A fundação da NBerry remonta a 2018, com objetivo inicial de escoar mirtilos ao melhor preço possível, quando os dois responsáveis, Carlos Almeida e Nuno Pais, se aperceberam da insatisfação ao nível comercial dos produtores da região onde estão inseridos (Viseu). A este objetivo vieram somar-se outros como a vontade de ajudar os parceiros a alcançarem mais qualidade, o que passa por melhores técnicas de produção assim como pela procura de novas variedades.

Entretanto a empresa também plantou o seu pomar de seis hectares de mirtilo em solo, cuja primeira colheita de 10 a 15 toneladas está programada para 2023. Já em 2025/2026, quando se atingir a velocidade cruzeiro, a expetativa é atingir as 80 toneladas, havendo já vontade de aumentar a área.

Na cultura do mirtilo os principais cuidados começam pela análise ao solo e respetiva correção, “visto os solos na região serem de pH ácido e propensos à absorção de alumínio pelas plantas, o que as prejudica bastante”. Para contornar este facto recorrem normalmente ao calcário magnesiano da BIOCAL que auxilia ainda na subida ligeira do pH para facilitar a absorção de nutrientes. Tudo isto complementado com uma adubação de fundo à base de fósforo e incorporação de matéria orgânica na linha, não descuidando o controlo de infestantes e sobretudo uma boa técnica de poda e associado a uma fertilização adequada e respetivos tratamentos fitossanitários. A Nberry elegeu a CAMPOCHEIO como parceiro ideal no fornecimento destes fatores de produção agrícola, não só pela proximidade, mas também pelo apoio técnico e confiança que transmitem.

Ainda na produção os dois empresários apontam como principal dificuldade o controlo de pragas, sobretudo roedores, que prejudicam o sistema radicular das plantas e as aves que também causam grandes perdas, não esquecendo a escassez de mão de obra

Na vertente comercial a NBerry trabalha com cerca de 30 parceiros/fornecedores que em 2022 produziram 250 toneladas e já para o próximo ano prevê-se ultrapassarem largamente as 300. Para satisfazer esta expedição a empresa, sediada em Satão, tem instalada uma máquina de escolha e de embalamento, BBC Tecnologie / Tomra.

Totalmente focada no mercado internacional, a empresa dedica apenas 20% da produção ao mercado interno. Os mirtilos são exportados para Inglaterra, Bélgica, Holanda e Alemanha. Só comercializam mirtilo certificados com GlobalGap e está a terminar a implementação BRC Food.

No entender dos produtores, Portugal ainda está a aprender a produzir mirtilo, isto é, começa agora a perceber quais são as melhores variedades que se adaptam ao território e a substituir aquelas que o mercado já começa a rejeitar, “como a ‘Bluecrop’ e ‘Bluegold’ que foram plantadas em 2012/2013 no boom das plantações”. São da opinião de que atualmente o mercado está a evoluir de uma forma muito agressiva e naturalmente está sempre à procura da melhor fruta a nível global, onde Portugal atualmente não está a conseguir acompanhar.

Uma das explicações dos fundadores da NBerry é que o mirtilo ainda é visto como um part-time e não como um negócio e “enquanto não mudar essa mentalidade Portugal poderá ficar para trás no mercado global e deixar de ser competitivo”, argumentam. Como estratégias de mudança apontam para uma maior profissionalização do setor, mais campos de investigação/ experimentação oficiais e respetiva partilha de conhecimento com os novos produtores que queiram instalar-se.

Reportagem completa na edição de dezembro 2022 da Revista Voz do Campo.