O mundo inicia 2025 diante de desafios globais que exigem cooperação e inovação. A crise climática, a recuperação económica pós-pandemia, a desigualdade social crescente e a necessidade de uma transição para um modelo de vida mais sustentável são temas urgentes. Neste cenário complexo, o cooperativismo ressurge como solução viável, promovendo solidariedade, autogestão e responsabilidade social.

A ONU proclamou 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas, destacando a importância da pecuária sustentável e das comunidades rurais para o equilíbrio ambiental e a segurança alimentar. Nesse contexto, o cooperativismo agrícola emerge como um pilar fundamental para a sustentabilidade, a inclusão social e o desenvolvimento das regiões rurais.
A organização coletiva dos produtores rurais possibilita o compartilhamento de recursos, conhecimento e infraestrutura, proporcionando melhor acesso a mercados, financiamento e tecnologias sustentáveis. A cooperação reduz custos, amplia a eficiência produtiva e fortalece a resiliência dos agricultores diante das mudanças climáticas. Mais do que um modelo económico, as cooperativas são instrumentos essenciais para a adoção de práticas agroecológicas, uso racional dos recursos naturais e melhoria da qualidade de vida nas comunidades rurais.
No entanto, para que as cooperativas cumpram plenamente esse papel, é fundamental modernizá-las. Muitas delas ainda operam sob modelos de gestão antiquados e resistem à digitalização, dificultando a sua competitividade global. A burocracia excessiva, a falta de incentivos para a renovação geracional e a deficiência na profissionalização da gestão limitam o seu crescimento e adaptação às novas exigências do setor.
A modernização das cooperativas agrícolas passa pela incorporação de inovação e tecnologia. O uso de práticas agroecológicas, automação, monitoramento climático e gestão eficiente de recursos podem tornar a produção mais sustentável e rentável. O cooperativismo também desempenha um papel essencial na valorização da produção local, fortalecendo economias regionais e reduzindo a migração rural.
Portugal tem a oportunidade de transformar as suas cooperativas agrícolas em referências de inovação e sustentabilidade. Mas essa evolução exige um compromisso conjunto de agricultores, gestores, consumidores e decisores políticos. Somente com investimento em formação, tecnologia e reestruturação organizacional as cooperativas poderão consolidar-se como motores do desenvolvimento rural e da segurança alimentar.
É verdade que a proclamação de 2025 como Ano Internacional das Cooperativas deve ser um ponto de inflexão, mas mais do que uma celebração, é o momento de repensar e fortalecer esse modelo para que continue sendo um pilar essencial na construção de um futuro mais justo, inclusivo e sustentável.
REVISTA VOZ DO CAMPO • EDITORIAL DA EDIÇÃO DE MARÇO 2025
BOAS LEITURAS!