Pedro Vasques Santos Diretor da Divisão de Culturas Extensivas e Membro do Conselho de Administração das Semillas Batlle

Semillas Batlle SA. é o nome da empresa bicentenária que iniciou a sua atividade empresarial na Catalunha no setor das sementes, mas que entretanto foi evoluindo para outros segmentos tendo fechado o último ano fiscal (2021-22) com um volume de faturação muito próximos dos 29 milhões de euros. Consequência do tempo que está no mercado, da proximidade e das sinergias de longa data, Portugal faz parte do mercado doméstico da empresa, ou seja, “não há distinção com o território espanhol”, avança Pedro Vasques Santos, diretor da Divisão de Culturas Extensivas e Membro do Conselho de Administração das Semillas Batlle em entrevista.

Pedro Vasques Santos • Diretor da Divisão de Culturas Extensivas e Membro do Conselho de Administração das Semillas Batlle

Além da visão para o mercado português, fala-nos também do recente reforço da presença no mercado de Portugal com um técnico experiente, Duarte Madeira, em quem deposita total confiança para fazer crescer a marca no território nacional.

Duarte Madeira • Diretor comercial da Semillas Batlle em Portugal

Comecemos por uma breve caracterização das Semillas Batlle e da sua atividade?

Somos uma empresa bicentenária que iniciou a sua atividade empresarial na Catalunha (Espanha) no setor das sementes. Ao longo do tempo evoluiu para o melhoramento, produção, seleção e acondicionamento das mais variadas espécies de semente, tornando-se numa empresa referência na Península Ibérica e no mercado internacional. Atuamos fundamentalmente nas regiões de clima mediterrânico e temperado, mantendo inúmeras relações internacionais com empresas, instituições e parceiros que atuam nestes mercados. Fechámos o último ano fiscal 2021-22 com um volume de faturação muito próximos dos 29 milhões de euros, dos quais 35% no mercado de exportação.

Com o nosso modelo de negócio pretendemos ocupar o espaço criado entre as “grandes esferas”, com poder económico muito superior e colocar soluções diferenciadas ao dispor do mercado. Diversificação é uma das palavras-chave.

Qual é a área de negócio mais representativa?

Atualmente a empresa tem duas divisões de negócio claramente diferenciadas, uma de ‘Culturas Extensivas’ para o mercado agrícola profissional, com 56% do volume de negócios e outra divisão de ‘Horta e Jardim não profissional’, com os restantes 44%.

Na divisão de ‘Culturas Extensivas’ podemos referenciar vários segmentos, nos quais somos detentores de um conjunto muito interessante de variedades PBR´s, nomeadamente cereais (aveia sativa e strigosa, cevada dística e hexástica, trigo duro, trigo mole, triticale, centeio, com mais de três dezenas de variedades próprias), leguminosas grão (ervilhaca comum e vilosa, ervilha forrageiras, favetas, favas, grão de bico, lupinus, com mais de três dezenas de variedades próprias). Também culturas de primavera verão (sorgo grão, sorgo forrageiro, erva do sudão, com 6 variedades próprias), oleaginosas e industriais (girassol híbrido, girassol não híbrido, algodão, colza e soja com mais de uma dezenas de variedades próprias), forrageiras e pratenses (azevéns, festuca, luzerna, trevos e outras forrageiras, com mais de duas dezenas de variedades próprias) e misturas forrageiras (uma linha de negócio que modernizámos há cerca de três anos).

Já na divisão de ‘Horta e Jardim’ podemos referenciar o segmento de sementes hortícolas, aromáticas e flores, em múltiplos formatos e apresentações; bolbos de flores; sementes de relva, tanto em espécies puras como misturas; todo o tipo de hortas e packs de produtos “prontos a usar” para o mercado doméstico; substratos para diversas culturas em formato e composições variadas; fertilizantes para todo tipo de cultivos e em todos os formatos, bem como fitossanitários para garantir a sanidade das culturas.

Colocamos estas soluções ao dispor do mercado, tanto no formato convencional como no biológico.

Qual tem sido o investimento em investigação e desenvolvimento e quais as linhas orientadoras?

Investimos mais de um milhão de euros no Departamento de I+D com o objetivo de continuarmos a ser uma referência num mercado de sementes cada vez mais competitivo. A inovação é geralmente um processo lento, complexo e para atingir o sucesso há que trabalhar sobre um conjunto de fatores dificilmente controláveis.

Somos reconhecidos pela qualidade genética dos nossos produtos, o que tem permitido incrementar a visibilidade da empresa dentro e fora de portas, onde continuamos a procurar novas soluções adaptadas aos requisitos do mercado. A melhoria contínua é um dos objetivos permanentes das Semillas Batlle, e o Departamento de I+D com mais de 15 pessoas, é o garante do futuro da nossa empresa.

São inúmeros os projetos que temos vindo a desenvolver em parceria com diversas entidades públicas e privadas, dos quais têm resultado novas variedades, mas também novas técnicas de melhoramento genético, formação do pessoal técnico e equipa de delegados comerciais que acompanham os nossos clientes.

Há cerca de seis anos investimos num novo laboratório para desenvolvimento de novas técnicas de melhoramento genético: palavras como “speed breeding”, “técnicas DI haploides”, “LDH”, já fazem parte do nosso léxico quotidiano.


Com a VALLCOMPANYS, uma empresa de referência, participamos enquanto parceiro tecnológico num projeto que tem por objetivo criar novas soluções de alimentação humana com proteína elevada, baseada em leguminosas.


Quais as principais dificuldades e desafios na obtenção de variedades?

Numa empresa de sementes o tempo é um dos desafios clássicos do departamento de I+D, e geralmente o processo de seleção de variedades a que nos propomos é longo até se atingir o objetivo final. Outro fator, talvez o mais difícil e desafiante, está relacionado com as alterações climáticas, uma preocupação predominante do nosso departamento, bem como com a sustentabilidade da fileira. Variedades e espécies capazes de resistir à seca, de produzir com baixas necessidades fertilizantes, e que ao mesmo tempo sejam resistentes a pragas e doenças são fatores críticos, sem nunca esquecer que sejam DHE: distintas, homogéneas e estáveis.

O que é que o mercado português representa no negócio da empresa?

Nas análises à evolução do mercado das Semillas Batlle, que realizamos nas inúmeras reuniões de direção ou do Conselho de Administração, Portugal faz parte do nosso mercado doméstico. Não há distinção com o território espanhol. É a consequência do tempo que estamos no mercado, da proximidade e das sinergias de longa data. Como um orgulhoso português que sou, é um motivo de enorme satisfação pessoal.

Ao nível de áreas de negócio, estamos bem implantados na divisão de culturas extensivas, estamos a dar passos importantes com o objetivo de crescer no mercado de Horta e Jardim, no qual vemos muito potencial de crescimento. Temos o objetivo claro de crescer no território e no reforço da marca “Batlle”.

De que forma é que a empresa está presente no mercado português?

O nosso modelo de negócio é quase exclusivamente B2B, com base em parcerias de longa duração, no qual acreditamos no conceito de fileira e de criação de valor acrescentado: o objetivo é levar as melhores soluções agronómicas aos nossos agricultores através daqueles que estão mais próximos e que podem fornecer o pacote completo de fatores de produção agrícola.

Há poucas semanas reforçámos a presença no mercado de Portugal com um técnico experiente, Duarte Madeira, no qual depositamos total confiança para crescer e reforçar a marca no mercado.

E que papel desempenha junto dos agricultores portugueses?

Pretendemos ser uma alternativa de confiança para o agricultor português, colocando ao dispor um portefólio de produtos muito diversificados e bem adaptados às condições edafoclimáticas, associado a elevados standards de qualidade (…).

→ Leia a entrevista completa publicada na edição de outubro 2022 da Revista Voz do Campo.