A cereja do Fundão é uma marca nacional — e produtores como Patrique Martins são o rosto e a força por trás dessa reputação. A convite da Motivos Campestres, a Voz do Campo foi até Souto da Casa, no concelho do Fundão, para conhecer de perto um dos pomares de Patrique Martins, totalmente dedicado à produção de cereja.

Encontrámo-lo num dos seus pomares, com vista para as encostas da Gardunha. A campanha arrancava no final de maio com cerca de 15 dias de atraso, mas com esperança renovada. “Estamos com grande expetativa. Começou tarde, é verdade, mas agora com 30 graus, a fruta vai amadurecer rápido”, afirma o produtor. No entanto, o arranque não esconde as dificuldades que o ano trouxe: “Na altura da floração tivemos dias com mínimas muito baixas e máximas muito altas — diferenças de 20 a 25 graus no mesmo dia. Isso prejudicou muito a polinização. Algumas variedades não têm praticamente nada. Podemos falar de uma quebra de cerca de 40%”, considera Patrique Martins.

Com uma área de 25 hectares repartidos entre Souto da Casa e Enxabarda, Patrique Martins dedica-se a tempo inteiro aos seus pomares. “A área tem vindo a crescer e a estrutura também. Mas isto não são só dois meses de apanha. É um ano inteiro de trabalho — podas, enxertias, tratamentos, replantações — tudo para que, em dois meses, tenhamos cereja de qualidade”, sublinha o produtor.

A exigência do campo e do mercado

Patrique Martins cultiva diversas variedades: “É tudo escalonado, de propósito. Assim conseguimos colher durante mês e meio a dois meses. E também facilita o trabalho da mão de obra, que nunca é fácil de garantir”.

Quanto à produção, há diferenças significativas: “Nos pomares de sequeiro, que ainda são muitos, conseguimos 2,5 a 3 toneladas por hectare. Nos de regadio podemos chegar às 15”. Nesta parcela onde decorreu a conversa — situada numa zona de montanha e de solos xistosos — a exploração é de sequeiro. “A árvore aqui não sofre tanto como em zonas mais arenosas, onde a necessidade de água é maior. Mas, para garantir bons calibres, é preciso adaptar as podas e reduzir o stress hídrico”, explica o produtor.

“Enquanto produtor, a minha função é produzir”.

E o que pede o mercado? “Quer calibres grandes, polpas rijas e doçura. Tendo isso, tudo se vende”, reconhece.

Patrique Martins entrega toda a produção à Cerfundão, organização de produtores da qual também faz parte da direção. “Foi das melhores coisas que aconteceram. Enquanto produtor, não me preocupo com o escoamento. A minha função é produzir, e acabou”, realça ainda.

Mas nem tudo depende do produtor: “Temos um bom marketing na região (…). Mas o problema tem sido a quantidade. Muitas vezes não conseguimos ter fruta suficiente para as encomendas”.

Motivos Campestres: Uma parceria que tem dado “bons frutos”

Entre os parceiros da exploração, destaca-se a Motivos Campestres, com os seus fertilizantes da Nutritec – uma empresa que aposta no desenvolvimento sustentável da agricultura, disponibilizando soluções nutritivas adaptadas às necessidades de cada produtor.

Patrique Martins mostra um dos produtos da Motivos Campestres que utiliza nas suas cerejeiras

“Já são meus fornecedores há alguns anos. Quando ninguém falava em silício, testámos o Silcácio nos nossos pomares. Funcionou. Agora toda a gente fala em silício”, argumenta.

A ligação vai além da simples compra de produtos: “Fizemos dois, três anos de testes. Ajudámo-nos mutuamente. O engenheiro Carlos Cardoso, que fundou a Motivos Campestres, acompanhou tudo (…). Eles aprendem connosco no terreno, e nós evoluímos com os produtos deles”.

Hoje, o objetivo é claro: produzir com resíduos praticamente nulos. “Estamos a testar soluções de resíduo zero com a Motivos Campestres. As pessoas pensam que os agricultores só querem usar químicos – mentira (…).

Estamos a tratar com produtos que permitem evitar isso, para o bem do consumidor”.

Mas nem sempre os testes correm como esperado. “Este ano, na floração, fizemos tratamentos com produtos de resíduo zero, mas depois a chuva não deixou a fruta vingar. Ficámos com amostras mínimas. Os produtos funcionam, mas temos de continuar a testar e finaliza Pratique Martins: “É bom ter empresas como a Motivos Campestres (…). Há dois anos ninguém acreditava no resíduo zero. Hoje, vejo que está acima das minhas expetativas. Só é pena que experimentar tenha custos elevados”.

Estratégia da Motivos Campestres para a cultura:

→ Leia este e outros artigos completos, na Revista Voz do Campo  edição de junho 2025, disponível no formato impresso e digital.

Veja a vídeo-reportagem:


SUBSCREVA E RECEBA TODOS OS MESES A REVISTA VOZ DO CAMPO

→ SEJA NOSSO ASSINANTE (clique aqui)