Para a Hubel Verde, o futuro da agricultura constrói-se com mais conhecimento e decisões técnicas baseadas em dados. João Caço, diretor executivo da empresa, define os próximos passos de um projeto que vai além do papel de fornecedor: A Hubel Verde afirma-se como uma empresa de agrónomos – próxima do terreno, focada na técnica e comprometida com a sustentabilidade.
Qual é a missão atual da Hubel Verde?
Desenvolver e disponibilizar soluções tecnologicamente avançadas e sustentáveis que contribuam para a evolução do setor agronómico.
Quais são os principais objetivos estratégicos da empresa nos próximos 5 anos?
Os objetivos estratégicos da empresa não sofrerão uma grande disrupção relativamente ao passado recente. Continuamos comprometidos em ser uma empresa que aporta valor acrescentado ao agricultor através das soluções que apresentamos. Este valor é materializado no fornecimento de produtos de qualidade, mas principalmente em serviços agregados de engenharia e gestão agronómica.

Queremos consolidar a nossa marca de complementos para nutrição vegetal no mercado português e lançarmo-nos com maior profundidade no mercado internacional. Está enquadrado no futuro próximo termos fabrico e embalamento próprios.
Consolidar a plataforma digital para assessoria agronómica “Fieldwork”, numa parceria com a Wisecrop, para potenciarmos todas as ferramentas que já hoje usamos como são a analítica de seiva no campo, as recomendações de nutrição e de fitossanidade, os mapeamentos NDVI, modelos previsão de pragas/doença, entre outros.
Queremos liderar o processo de debate sobre as nebulizações variáveis em baixo e ultrabaixo volume e o seu contributo para o uso mais racional dos pesticidas no caminho do horizonte traçado no programa “farm to fork”.
No nosso horizonte está ainda a consolidação do serviço de polinização assistida nas fruteiras e alargar o leque de culturas principalmente para o setor hortícola, bem como dar continuidade e aprofundar a nossa relação com os centros de saber como universidades, institutos, Colabs, e protocolar plataformas de trabalho que incluam programas de doutoramento para técnicos da Hubel Verde.
Atualmente, temos também em curso, o levantamento e monitorização dos solos ao nível do microbioma como corrigir, se necessário, mas sempre com base em informação, fruto da nossa parceria com a Biome Makers.
De que forma a Hubel Verde equilibra inovação, sustentabilidade e rentabilidade nos seus produtos e serviços?
A rentabilidade é um dos componentes da sustentabilidade quando estamos a falar no ecossistema agrícola. A agricultura é uma atividade económica que tem necessariamente de gerar ganhos ao operador. No entanto, atualmente esses ganhos não podem ser vistos só numa perspetiva de curto prazo e, portanto, tem que se reconhecer que, se se quer manter e/ ou recuperar os níveis de produtividade, deve garantir-se a manutenção de recursos e/ou a sua regeneração nomeadamente dos elementos vitais como a água e o solo.
As soluções por nós desenvolvidas, acarinhadas e recomendadas vão, tendencialmente, no sentido de termos uma agricultura regenerativa, com menos aportes de fertilizantes de síntese, menos pesticidas, maior uso de culturas de cobertura e, sempre que possível, rotações de culturas, e no uso complementar de produtos que visem a defesa e saúde do solo, da sua estrutura e do seu microbioma.
Quais são as principais linhas de produtos que dispõem atualmente?
Os adubos líquidos continuam a liderar as nossas vendas, fruto da grande experiência e preparação que a empresa tem para este negócio. Temos instalações logísticas estrategicamente localizadas, grande capacidade de armazenamento, capacidade de distribuição através de frota própria e técnicos conhecedores das diferentes gamas e sua aplicabilidade assim como capacidade para elaborar com responsabilidade os planos de fertilização. Há 10 anos introduzimos a linha BluDiamond, que são fertilizantes que já incorporam características de bioestimulação, melhoradores das características do solo ao nível da sua capacidade de troca catinónica, capacidade de humectação e estimulação microbiana.
