Em 1911, na América do Sul, foi descrita pela primeira vez uma doença na cultura do linho denominada como “Pasmo disease” (Wood & Pederson, 1964), também conhecida como “Septoria leaf spot” ou mesmo como “Septoriose”. O agente causal desta doença é o fungo Mycosphaerella linicola, a forma teleomorfica (sexuada) de Septoria linicola (forma anamórfica ou assexuada), o qual pode infetar tanto plantas destinadas à produção de óleo quanto aquelas cultivadas para a produção de fibra.

Atualmente, esta doença está amplamente disseminada nas áreas de cultivo de linho em todo o mundo. De acordo com a informação disponível na European and Mediterranean Plant Protection Organization Database (EPPO Global Database), esta doença já foi identificada em todos os continentes (Figura 1). Diversos autores referem que a presença desta doença tem se tornado um problema crescente em algumas regiões, como por exemplo no Canadá (Rashid, 2013) e na França (Paumier et al., 2020).

Figura 1. Distribuição de Mycosphaerella linicola no mundo
(fonte: https://qd.eppo.int/taxon/MYCOLN/distribution)

Em Portugal, segundo os dados da EPPO Global Database a doença encontra-se ausente. Contudo, essa informação foi baseada em dados de 1988, demasiado antigos e que, até recentemente, não voltaram a ser atualizados. Não é invulgar que tal suceda, uma vez que esta cultura foi perdendo interesse agrícola e industrial a partir do final do século passado, passando a ocupar uma área tão reduzida que não figura nas estatísticas da FAO.

No passado ano agrícola 2023/2024, no âmbito do programa de melhoramento de linho a decorrer na Estação de Melhoramento de Plantas (INIAV/Polo Elvas), foi semeada uma multiplicação de um genótipo no qual foram identificados sintomas característicos da infeção por Septoria linicola.

Sintomas

Os sintomas visuais causados por este fungo manifestam-se nas partes aéreas da planta, observando-se uma progressão da doença do caule para as folhas e as cápsulas. Observam- -se lesões castanhas, alternadas com áreas verdes de tecido saudável (Figuras 2 e 3), que causam a morte prematura da planta, o que pode ser confundido com uma maturação precoce. A presença deste fungo reduz o rendimento e compromete a qualidade das sementes, do óleo e da fibra (Wood & Pederson, 1964; Paumier et al., 2020).

Num campo infetado, o aspeto geral pode parecer irregular e acastanhado, uma vez que a doença geralmente se inicia em algumas plantas e rapidamente se espalha para as plantas adjacentes, formando áreas circulares (Figura 4).

Figura 4. Aspeto geral da infeção por S. linicola, no campo

Quando a virulência do fungo é grande, o genótipo suscetível e as condições climáticas (temperatura e humidade) favoráveis, a doença pode progredir das folhas e caules para as cápsulas durante a formação da semente (…).

→ Leia o artigo completo publicado na edição de fevereiro 2025 da Revista Voz do Campo.

Carina Barcelos, Conceição Gomes, Graça Pereira, Manuela Meneses
INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária

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