O Dia Mundial do Solo é celebrado anualmente a 5 de dezembro, como forma de chamar a atenção para a importância de um solo saudável, e de defender a gestão sustentável do recurso solo, enquanto recurso natural e recurso usado pela atividade humana. Várias foram as instituições que assinalaram a data, como foi o caso da Escola Superior Agrária de Castelo Branco (ESACB) ao promover uma sessão comemorativa com a presença de uma assistência numerosa de alunos, técnicos e professores.
O tema deste ano foi “Cuidar dos Solos: Avaliar, Monitorizar, Gerir”, que sublinha a importância da disponibilidade de dados fiáveis sobre as propriedades do solo, para compreender as suas características e as interações entre elas, e apoiar a tomada de decisões informadas com vista ao seu uso sustentável. Os solos usados na atividade agrícola são a base de 95 % dos alimentos que consumimos, acolhem mais de 25 % da biodiversidade do mundo, e são o maior reservatório terrestre de carbono do planeta. No entanto, o solo é um recurso limitado, e mais de 60 % dos solos da União Europeia não se encontram em bom estado, devido a processos degradativos tais como a salinização, compactação, erosão hídrica, contaminação, e empobrecimento em matéria orgânica. A orientação geral definida na Diretiva Monitorização do Solo, pelo Conselho Europeu em junho de 2024, visa tornar obrigatória a monitorização da saúde do solo pelos Estados membros, apontando para o desafio de solos saudáveis até 2050. A proposta desta diretiva contribui igualmente para a consecução da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
A ESACB do Instituto Politécnico de Castelo Branco promoveu, no dia 5 de dezembro, uma sessão comemorativa do Dia Mundial do Solo, que contou com a presença de uma assistência numerosa de alunos, técnicos e professores. O programa constou de um breve enquadramento da importância do recurso solo na atividade agrícola e nos ecossistemas naturais, pelo professor António Canatário Duarte.
A importância da avaliação, monitorização, e gestão do solo, foi exemplificada com trabalhos de investigação e de prestação de serviços à comunidade, como parte das atividades da ESACB.
O Mestre, e aluno de Doutoramento, Abel Veloso, fez uma abordagem sobre a implicação da presença de microplásticos no solo e nos ecossistemas naturais. A Mestre Cláudia Vitória, Técnica do Laboratório de Solos da ESACB, exemplificou a importância do conhecimento da disponibilidade de nutrientes no solo, e a sua contabilização no cálculo racional das fertilizações, com implicação nos custos desta prática cultural e na qualidade dos ecossistemas confinantes.
A produção em larga escala de materiais plásticos começou em meados do século XX. Desde essa altura tem aumentado rapidamente, sendo previsível que essa tendência se mantenha nas próximas décadas. Uma vez dispersos no ambiente, os materiais plásticos tendem a fragmentar-se em partículas cada vez mais pequenas designadas por microplásticos. Estas partículas são, em geral, bastante persistentes no solo podendo, por isso, acumular-se nessa matriz. Existem diversas fontes possíveis de microplásticos para o solo como, por exemplo, a água de rega, a deposição atmosférica, adubos de libertação controlada e corretivos orgânicos como estrumes e lamas de ETAR. A importância relativa de cada uma destas fontes é, contudo, muito variável e dependente de fatores locais. Uma vez no solo, os microplásticos podem ser arrastados pelo vento ou pela água ou podem migrar para camadas mais profundas através de fendas já existentes no solo ou mesmo através da atividade de diversos animais.
Os microplásticos podem interagir, em geral negativamente, com organismos essenciais para o funcionamento dos ecossistemas. É de notar que esses potenciais efeitos negativos estão, em muitos casos, relacionados com a adsorção e posterior libertação de aditivos utilizados no seu fabrico ou de outros contaminantes químicos ou biológicos. Além disso, as partículas mais pequenas podem também ser absorvidas pelas culturas agrícolas entrando, dessa forma, na cadeia alimentar (…).