajudam a estabilizar o solo arenoso, prevenindo a erosão e mantendo a estrutura das dunas. Contudo, estes sistemas dunares estão a enfrentar perturbações crescentes, devido a várias atividades económicas e de lazer associadas ao aumento da população costeira. Em consequência da perda de habitat, a camarinha foi classificada como “Vulnerável” na Lista Vermelha da Andaluzia, Espanha (…).

→ Leia este e outros artigos completos na Revista Voz do Campo  edição de dezembro 2024, disponível no formato impresso e digital.

A equipa deste projeto é constituída pelos investigadores do CE3C:
Carla Alegria, João Jacinto, Bruno Nevado, Helena Trindade, Vítor Sousa e Manuela Sim-Sim


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