Durante o V Simpósio Nacional da Castanha, os participantes tiveram oportunidade de conhecer de perto a SIAPO – Investing In Nature, empresa de Pedro Oliveira, situada no concelho do Sabugal. A SIAPO detém atualmente a maior área de castanheiros em contínuo na região, com plantações recentes e uma perspetiva de crescimento de longo prazo.

A filosofia da exploração é clara: Produzir respeitando os equilíbrios naturais. Como refere o produtor, a SIAPO está “orientada a investir na natureza”, com o objetivo de devolver à terra aquilo que dela retira. Com cerca de 600 hectares, a propriedade inclui mais de 400 hectares de carvalho-negral, espécie considerada essencial para a biodiversidade local. Há também mais de 50 hectares de soutos de castanheiros, 60 a 70 hectares de pastagens e pequenas áreas de nogueiras.

A aposta no castanheiro resulta da ligação à terra e à tradição. “A minha família é daqui. O produto da zona é a castanha. Foi por amor à castanha e à zona”, partilha Pedro Oliveira. A variedade Martaínha revelou-se a mais adaptada, saborosa e comercialmente valorizada. A exploração integra desde árvores centenárias a plantações recentes, com uma perspetiva a longo prazo. “Estamos a plantar agora para colher dentro de 12 a 15 anos”, sustenta.

Pedro Oliveira, CEO da SIAPO

Todos os soutos são em modo de produção biológica e em regadio. A água provém de furos, mas todo o sistema de bombagem é alimentado por energia solar. “Sem rega, a taxa de sobrevivência dos soutos é mínima”, alerta. Em vez de lavrar, a empresa aposta em prado permanente com espécies como o trevo, que fixa azoto, mantém a humidade do solo e permite cortar feno. “Achamos que em dois anos seremos autossuficientes na alimentação do nosso gado bovino”, adianta ainda.A produção atual de castanha destina-se sobretudo a cadeias como o Pingo Doce e ao comércio local. Mas Pedro Oliveira tem planos mais ambiciosos: “Quando tivermos maior produção, gostava de ajudar a criar transformação local, não só para a minha exploração, mas também para os agricultores da zona”.

A empresa distingue-se também pela gestão da mão de obra. “Pagamos acima da média. Se tratarmos bem as pessoas, é mais fácil encontrar quem queira trabalhar connosco”, refere o empresário.

Pedro Oliveira aponta o abandono de terrenos como o principal entrave à expansão agrícola. “É uma pena que não exista legislação que incentive os donos de terrenos abandonados a colocá-los em produção”, lamenta. Dá como exemplo a Suíça, onde a gestão da terra é obrigatória e eficaz: “Lá, não há um metro quadrado agrícola abandonado. Aqui, temos hectares e hectares sem uso”.

Apesar dos desafios, o futuro da castanha é promissor. “A castanha tem um potencial enorme. O preço subiu muito e há mercado. E a castanha portuguesa tem um sabor que a distingue claramente das importadas”, sintetiza.

→ Leia a reportagem completa do V Simpósio Nacional da Castanha, na Revista Voz do Campo edição de agosto/setembro 2025, disponível no formato impresso e digital.

A Voz do Campo foi media partner oficial do V Simpósio Nacional da Castanha.
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