A Frutalmente é uma Organização de Produtores que se destaca pela produção de uva de mesa, que representa a maior percentagem da sua produção. Mas a Organização de Produtores, com sede em Cadafais (Carregado) não se limita às uvas: também aposta em pêssegos, nectarinas, ameixas, pêssego-paraguaio, romã, figo, peras, maçãs e dióspiros.
“A nossa aposta é sempre ter variedades que sejam facilmente comercializáveis, que o mercado peça. Não adianta produzir sem ter uma estratégia bem definida”, explica Isabel Sousa Fonseca, responsável pela produção e qualidade da Frutalmente. A produção está estrategicamente distribuída por várias regiões do país. “Temos três zonas de produção de uva, Oeste (Alenquer e Arruda dos Vinhos); Ribatejo (Alcanhões e Vila Franca de Xira) e Baixo Alentejo (Beja)”, detalha Isabel Sousa Fonseca. Já a romã é essencialmente produzida no Alentejo, e as frutas de caroço encontram-se no Alentejo (Mora) e Península de Setúbal (Pegões.)
A Frutalmente tem investido fortemente em variedades de uva sem grainha, que são a tendência de mercado.
“Temos variedades patenteadas – as ARRA-15, ARRA-30, ARRA-32, ARRA 19 e ARRA 35 e também outra sem grainha a Crimson seedless que são uma aposta muito forte. São uvas produtivas, com ótima aceitação e que respondem bem às exigências dos consumidores”, explica Isabel Sousa Fonseca. A par disso, a Frutalmente cultiva também uvas com grainha que são altamente apreciadas pelo seu sabor e crocância. “A Red Globe é uma variedade de bago muito grande e rosado escuro, muito doce e crocante. A Cardinal é a primeira uva com grainha a chegar ao mercado, normalmente entre a segunda e terceira semana de julho”, destaca a responsável. Entre as variedades tradicionais, há uma que ocupa um lugar especial da Frutalmente: a Dona Maria. “É a nossa uva portuguesa, criada em 1954 pelo engenheiro agrónomo Leão Ferreira de Almeida. É uma variedade única, de bagos grandes, doce e crocante, com um ligeiro sabor a moscatel. Infelizmente, já começa a ser uma produção residual”. Se não houver um incentivo na comercialização desta variedade poderá estar em risco a sua continuidade, partilha Isabel Sousa Fonseca.
Para fortalecer a identidade dos seus produtos, a Frutalmente criou duas marcas de referência: A Dona Uva – dedicada exclusivamente às uvas de mesa, e a Adoora, englobando os restantes frutos da Organização.
“A marca Dona Uva está praticamente em todas as grandes superfícies nacionais. Através das nossas redes sociais os consumidores focam o facto de ser uma uva doce e crocante e uma uva portuguesa”, afirma ainda a responsável pela produção e qualidade.
Sustentabilidade e certificação
A Frutalmente está totalmente comprometida com a qualidade, segurança alimentar e sustentabilidade. “O facto de vendermos para as grandes superfícies obriga-nos a ter toda a fruta certificada. Mas não é só por obrigação. Isso diferencia-nos e faz com que os nossos produtores estejam em constante evolução”, sublinha Isabel Sousa Fonseca.A empresa trabalha em parceria com a NATURALFA, que certifica todos os produtores da Frutalmente.
“Os nossos produtores têm de ser certificados em GLOBALG.A.P e GRASP para que possamos comercializar os seus produtos. A Frutalmente não tem uma certificação de grupo, mas todos os produtores individuais são certificados, e damos todo o apoio para que isso aconteça”, explica.
Durante a nossa visita a uma parcela de um produtor de Red Globe, Isabel Sousa Fonseca realça o compromisso com a sustentabilidade. “A sustentabilidade está em tudo o que fazemos – desde o uso de água até à aplicação mínima de fitofármacos e fertilizantes. O uso de água é monitorizado ao mínimo necessário, temos áreas de produção na zona de Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos em que não há água disponível para rega e devido às condições de elevada retenção de água pelo solo, a planta adapta-se, e o resultado é uma uva extraordinária”, no entanto a disponibilidade de água seria uma mais-valia para melhores produções, reforça.
Liliana Perestrelo, CEO da NATURALFA, destaca a importância dessa certificação.
