❝ Gostamos do discurso do Sr. Ministro mas está na hora de vermos mais ações práticas

Com a convicção de que o setor agrícola, em especial o movimento cooperativo, está a atravessar uma fase crucial, Idalino Leão, Presidente da CONFAGRI, referiu no 11.º Encontro Nacional de Técnicos da Confederação, que este foi o maior encontro de sempre, não só pela dimensão recorde de participação, com mais de 600 pessoas presentes, mas também por se tratar do ano internacional das cooperativas, um marco que exige reflexão e ação.

Durante o encontro da CONFAGRI, Idalino Leão sublinhou um momento importante para o setor cooperativo, destacando que, “é uma data que a CONFAGRI faz questão de assinalar mais para o final do ano com a realização de um congresso do setor cooperativo, para de uma vez por todas ser reconhecido também a nível nacional.” Este congresso representa um passo decisivo para garantir que o trabalho das cooperativas seja devidamente valorizado no contexto nacional, com a devida atenção à sua contribuição para a economia e sociedade.

O Presidente da CONFAGRI sublinhou que a atuação das cooperativas vai muito além da simples produção de alimentos. “O que nós fazemos é alimentação, é economia, é coesão, é turismo”, afirmou. No entanto, lamentou que o setor ainda não seja reconhecido no âmbito da educação, uma área que deveria refletir o papel fundamental dos agricultores. “Gostava que também fosse educação, mas não é. E digo isto com pena. E quem tem filhos pequenos como eu sabe do que estou a falar.”

O apelo de Idalino Leão foi claro: é fundamental que a agricultura seja reconhecida de forma justa, especialmente no que diz respeito à formação das futuras gerações. “O Sr. Ministro já sabe da minha ambição e peço o seu magistério de influência para que, de uma vez por todas, nos manuais escolares das nossas crianças, o agricultor deixe de ser o vilão. Nós somos os amigos do ambiente.”

Idalino Leão também destacou que, embora Portugal seja um país pequeno, possui diversas realidades agrícolas. No entanto, existem desafios que continuam a ser ignorados nas políticas públicas, como o exemplo das charcas e a dificuldade de acesso dos jovens agricultores. “As nossas pequenas parcelas de terra, muitas vezes, não permitem que possamos cumprir exigências que não se adequam à realidade dos nossos territórios.” A revisão das políticas, como as VGOs, é uma necessidade urgente para garantir que os agricultores possam ser produtivos sem sobrecarregar o mercado.

O encontro de técnicos da CONFAGRI foi também um momento de proximidade com o Sr. Ministro da Agricultura. A sua presença e discurso foram apreciados, mas, como disse Idalino Leão, “sabemos que, ao fim de um ano, chegou o momento de transformar palavras em ações práticas.” A agricultura carece de duas medidas essenciais que já foram transmitidas em documentos ao Governo. A capacitação institucional das cooperativas é uma necessidade urgente, pois, em muitos casos, são as cooperativas que substituem o Estado em territórios onde este já não tem presença. “Estamos a fazer um trabalho de enorme relevância para as populações, e é preciso mais investimento para que possamos continuar a cumprir a nossa missão.”

Idalino Leão reafirmou que, se o Estado central precisa de se reconfigurar em várias áreas, as cooperativas não podem ser deixadas de lado. “Precisamos de mais investimento para garantir que a agricultura portuguesa consiga responder aos desafios impostos por Bruxelas, especialmente com a reprogramação do PEPAC.” Além disso, como sublinhou, a agricultura precisa de um forte reforço no Orçamento de Estado. “Sem isso, as palavras de apoio não terão efeito prático.”

Para concluir, o presidente da CONFAGRI reafirma a sua convicção de que o futuro da agricultura não depende apenas de promessas, mas de ações concretas e imediatas. “O Sr. Ministro e o seu Governo têm nas mãos a possibilidade de fazer a diferença, e o apoio da CONFAGRI será total se isso significar o fortalecimento das nossas cooperativas e do setor agrícola em geral.” Como disse o Primeiro-Ministro no início deste ano, a agricultura precisa de “investimento, investimento, investimento”. E é isso que a CONFAGRI e os agricultores exigem e esperam.