“O primeiro ponto importante para desenvolver o plano de ação proposto é devolver a economia aos territórios e desenvolver as economias locais.

É isso que estamos a tentar fazer em articulação com o Ministério do Ambiente e da Ação Climática, o facto de termos politécnicos e universidades espalhados pelo interior do País, criou nesses territórios dínamos para o desenvolvimento local. Termos em Bragança, Castelo Branco, Elvas ou Santarém grandes polos de tecnologias agrícolas que estão em desenvolvimento, tem trazido saber e conhecimento e pode ter impacto na reversão da condição agrícola do País.

Uma das grandes medidas será a questão do emparcelamento, de perceber como é que poderemos fomentar através de incentivos fiscais uma espécie de gestão agregada da floresta e do território.

O problema da floresta radica na necessidade de uma visão integrada do território, que estamos a desenvolver no trabalho com todos estes setores, na mobilização do País para fazer essa transformação e na criação de uma ‘internet do território’, que permita gerir o território de forma diferente, transformando os dados em conhecimento.

Quando olhamos para o nosso território, temos 75% da população concentrada ao longo da faixa litoral, faixa essa responsável por quase 80% do Produto Interno Bruto nacional. E depois temos as vastas regiões do interior, muitas delas desertificadas com o impacto forte que estão a sofrer das alterações climáticas.

Se não conseguirmos descentralizar a economia do País e fazer crescer as economias locais ao longo da faixa interior, vai ser muito difícil não só reorganizar a floresta como desenvolver todo este ecossistema.

É extremamente importante não só lutar como estamos a fazer, mas simultaneamente recriar o espaço e recriar o território”.

Declarações realizadas no âmbito do estudo «Perspetivas para a Valorização da Floresta Portuguesa», da Boston Consulting Group, que foi apresentado na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no passado dia 16 de fevereiro de 2023.