A Universidade de Évora (UÉ) e a empresa canadiana Ascendant Resources Inc., através da sua subsidiária Redcorp – Empreendimentos Mineiros, Lda. (Redcorp), juntaram-se para desenvolver o inovador projeto HYPERMETAL. Este projeto tem como objetivo revolucionar a exploração mineral polimetálica em Portugal, através da aplicação de tecnologia hiperespectral avançada, inteligência artificial (IA) e aprendizagem automática, em combinação com métodos tradicionais.

O HYPERMETAL pretende aumentar a eficiência e a precisão na exploração mineral, reinterpretando testemunhos históricos de perfurações e integrando métodos tradicionais, como geoquímica e mineralogia, com análises hiperespectrais. Esta abordagem permitirá a criação de um Gémeo Digital do corpo mineral, otimizando a identificação de novos alvos de exploração e melhorando a caracterização dos depósitos.

Um dos marcos principais do projeto será a realização de uma sondagem, que será analisada com recurso à tecnologia hiperespectral. Com a ajuda de machine learning e IA, os dados recolhidos pelo consórcio conseguirão mapear com precisão as ocorrências de minérios, além de identificar halos de alteração hidrotermal e litologias-chave. Este processo culminará numa plataforma digital inovadora, capaz de processar imagens e gerar visualizações detalhadas da distribuição de minerais ao longo da sondagem.

Caso o projeto seja aprovado, a Universidade de Évora será responsável pela aplicação das tecnologias hiperespectrais nas sondagens do depósito mineral da Lagoa Salgada (Grândola), atualmente armazenadas pela Redcorp. “A Universidade desenvolverá também um Análogo Digital de uma sondagem-piloto, aplicando, algoritmos de machine learning e inteligência artificial para a identificação de minérios e rochas, contribuindo para o conhecimento geológico da região e para a valorização dos recursos minerais do Alentejo, nomeadamente na Faixa Piritosa Ibérica”, explica Pedro Nogueira, professor do Departamento de Geociências e investigador no Instituto de Ciências da Terra (ICT) da Universidade de Évora.

Pedro Nogueira sublinha ainda o caráter inovador desta tecnologia, desenvolvida em conjunto com a Redcorp, e o seu potencial para ser aplicada noutras empresas de mineração e prospecção, tanto em Portugal como no estrangeiro. “Estas metodologias podem ser facilmente adaptadas a outros contextos geológicos quando combinadas com os métodos tradicionalmente utilizados”, acrescenta.

O investigador da UÉ realça também a importância do conhecimento técnico-científico da Universidade de Évora aplicado ao contexto da empresa: “Este projeto poderá abrir portas a novas cooperações entre a indústria e a academia”. Segundo o investigador, a combinação da tecnologia hiperespectral com algoritmos de IA e machine learning aplicada a modelos geológicos permitirá otimizar a caracterização mineralógica das sondagens e facilitar a identificação de minerais portadores de metais-alvo, um aspecto pioneiro do projeto.

O projeto foi candidatado aos fundos do Alentejo 2030, destinados a territórios de baixa densidade populacional, em regime de co-promoção entre a empresa e a Universidade. A equipa da Universidade de Évora é composta por professores e investigadores de diversas áreas, incluindo o Instituto de Ciências da Terra, o Departamento de Geociências e o Departamento de Informática, que trabalharão em conjunto com a equipa da Redcorp, uma parceira que, segundo Pedro Nogueira, “sempre demonstrou grande interesse nesta cooperação”.

“Tanto a Redcorp quanto a Universidade de Évora contribuirão para os objetivos da Estratégia de Especialização Inteligente no Alentejo, promovendo o património geológico, os recursos minerais e incentivando a interação entre a indústria e a academia”, acrescenta o professor.

Por sua vez, Mark Brennan, Presidente Executivo da Ascendant Resources, destacou a relevância do projeto HYPERMETAL: “A integração da IA e da tecnologia hiperespectral no setor de exploração mineral representa um avanço significativo. A nossa parceria com a Universidade de Évora reflete o nosso compromisso em impulsionar a inovação e melhorar as nossas capacidades de exploração no projeto Lagoa Salgada.”