Nasceu ligado à produção de trigo duro mas ao longo dos anos foi alargando o seu âmbito de ação e hoje o Clube Português de Cereais de Qualidade integra outros cereais como o trigo mole, a cevada dística e o milho, com destino à alimentação humana. O foco é a valorização da produção nacional assente na qualidade.

Centrado na produção de cereais para alimentação humana, o Clube Português dos Cereais de Qualidade foi criado há 23 anos, numa época em que a Política Agrícola em vigor privilegiava as sementeiras de trigo duro.

Fernando Carpinteiro Albino recorda que a manutenção dessa política ao longo de alguns anos levou a um aumento das áreas semeadas com trigo duro, “por norma de pouca qualidade, sem que este fosse acompanhado por aumentos da produção”.

Foi nessa altura que Fernando Carpinteiro Albino, então Presidente da Direção da ANPOC, mas que há anos se dedicava à cultura de trigos duros de qualidade destinados à semolaria portuguesa então existente – a Amorim Lage – desafiou José Amorim, dono deste grupo industrial, para a criação do então Clube Português do Trigo Duro de Qualidade.

Teve por objetivo a constituição de lotes de trigo duro homogéneos e com as características exigidas pela indústria de semolaria para a produção de massas de qualidade. Para assegurar o cumprimento dessa exigência a ANPOC e a Amorim Lage decidiram introduzir um processo de certificação, assegurado por entidade independente, elegendo a empresa Certis para o efeito, que se mantém até hoje.

Subjacente esteve sempre a missão de aproximar a produção e a indústria, mas não só. Desde a sua constituição, o Clube integra a investigação portuguesa na área dos cereais, através da ENMP – Estação Nacional de Melhoramento de Plantas -, situada em Elvas (hoje INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária). Esta missão de aproximação dos vários intervenientes da fileira pretendeu separar o “trigo do joio” com a intenção de se constituírem lotes homogéneos e de alguma dimensão que permitam também à indústria fazer lotes de sêmola com a homogeneidade e qualidade indispensáveis a um bom produto.

Na sua fase inicial o Clube teve como protagonistas a produção, organizada em agrupamentos de produtores ou cooperativas, todas associadas da ANPOC, o Grupo Amorim Lage, como principal indústria de semolaria portuguesa, e ainda a investigação, através da ENMP de Elvas.

Fotografia de grupo da 46ª AG em maio de 2022, ainda com Fernando Carpinteiro Albino como figura central

Mas, sendo um processo dinâmico, o Clube progrediu, naturalmente acompanhando a evolução da PAC que ao longo destes anos sofreu diversas alterações, nomeadamente a revogação da política do trigo duro. Assim, o Clube foi sucessivamente alargando a sua esfera de atuação, através da inclusão dos trigos moles com destino à panificação, com a entrada das principais indústrias panificadoras nacionais: a Germen, a Carneiro e Campos, a Ceres e a própria Amorim Lage, hoje Cerealis, bem como as fábricas Lusitana e a Insular, da Madeira. A componente da investigação também foi reforçada com o Instituto Politécnico de Beja.

Posteriormente, o seu âmbito de ação foi alargado às cevadas dísticas destinadas ao fabrico de cerveja, com o inerente alargamento às duas principais indústrias cervejeiras nacionais, a Sociedade Central de Cervejas e a Superbock / Maltibérica.

Por último, estando o Clube centrado na produção de cereais para a alimentação humana, alargou-se o âmbito da atividade do Clube à produção de milho para consumo humano com a adesão da ANPROMIS – Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo.

O Clube Português dos Cereais de Qualidade é um clube informal que funciona sob os auspícios da ANPOC, sendo tacitamente aceite por todos os membros que a Presidência da Mesa deve pertencer ao setor da Produção. Após a penúltima Assembleia Geral do Clube, em que foi anunciada a saída de Fernando Carpinteiro Albino, a Direção da ANPOC, juntamente com os representantes das suas Associadas, concluiu que por motivos estratégicos e de consolidação dos objetivos, a próxima Presidência do Clube deveria ser assumida por um dos membros da Direção da ANPOC. Esta escolha recaiu sobre José Maria Rasquilha, Vice-Presidente da ANPOC que tem a seu cargo o pelouro afeto à marca ‘Cereais do Alentejo®’ (…).

→ Leia o artigo completo na edição de janeiro 2023 da Revista Voz do Campo.

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