Da gama dos complementos especiais de nutrição, há a destacar a nossa marca própria, a Native, que reúne todo um conjunto de produtos de biotecnologia aplicada à nutrição (p.e. Natiphos) e bioproteção (p.e. Baslact Plus). Adicionalmente, dispomos vários produtos de representações internacionais que funcionam como biofertilizantes (Vitasoil, MycoUp, Trichosym), como bioestimulantes (Algaman B), como percursores hormonais (Breakout, Vitol), bioprotetores abióticos e bióticos (Vegetal B60). Todos eles são produtos de bases orgânicas que podem ser ou não metabolitos de microrganismos ou eles próprios como bactérias fixadoras de azoto, PGPRs, trichodermas e micorrizas.
Estas gamas, a par dos serviços diferenciados de assessoria, aplicações via drone e polinização assistida, marcam parte da via por onde queremos continuar a caminhar.
Como a Hubel Verde acompanha e responde aos desafios que o setor agrícola enfrenta com as alterações climáticas?
As chamadas alterações climáticas não são um tema novo, estão a ocorrer desde sempre e atualmente conseguimos ter uma melhor perceção da sua amplitude porque medimos, temos históricos de longo prazo e também porque nos afetam cada vez mais pela pressão que exercemos sobre o meio natural. Em Portugal, naquilo que são os dados que acompanhamos no campo suscita-nos particularmente a atenção a diminuição das horas de frio e a sua influência negativa sobre algumas zonas fruteiras. No entanto, esta diminuição das horas de frio não corresponde necessariamente a oportunidades para outras espécies, nomeadamente subtropicais, sem que existam investimentos em sistemas antigeada.
Menos horas de frio não significam menos episódios extremos e aqui reside a maior preocupação em termos climáticos para os dias de hoje. Se as estatísticas por decénios apontam que não há menos precipitação no Algarve ou no Minho, também nos dizem que a chuva é cada vez mais concentrada e extrema o que nos leva a ter de pensar em estratégias de armazenamento de água e formas de regar distintas.
A nossa resposta a esta temática está muito dentro das nossas possibilidades. A polinização assistida já é uma resposta a uma questão de falta de polinizadores que pode estar relacionada com as alterações climáticas. No nosso portefólio temos ainda produtos específicos que mitigam os efeitos de stresses abióticos pontuais como geadas e picos de calor, e para ajudar à homogeneização do abrolhamento pós inverno. A monitorização da água no solo para uma rega ajustada, a instalação de estações de clima que proporcionem informação e modelos preditivos que levem a uma resposta antecipada por parte da produção, são ferramentas de que fazemos uso.
Neste contexto, a HUBEL tem investido em tecnologias de agricultura de precisão, sejam drones, ventiladores antigeada, nebulizadores pneumáticos, etc. Como tem sido a adesão dos agricultores a estas novas tecnologias?
Os nebulizadores pneumáticos eletrostáticos de baixo volume Martignani são a última tecnologia sobre a qual nos temos debruçado e investido em meios e conhecimento. O nome correto é nebulizador e não pulverizador, pois no fundo eles trabalham a uma pressão muito baixa de 1,5atm, muito longe das 50atm de um pulverizador e possuem turbinas de ar potentes que distribuem as gotículas de pequena dimensão uniformemente sobre as plantas. O primeiro contacto com estas máquinas, que podem ter depósitos até 3000l, foi quando iniciámos as polinizações em abacate e amêndoa e surgiu a necessidade de aplicar com uniformidade e precisão volumes de somente 50 l/ha. Mais tarde, começámos a utilizar as mesmas máquinas para fazer aplicações de baixo volume de fitofármacos: onde se aplicam 1000l/há, nós conseguimos aplicar 200l/ha com uma penetração de copa e uniformidade impressionantes, mesmo em citrinos, e com ganhos importantes como escorrimento zero e deriva quase nula (…).
→ Leia este e outros artigos completos, na Revista Voz do Campo – edição de agosto/setembro 2025, disponível no formato impresso e digital.
Veja alguns momentos da entrevista com o Diretor Executivo da Hubel Verde:





