José F. C. Barros
Departamento de Fitotecnia, Escola de Ciências e Tecnologia, Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), Instituto de Investigação e Formação Avançada IIFA, Universidade de Évora, Núcleo da Mitra. 7002-554, Évora, Portugal.


Resumo

No ano agrícola de 2023/2024, realizou-se um ensaio de campo, na Herdade Experimental da Almocreva (Beja), pertença da Universidade de Évora. Este, foi o segundo ensaio levado a cabo no mesmo local, tendo o primeiro sido realizado no ano agrícola de 2021/2022 e, ambos os ensaios, tiveram como objetivo estudar a eficácia de dois herbicidas de pré-emergência, no controlo do Lolium rigidum G. (erva-febra) e infestantes dicotiledóneas, na cultura do trigo mole (Triticum aestivum L.). Os herbicidas estudados, foram o TAISEN® 800 EC que tem como substância ativa o prossulfocarbe e o BATUTA®, cuja substância ativa é o diflufenicão. Fizeram-se três tratamentos, com três doses diferentes de TAISEN® e dois tratamentos com a dose mais baixa deste herbicida, misturada com duas doses de o BATUTA®. Nos tratamentos onde só se aplicou o TAISEN® sozinho, verificou-se uma alta eficácia no controlo do Lolium rigidum para as duas doses mais altas e uma reduzida eficácia no controlo das infestantes dicotiledóneas para as três doses deste herbicida. Nos dois tratamentos, onde se aplicou a dose mais baixa do TAISEN® misturada com duas doses do BATUTA®, verificou-se uma alta eficácia tanto no controlo do Lolium rigidum, como no controlo das infestantes dicotiledóneas presentes, não se verificando diferenças significativas entre os tratamentos, onde se aplicou este herbicida.

Introdução

O herbicida TAISEN® 800 EC apresenta-se na formulação de concentrado para emulsão com 78,9 % (= 800 g L-1) de prossulfocarbe. É um herbicida sistémico, seletivo, de largo espetro de ação em infestantes mono e dicotiledóneas, de aplicação em pré-emergência das culturas do trigo, da cevada e das infestantes, ou quando estas tiverem menos de duas folhas e as culturas, no máximo duas folhas. São suscetíveis ao herbicida TAISEN® 800 EC, infestantes como: cabelo-de-cão-anual (Poa annua L.); erva-de-febra-brava (Poa trivialis L.); rabo-de-raposa (Alopecurus myosuroides Huds.); azevém (Lolium spp.); junco-dos-sapos (Juncus bufonius L.); amor-de-hortelão (Galium Aparine L.); margação (Anthemis arvensis L.); morugem-branca (Stellaria media (L.) Vill.); fumária (Fumaria officinalis L.); erva-moira (Solanum nigrum L.); catassol (Chenopodium album L.); Bolsa-do-pastor (Capsella bursa-pastoris L.) entre outras.

O outro herbicida estudado, foi o BATUTA®, cuja substância ativa é o diflufenicão. É seletivo, com ação de contato e residual, sendo absorvido pelas folhas e raízes das infestantes anuais de folha larga (dicotiledóneas), podendo ser aplicado em pré-emergência ou pós-emergência precoce destas, nos cereais de outono-inverno, especialmente trigo e cevada. Infestantes suscetíveis ao herbicida BATUTA®: catassol (Chenopodium album L.); morrião (Anagallis arvensis L.); moncos-de-perú (Amaranthus retroflexus L.); nariz-de-zorra (Silene gálica L.); papoila-das-searas (Papaver rhoeas L.), pampilho-das-searas (Chysanthemum segetum L.); (Rumex spp.); saramago (Raphanus raphanistrum L.); sempre-noiva (Polygonum aviculare L.) e (Veronica spp.). Infestantes moderadamente suscetíveis ao herbicida BATUTA®: amor-de-hortelão (Galium aparine L.); bolsa-de-pastor (Capsella bursa-pastoris L.); erva-aranha (Spergula arvenses L.); relvinha (Juncus bufonius L.); margação (Anthemis arvensis L.) e mostarda-dos-campos (Sinapis arvensis L.). Infestantes resistentes ao herbicida BATUTA®: ervilhaca (Vicia spp).

