Introdução: As árvores de fruto são seres vivos, e como tal, respiram, transpiram, absorvem água e nutrientes e reproduzem-se. Estão dependentes das condições edafoclimáticas onde são plantadas, o que pode condicionar o desenvolvimento do seu sistema radicular e aéreo e a sua produtividade.

Este desenvolvimento depende, também, da forma que pretendemos dar às árvores e das diferentes operações culturais que praticamos ao longo do ciclo, nomeadamente a rega, fertilização, controlo das pragas e das doenças.

A poda é uma operação cultural que através da supressão e/ou encurtamento de partes de ramos permite controlar o espaço ocupado pelas árvores, facilitar o arejamento e iluminação da copa, regularizar e melhorar a produção, assim como, a qualidade dos frutos. Esta, depende de diferentes fatores, nomeadamente a espécie, a variedade, o porta-enxerto, o solo, o clima, a idade da árvore e a produção do ano anterior. As árvores também têm as suas exigências intrínsecas que, por vezes, não são levadas em conta quando as plantamos e que, por essa razão, a sua produção pode ser nula ou reduzida. Muitas vezes, pretendemos resolver esta falta de produção ou de desenvolvimento da árvore através da tesoura de poda.

Num pomar dificilmente encontramos duas árvores iguais, cada uma pode ter o mesmo número de ramos, mas a orientação, a inserção ou o diâmetro e comprimento dos mesmos pode ser diferente pelo que, a poda também tem de ser diferente. Ao observarmos essas mesmas árvores, antes de as podar, também temos perspetivas diferentes conforme o ângulo de visão, seja do lado do vento predominante ou do lado contrário a este.

Na poda temos de conhecer os princípios básicos, compreende-los e aplicá-los consoante a situação e passado algum tempo devemos observar a reação das árvores à nossa intervenção. Em condições normais, se as árvores têm muito vigor e pouca fruta, possivelmente a poda que praticamos foi severa, pelo contrário, se tem muita fruta e pouco vigor, então a poda foi ligeira.

Neste artigo tentaremos abordar de forma simples e objetiva, alguns dos princípios básicos da poda.

O que devemos conhecer antes de podar uma fruteira

A primeira coisa que devemos conhecer numa fruteira antes de a começar a podar é: quais são os gomos onde produz flores. As fruteiras têm diferentes gomos que se distinguem pela sua natureza: gomos folheares ou olhos que em geral são estreitos e pontiagudos e que originam folhas e ramos (figura 1); gomos florais ou botões que são largos e arredondados e que originam flores (figura 2) e os gomos mistos que emitem lançamentos ao longo dos quais surgem folhas e flores. Os gomos podem ainda classificar-se quanto à sua posição, época de desenvolvimento e quanto à sua orientação. Noutra oportunidade desenvolveremos este assunto.

Devemos ainda saber que, as fruteiras têm ramos específicos para produzir folhas – órgãos de vegetação, e outros para produzir fruta – órgãos de frutificação. Os primeiros são as verdascas simples (ramos finos e flexíveis com 10 a 20 cm de comprimento) e os dardos (ramos rígidos e curtos) (figura 3), ambos terminam em gomos folheares. Os segundos, são as verdascas coroadas e os esporões (figura 4) que se distinguem dos primeiros por terminarem em gomos florais e as verdascas mistas que têm gomos florais e folheares ao longo da mesma (…).

→ Leia o artigo completo na edição de fevereiro 2023 da Revista Voz do Campo.

Autor:
Rui M. Maia de Sousa
INIAV, I.P.
Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade
2460-059 Alcobaça – Portugal
E-mail: rui.sousa@iniav.pt