Carlos Adão, presidente da Associação Nacional de Produtores de Mirtilo (ANPM), iniciou a sessão de abertura do 13º Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo, que decorreu no dia 6 de março e realçou a importância destas iniciativas para a fileira do mirtilo. “Estes encontros têm sido um importante contributo para a fileira do Mirtilo, estimulando o conhecimento, a troca de experiências e a aprendizagem informal”, afirmou o presidente. Sublinhando também que estes eventos são fundamentais para entender as dificuldades e os desafios enfrentados pelos produtores, como a necessidade de maior concentração e organização da produção.

O presidente da ANPM aproveitou a oportunidade para discutir diretamente com o Vice-Presidente da CCDR Centro, Vasco Estrela e representantes do Governo sobre os principais desafios do setor. “Gostaria de manifestar a nossa total disponibilidade para discutir esses constrangimentos e contribuir para encontrarmos soluções”, referiu Carlos Adão, reforçando o compromisso da associação com a resolução dos problemas do setor.

O primeiro ponto crítico abordado foi a gestão da água, uma questão transversal a toda a agricultura. Embora o tema tenha sido debatido em várias reuniões e seminários, Carlos Adão alertou que ainda não existem soluções definitivas. No entanto, também mencionou que outras questões precisavam de uma ação mais concreta por parte do Governo, como a mão de obra agrícola. “A imigração é fundamental para a agricultura, e existem casos exemplares de produtores de mirtilo no acolhimento e na integração, na criação de condições dignas de habitação, mas também do envolvimento destes trabalhadores e das suas famílias na comunidade e na cultura, mas a outra face do problema é a dificuldade de contratação de mão de obra local”, afirmou. Defendendo a criação de medidas que facilitassem a contratação sazonal, incluindo a simplificação dos procedimentos administrativos e a criação de instrumentos que permitam uma contratação simplificada, “com base numa plataforma que registe e articule o seu estado, os diversos impostos e descontos”.

Carlos Adão, presidente da Associação Nacional de Produtores de Mirtilo (ANPM) em entrevista à Revista Voz do Campo

Em relação à burocracia, Carlos Adão foi claro e criticou a complexidade e as demoras no processo de obtenção de licenças e certificações. “A análise de processos sem orientação para o sucesso e a demora na análise desses processos são constrangimentos que desmotivam os produtores e atrasam a dinâmica do setor”, afirmou o próprio, pedindo uma maior transparência e agilidade nas interações com as entidades públicas.

O presidente da Associação Nacional de Produtores de Mirtilo (ANPM) também abordou uma questão mais específica: o impacto da Drosophila suzukii, uma praga que tem causado prejuízos crescentes aos produtores de mirtilo. Alertou para a necessidade de uma estratégia nacional para combater essa praga, que afeta também outras culturas como cerejas, framboesas, morangos e outras mais. “A Drosophila suzukii não afeta apenas o mirtilo, é também um grave problema em outras culturas, justificando uma estratégia nacional conjunta”, destacou. A proposta de Carlos Adão para combater essa praga inclui quatro eixos principais: monitorização, investigação, controlo/combate, e sensibilização/disseminação. “É importante criar uma rede de coordenadas de técnicos para monitorizar, fazer ensaios e incentivar mais a investigação neste domínio”, afirmou.Por fim, Carlos Adão destacou a dinâmica da fileira do mirtilo, realçou a busca pela sustentabilidade em todas as suas vertentes: ambiental, social e económica. Durante sua intervenção, afirmou: “Este encontro é a demonstração de uma fileira dinâmica, até inquieta, mas empenhada na qualidade, na segurança ambiental, numa produção efetivamente sustentável.” Na sua voz, a rentabilidade das explorações de mirtilo é essencial para garantir o futuro do setor, concluindo: “A estabilidade de rendimento e o modelo económico sustentável para as explorações é fundamental para o sucesso e para o futuro da fileira.”

O presidente da Associação Nacional de Produtores de Mirtilo (ANPM), evidenciou as principais dificuldades enfrentadas pelos produtores e reafirmou o compromisso da associação em colaborar com o Governo e outras entidades para fortalecer a fileira do mirtilo.

Mais desenvolvimento em breve na Revista Voz do Campo.

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