Foi objetivo deste ensaio, estudar o efeito de três doses do herbicida TAISEN® 800 EC e da dose mais baixa deste herbicida, misturada com duas doses do herbicida BATUTA®, no controlo do Lolium rigidum G. e das infestantes de folha-larga e, na produtividade da cultura do trigo mole (Triticum aestivum L.).

Material e Métodos

Técnicas culturais

O ensaio foi levado a cabo num solo cartografado na carta de solos de Portugal, como Pm (solos mediterrânicos pardos de dioritos ou quartzodioritos ou rochas microfaneríticas ou cristalofílicas afins), sendo a cultura instalada em meados de dezembro, tendo-se feito duas passagens de grade de discos, as quais serviram para controlar infestantes em pré-sementeira e preparar a cama da semente. A variedade de trigo mole instalada foi a Antequera, a qual possui um ciclo precoce ao espigamento e médio-precoce à maturação. A densidade de sementeira foi de 200 kg ha-1, tendo-se aplicado simultaneamente em fundo, 200 kg ha-1 do adubo Foskamónio 111. No mesmo dia da sementeira aplicaram-se os herbicidas, tendo-se utilizado para isso, um pulverizador de pressão de jato projetado, próprio para ensaios (Figura 2).

Este pulverizador, tem uma barra horizontal de 3 m de largura e foi equipado com bicos de fenda espaçados 50 cm entre si, com um ângulo de abertura do jato de 110o e um diâmetro do orifício de 1,2 mm (110o – 12). Os herbicidas foram aplicados com um volume de 300 L ha-1 de calda e para aplicar este volume, a pressão de funcionamento foi de 300 kPa, fornecida por oxigénio armazenado em garrafa de ar comprimido. A presença de um velocímetro no pulverizador, permite manter uma velocidade de avanço constante ao longo do comprimento dos talhões e que no caso, foi de 2,3 km h-1. Além da adubação de fundo, fez-se uma adubação de cobertura, tendo-se aplicado 54 kg ha-1 de azoto, ou seja, 200 kg ha-1 do adubo Nitrolusal 27%.

Contagem de infestantes

Para a contagem das infestantes, utilizaram-se caixilhos de madeira com 50 cm de lado (Figura 3), os quais foram colocados na parte central de cada um dos talhões do ensaio, tendo-se marcado essa área de contagem e a qual serviu para todas as contagens.

A contagem de infestantes foi efetuada aos 30, 60, 83, 101 e 120 dias após a aplicação e, a eficácia dos herbicidas, foi determinada utilizando-se a seguinte expressão:

Eficácia (%) = [(A−B)/A]×100 (Zeller et al., 2018)

em que,
A – Número de infestantes por metro quadrado contadas nos talhões testemunha (controlo)
B – Número de infestantes por metro quadrado contadas nos talhões tratados

O ensaio foi delineado em blocos casualizados, com 4 repetições sendo a área de cada talhão, de 30 m2 (3 x 10). A colheita da cultura foi levada a cabo por uma ceifeira-debulhadora própria para ensaios, cuja largura de trabalho é de 1,35 m, tendo-se colhido a parte central de cada um dos talhões do ensaio, que correspondeu a uma área colhida de 13,5 m2. Os tratamentos, foram os apresentados no Quadro 1.

Análise e Discussão dos Resultados Principais infestantes presentes no ensaio: Lolium rigidum G. (erva-febra); Chrysanthemum segetum L. (pampilho-das searas); Lactuca serriola L. (alface-brava-menor); Picris echioides L. (raspa-saias); Anagallis arvensis L. (morrião); Echium plantagineum L. (soagem); Raphanus raphanistrum L. (saramago); Rumex conglomeratus Murray (labaça); Daucus carota L. (cenoura-brava); Galium aparine L. (amor-de-hortelão); Sonchus asper (L). Hill (serralha-áspera) e Convulvulus arvensis L. (corriola) (…).

→ Leia este e outros artigos completos na Revista Voz do Campo  edição de dezembro 2024, disponível no formato impresso e digital.

Agradecimentos

O autor agradece à Empresa Ascenza Agro Portugal, o apoio prestado na realização deste ensaio, nomeadamente o financiamento do mesmo.

 

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