A NATURALFA é responsável por certificar todos os produtores da Frutalmente, oferecendo uma gama de certificações, como o GLOBALG.A.P, GRASP, ZERYA®, que garantem boas práticas agrícolas e responsabilidade social, assegurando que as condições de trabalho dos trabalhadores sejam adequadas. “Nós somos o organismo de certificação que garante que todo o trabalho realizado está em conformidade com a segurança alimentar, boas práticas agrícolas e responsabilidade social”, refere Liliana Perestrelo. A Frutalmente procura sempre melhorar, inovando e implementando boas práticas agrícolas. Como afirma a Liliana Perestrelo: “A certificação encaixa-se no sentido de garantir que todo este trabalho está assente numa cultura de segurança alimentar e qualidade. A Frutalmente é uma organização que promove a melhoria contínua e está sempre à procura de novas formas de trabalhar”.
As certificações obtidas pelos produtores da Frutalmente não se limitam à produção agrícola convencional. Alguns produtores têm também certificações como a ZERYA® (resíduo zero), produção integrada e agricultura biológica.
A nossa missão é dar resposta às necessidades de certificação dos nossos clientes, e atualmente temos soluções para toda a área agrícola e alimentar”, regista Liliana Perestrelo. Outro fator importante da Frutalmente é o trabalho conjunto com os auditores da NATURALFA. Eles são escolhidos com rigor, não apenas pela sua competência técnica, mas também pela sua capacidade pedagógica.
“Os auditores são imparciais e têm um forte sentido pedagógico. O objetivo não é fiscalizar, mas sim sermos parceiros das empresas, incentivando-as ao cumprimento das melhores práticas e para a melhoria contínua”, sustenta a CEO da NATURALFA.
À reportagem juntou-se também Marina Morgado, técnica de qualidade da Frutalmente, que destaca que um dos maiores desafios da produção é encontrar trabalhadores experientes para o campo. “Cada vez mais é difícil encontrar pessoas que queiram realmente trabalhar no campo. Felizmente, há alguns anos que trabalhamos quase sempre com as mesmas empresas, com pessoal que já vem de zonas agrícolas e está habituado a este tipo de trabalho. Além disso, fazemos um esforço significativo para ter operadores jovens e motivá-los a manter-se no trabalho agrícola. A contratação de agregados familiares também é uma aposta nossa”, conta.
A colheita da uva acontece entre julho e novembro, dependendo do ano e das condições de produção. Para dar resposta à procura e garantir que o fruto chega ao consumidor com a máxima frescura, a Frutalmente investe na otimização dos processos de colheita e embalagem.
“Tentamos arranjar formas de manipular o menos possível a uva, tornando o processo mais rápido e eficiente”, explica Marina Morgado.Esse compromisso levou a Frutalmente a inovar na forma como embala a sua produção. “Este ano, pela primeira vez, colhemos diretamente para a cuvete. Isso significa que a uva já vai para o armazém na embalagem final, onde apenas é pesada. Dessa forma, evitamos um processo extra de manipulação, o que é essencial para garantir a frescura do produto até chegar ao consumidor”, diz.
Reconhecimento no mercado: Prémios e distinções
O trabalho da Frutalmente tem sido amplamente reconhecido. “Candidatámos a marca Dona Uva ao Prémio Cinco Estrelas pela primeira vez em 2019 e ganhámos”, conta Mariana Morgado com entusiasmo. “Desde então, vencemos o Prémio Cinco Estrelas anos consecutivos. Isso significa muito para nós, porque é o próprio consumidor que avalia e reconhece a nossa qualidade”, afirma. Além disso, a Frutalmente conquistou o selo “Sabor do Ano” com três variedades – Cardinal, Dona Maria e Red Globe – e também o prémio “Escolha do Consumidor 2024”, sendo considerada a marca número um na categoria de frutas. “É um orgulho imenso ver uma uva portuguesa, naturalmente doce e crocante, ser reconhecida e valorizada desta forma (…). Vamos continuar a trabalhar para levar o melhor produto ao consumidor e, quem sabe, conquistar ainda mais prémios no futuro”, finaliza Mariana Morgado, reforçando que a empresa segue firme no seu propósito: levar à mesa dos portugueses uma uva de excelência, doce e crocante, com o saber de gerações.
Vídeo-reportagem: