Introdução

Nos últimos anos o consumo de medronhos em fresco tem vindo ao aumentar devido à sua comprovada riqueza nutritiva que tem conquistado o público em geral. Com o recente aumento das plantações de medronheiro, o aumento da produção de fruto implica a procura de novas formas de utilização do mesmo, de modo a rentabilizar a cultura. Apesar da existência de dificuldades em fazer chegar a produção aos canais de distribuição e consumo, o aparecimento do medronho para consumo em fresco no mercado tem entusiasmado os consumidores levando a uma procura crescente deste produto.

Colheita e pós-colheita
A época de colheita convencional é de setembro a dezembro, sendo que o ritmo e a decisão dependem da experiência do produtor e do estado de maturação apresentado pelos frutos. A maturação do medronho dá-se pelo progressivo aparecimento de características típicas de cor, textura e sabor. Todavia, há critérios que podem ser utilizados para avaliar o estado adequado dos frutos à colheita, tais como a cor, teor de sólidos solúveis (ºBrix) e a firmeza.

A cor é o critério tradicional para a apreciação e seleção do estado de maturação dos medronhos devido à sua evidente e rápida alteração durante o processo de amadurecimento. A firmeza é outro parâmetro que pode complementar a apreciação da cor assim como o ºBrix, sendo estes os critérios que o produtor deve considerar de forma prática na colheita dos frutos.

O produtor que pretende medronhos de qualidade para comercialização em fresco, deverá selecionar frutos que apresentem uma coloração vermelho-alaranjado e uma firmeza de 3-5 N (medido com uma ponteira de 4mm diâmetro), bem como um ºBrix mínimo de 20%.

O medronho provou ser um fruto climatérico, com autocatálise de etileno durante o amadurecimento, podendo por isso ser colhido antes de estar completamento maduro, tendo a capacidade de amadurecer após a colheita. Nos estudo realizados verificou-se que os frutos colhidos com a cor amarela atingem a maturação organolética e ficam vermelhos em pós-colheita, enquanto se forem colhidos com a cor verde não amadurecem de forma correta. Podemos assim utilizar a cor como indicadora da data ótima de colheita. Deste modo consideramos que os medronhos podem ser colhidos a partir do momento que apresentem a cor amarela e até estarem completamente vermelhos no estado de maturação gustativa. O critério será o tempo que se pretende entre a colheita e o consumo, sendo que frutos colhidos completamente maduros terão uma vida útil mais reduzida.

No medronho fresco a conservação pelo frio é um aliado importante. A temperatura ótima de conservação para o medronho é de cerca de 0,5°C e, HR de 90-95% sendo a duração do período de vida, da ordem de 21-28 dias (Guerreiro et al. 2013; 2015).

Devido a ser um fruto que só recentemente se apresentou no mercado como fruto fresco, não existem normas de comercialização específicas para o mesmo. Deste modo, e em resultado dos nossos trabalhos realizados entre 2010 e 2017, apresentamos uma proposta de norma de comercialização para o medronho.

Proposta de norma para a comercialização do medronho
A presente norma aplica-se a medronhos (Arbutus unedo L.) que se destinem a consumo em fresco. Esta norma tem como objetivo definir as características de qualidade que os medronhos devem apresentar depois de acondicionados e embalados.

Características mínimas
Em todas as categorias, tidas em conta as disposições específicas previstas para cada categoria e as tolerâncias admitidas, os medronhos devem apresentar-se:
· inteiros, sem lesões,
· sãos; os produtos que apresentem podridões ou alterações que os tornem impróprios para consumo são excluídos,
· limpos, praticamente isentos de matérias estranhas visíveis,
· com aspeto fresco, mas não lavados,
· praticamente isentos de parasitas ou ataques de parasitas,
· isentos de humidades exteriores anormais,
· isentos de odores e/ou sabores estranhos,
· os frutos devem apresentar um desenvolvimento suficiente e encontrar-se num estado de maturação satisfatório,
· o desenvolvimento e o estado dos medronhos devem permitir-lhes suportar o transporte e as outras movimentações a que são sujeitos e chegar ao lugar de destino em condições satisfatórias.

→ Leia o artigo completo na edição de abril de 2018.

Autoria: Adriana Guerreiro & Dulce Antunes CEOT/MeditBio, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade do Algarve, 8005-139 FARO

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