A conferência Agroinovar, realizada recentemente no Algarve, mais precisamente em Loulé, destacou-se como um ponto de encontro fundamental para o setor agrícola da região.

A recente conferência Agroinovar, realizada em Loulé, reuniu importantes intervenientes do setor agrícola algarvio, como Miguel Vieira Lopes (AGROGES), Joel Guerreiro (ASCAL), José Oliveira (AlgarOrange), Afonso Nascimento (FEDAGRI), Nuno Serra (CONFAGRI CCRL) e Luís Ribeiro (novobanco).

A conferência Agroinovar, realizada recentemente no Algarve, mais precisamente em Loulé, destacou-se como um ponto de encontro fundamental para o setor agrícola da região. Afonso Nascimento, presidente da FEDAGRI, enfatizou a relevância destas iniciativas para o desenvolvimento sustentável da agricultura local.

“Todo este tipo de eventos deve ter uma continuidade mais assídua”, afirmou o presidente da FEDAGRI, opinando que a conferência é uma oportunidade única para informar, ouvir as preocupações do setor e procurar soluções para os problemas que persistem na agricultura regional.

Afonso Nascimento, presidente da FEDAGRI,

A sala cheia durante o evento demonstrou, o compromisso dos agricultores e a urgência das questões discutidas.

O presidente da FEDAGRI alertou para o desinvestimento crónico no setor, agravado pela extinção das direções regionais de agricultura. “Tem havido um grande desinvestimento, tanto do Ministério da Agricultura como de outros organismos”, denunciou. A situação torna-se ainda mais grave pelo facto de o Algarve ser a única região sem uma nomeação de vice-presidência após a reestruturação administrativa.

Mobilização e diálogo

O histórico protesto realizado em 3 de março do ano passado foi lembrado durante a entrevista à nossa reportagem. “Foi a maior ação mediática em defesa da agricultura algarvia”, ressaltou Nascimento, acrescentando que a classe espera soluções efetivas e não deseja repetir manifestações de grande escala. “Num país democrático, com os projetos e as dificuldades bem identificados, é possível encontrar soluções de forma gradual”, afirmou.

O presidente da FEDAGRI reiterou a disposição dos agricultores para colaborar com as autoridades e participar ativamente na definição de estratégias que impulsionem o setor. Iniciativas como a Agroinovar, segundo ele, são um passo importante nesse sentido, ao promover a troca de conhecimentos e o alinhamento de prioridades entre produtores e decisores políticos.

“Com um bom plano estratégico bem definido, o Algarve pode consolidar-se como uma região agrícola de referência”

Afonso Nascimento defendeu uma abordagem mais consistente na implementação de políticas públicas para o setor. “É necessário investir na modernização das infraestruturas, no apoio à inovação e na valorização dos nossos agricultores”, destacou. O dirigente acredita que, com um plano estratégico bem definido, o Algarve pode consolidar-se como uma região agrícola de referência, sem depender exclusivamente do turismo.

Agricultura e turismo no Algarve: Um equilíbrio necessário para o futuro sustentável da região

O Algarve é reconhecido mundialmente como um destino turístico de excelência, atraindo anualmente milhões de visitantes em busca de praias deslumbrantes, clima ameno e gastronomia única. No entanto, essa vocação turística tem condicionado a evolução de outras atividades económicas, como é o caso da agricultura. Segundo o dirigente, o turismo influenciou o desenvolvimento agrícola ao ponto de muitos algarvios considerarem o setor turístico como a principal fonte de sustento.

O presidente da FADAGRI defende que a agricultura pode crescer sem comprometer o turismo. Pelo contrário, estas duas atividades podem complementar-se. O setor primário, que inclui a agricultura e as pescas, oferece produtos frescos e de qualidade que enriquecem a experiência gastronómica dos turistas. “Temos o nosso consumidor próximo, que é o turismo, que vem à procura de gastronomia e produtos locais”, sublinha.

Projeto da dessalinizadora e ligação de norte a sul do país para transferência de água.

Entre os maiores desafios apontados por Afonso Nascimento está a gestão da água, recurso essencial tanto para a agricultura como para o turismo. As recentes chuvas trouxeram algum alívio, mas não resolvem um problema estrutural que se tem agravado nos últimos anos. “A água de que precisamos no Algarve não é para amanhã, é para o futuro”, alerta.

Nesse sentido, o dirigente destaca duas medidas fundamentais: a conclusão do projeto da dessalinizadora, cujo processo já foi iniciado, e a concretização da ligação de norte a sul do país para transferência de água. “Duas vezes, no ano passado, despejou-se água na barragem do Alqueva suficiente para encher todas as barragens do Algarve”, recorda, enfatizando a necessidade de investimentos estruturantes que garantam a segurança hídrica da região.

 

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