A agricultura é um pilar fundamental da economia e, por isso mesmo, não deveria estar exposta a uma série de desafios impostos por condições climáticas adversas. No entanto, sendo uma atividade realizada quase inteiramente a céu aberto, está sujeita a secas prolongadas, chuvas excessivas, geadas, granizo e vendavais. Por essa razão, justifica-se um esforço conjunto entre o governo, a pesquisa científica e os próprios agricultores. Somente com um bom planeamento, tecnologia e políticas públicas eficazes será possível garantir a resiliência do setor agrícola e a segurança alimentar da população.

Além disso, o uso de técnicas sustentáveis de cultivo, como rotação de culturas, sistemas agroflorestais e práticas de conservação do solo, pode reduzir significativamente os impactos dos eventos climáticos extremos.
Os investimentos em tecnologia também são essenciais. Sistemas de irrigação eficientes, previsão meteorológica avançada e o desenvolvimento de cultivares mais resistentes podem minimizar os prejuízos causados por fenómenos naturais. Não nos podemos esquecer, ainda, dos programas de seguro agrícola, que precisam ser mais acessíveis e ampliados para proteger os produtores contra perdas inesperadas.
A recente passagem da Depressão Martinho pelo nosso país deixou um rasto de destruição e prejuízos significativos, evidenciando, mais uma vez, a nossa vulnerabilidade diante de fenómenos meteorológicos extremos. As chuvas intensas e os ventos fortes provocaram inundações em várias regiões, destruindo colheitas e infraestruturas agrícolas.
Diante desse cenário, reforça-se a importância dos seguros agrícolas na mitigação de prejuízos no setor, já que desempenham um papel fundamental na proteção das culturas e dos agricultores, garantindo segurança financeira, estabilidade na produção, apoio ao crédito e prevenção do abandono de projetos.
Um agricultor segurado consegue recuperar parte dos prejuízos e retomar as suas atividades com maior rapidez. No entanto também é verdade que o seguro para além de “morrer de velho” como se costuma dizer, ainda não é para todos, dado os desafios a serem superados, como o alto custo das apólices para pequenos produtores, a baixa adesão devido à falta de conhecimento ou de cultura de gestão de riscos, além da necessidade de políticas públicas que incentivem a contratação desses seguros.
Por fim, o mais importante é que, em momentos de dificuldade, o governo se mostre disponível para ajudar. Felizmente, parece ser o caso, com o levantamento dos prejuízos pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e a posterior abertura de candidaturas para apoio financeiro aos agricultores afetados pela Depressão Martinho.
REVISTA VOZ DO CAMPO • EDITORIAL DA EDIÇÃO DE ABRIL 2025
BOAS LEITURAS!

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