O Comissário Europeu da Agricultura, Christophe Hansen, esteve em Portugal nos dias 6 e 7 de junho, numa visita que destacou a relevância estratégica do setor agrícola português no contexto europeu. A deslocação culminou com a sua presença na inauguração oficial da Feira Nacional de Agricultura / Feira do Ribatejo, que teve lugar no dia 7, às 12h00, no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém.

A visita iniciou-se em Lisboa, na Representação da Comissão Europeia, onde o Comissário se reuniu com representantes das principais confederações agrícolas nacionais — CAP, CONFAGRI, AJAP, CNA e CNJ — para debater o futuro da agricultura europeia. Ainda nesse dia, participou no lançamento das comemorações do 40.º aniversário da CONFAGRI, num evento que contou também com a presença do Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes.
A agenda de dia 7 começou com uma visita à Quinta da Alorna, em Almeirim, uma referência nacional em práticas agrícolas integradas e sustentáveis, com áreas significativas dedicadas à vinha, regadio e floresta. Seguiu-se a deslocação a Santarém, para a inauguração da Feira Nacional de Agricultura, onde o Comissário teve oportunidade de contactar diretamente com agricultores, associações do setor e instituições públicas.
Durante o dia, Christophe Hansen reuniu com José Salema, presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), e com representantes de organizações agrícolas da região, para uma apresentação detalhada sobre o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), um projeto estruturante para o desenvolvimento agrícola do sul do país.
O Comissário marcou ainda presença na cerimónia comemorativa dos 50 anos da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), onde proferiu um discurso centrado nos desafios e oportunidades que o setor agrícola europeu enfrenta, à luz das novas prioridades políticas e ambientais da União Europeia.
Um momento também de destaque, foi no stand da União Europeia na FNA’25, onde realizou-se a entrega oficial dos certificados de Indicações Geográficas europeias a dois produtos portugueses: o Pastel de Feijão de Torres Vedras e a Flor de Sal de Rio Maior, reconhecendo a sua qualidade e ligação ao território.
Ao longo do dia, o Comissário visitou diversos pavilhões e stands da feira, onde pôde conhecer de perto projetos inovadores, produtos tradicionais e iniciativas de valorização da produção nacional.
Christophe Hansen esteve acompanhado, ao longo da visita, pelo Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes entre muitos outros representantes. A deslocação a Portugal insere-se na estratégia da Comissão Europeia de reforçar o diálogo com os agentes do setor agrícola, no seguimento da apresentação, em fevereiro, da “Visão para a Agricultura e o Setor Alimentar”, uma prioridade definida pela Presidente Ursula von der Leyen.
Para Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a presença do Comissário Europeu da Agricultura, Christophe Hansen, e do stand da Comissão Europeia na FNA’25 torna esta edição da Feira Nacional de Agricultura particularmente diferente.

“Ter a visita do Comissário Europeu da Agricultura, Christophe Hansen, e contar com a presença do stand da Comissão Europeia na FNA’25 torna este ano particularmente especial. A presença e os serviços da Comissão na Feira Nacional de Agricultura são sempre um sinal de proximidade e atenção ao setor agrícola português”, afirmou Luís Mira.
“O Comissário vem a Portugal num momento crucial, em que está em cima da mesa a definição do orçamento europeu para o período de 2028-2034. Já em julho, a Comissão vai apresentar a sua primeira proposta, e é fundamental, do ponto de vista dos agricultores, que esse orçamento reflita, no mínimo, uma atualização face à perda de poder de compra provocada pela inflação dos últimos anos. Estamos a falar de mais de 20% de desvalorização.”
“Além disso, preocupa-nos a corrente que ganha força em Bruxelas e que aponta para a criação de um fundo único, onde todos os programas comunitários seriam agregados. Isso seria extremamente negativo para a agricultura.”
“Nessa lógica, passaria a caber aos Estados-Membros — e, em última instância, a cada primeiro-ministro — decidir onde colocar mais ou menos verba. E sabemos que, nesse cenário, a agricultura corre sérios riscos de perder prioridade.”
“Por isso, este é um momento decisivo. E é essencial que os agricultores portugueses estejam atentos, mobilizados e que a CAP continue a fazer ouvir a sua voz em defesa de um orçamento justo, que reconheça a importância do setor agrícola para a Europa e para Portugal”, concluiu o secretário-geral da CAP.
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