O projeto está a ser implementado nos soutos (Figura 1) do concelho de Trancoso, tendo uma área de abrangência de cerca de 200 hectares, estando o seu término previsto para agosto de 2027. Este projeto visa a aplicação de um protocolo integrado de gestão da doença da tinta.

O projeto é liderado pelo Município de Monte San Biagio (Itália) estando também envolvidos parceiros de Espanha, sendo o coordenador científico o professor Andrea Vannini da Universidade de Tuscia (localizada na cidade de Viterbo, Itália). Em Portugal, o parceiro é a UTAD, tendo como equipa técnica os professores José Gomes Laranjo (que coordena) (Figura 2), Fernando Raimundo, Guilhermina Marques, Luís Martins e Teresa Pinto, sendo a Câmara Municipal de Trancoso um parceiro indispensável na implementação deste projeto. Para além do castanheiro, o projeto selecionou áreas de povoamentos de azinheira e o sobreiro em Espanha e Itália.

A doença da tinta é provocada pela Phytophthora cinnamomi e Phytophthora cambivora. Estes organismos (uma espécie de fungo) vão-se espalhando pelo solo e contaminando os castanheiros, através das raízes. Assim, a estratégia adotada, foi combinar a ação da aplicação de tratamento direto ao solo de um produto feito à base de Brassica carinata (BiofenceÒ), para reduzir a carga do “fungo” e a aplicação também ao solo de novos microorganismos, Trichoderma atroviride (TricotenÒ) e Bacillus megaterium (BactriumÒ), com capacidade para controlar fungos patogénicos (que causam doenças) com a pulverização dos castanheiros com um produto à base de cobre e molibdénio (Kalex EVOÒ). Todos estes produtos, adquiridos por verbas do projeto, foram distribuídos gratuitamente aos agricultores durante ações de formação organizadas com o intuito de ensinar a aplicar os respetivos produtos.
O protocolo complementa-se com a instalação em locais estratégicos de 22 estações para limpeza e desinfeção de calçado e de 7 estações para limpeza e desinfeção dos rodados dos veículos.
A desinfeção do calçado (Figura 3) e dos rodados é uma parte importante da defesa dos soutos, porque vai reduzir a possibilidade de contaminação de uns soutos para outros.

A contaminação pela “mão humana” é um dos maiores problemas, pelo que a adoção de comportamentos preventivos por parte dos agricultores é fundamental para poderem defender melhor os seus castanheiros. Lembremo-nos sempre que é na lama agarrada ao calçado ou aos pneus que transportamos os esporos que vão contaminar novos castanheiros.
J.Gomes-Laranjo1, F. Sousa2 e P. Fidalgo3
1 José Gomes Laranjo, coordenador português do Projeto Life Fagesos
2 Fernando Sousa, Eng. Agrónomo e Bolseiro no protocolo TrancastNut
3 Pedro Fidalgo, Gabinete de apoio à agricultura da Câmara Municipal de Trancoso
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