No ano em que celebra 35 anos, a ANPROMIS mobilizou cerca de 900 pessoas, dos quais 300 alunos, para participarem no XIV Congresso Nacional do Milho, que decorreu em Santarém, nos passados dias 15 e 16 de fevereiro, revelando assim mais uma vez a reconhecida capacidade mobilizadora desta Organização.

Em Santarém, cidade que se designa como capital da agricultura de regadio, foram muitos os agricultores, técnicos e académicos que se juntaram para discutir vários temas desde o papel da agricultura na geopolítica mundial até ao PEPAC, passando pelo regadio e a energia, questões centrais na agricultura nacional.

O XIV Congresso Nacional do Milho foi também um momento para assinalar os 35 anos da ANPROMIS, com um vídeo comemorativo e, à semelhança do que aconteceu no 25.º aniversário, ex-ministros da agricultura juntaram-se para debater o futuro da agricultura portuguesa.

Após dois dias de debate, a ANPROMIS conclui:

• O XIV Congresso Nacional do Milho revelou, mais uma vez, a grande capacidade mobilizadora da fileira do milho que como nenhuma outra no nosso país, mobiliza pessoas e dinamiza iniciativas.

• A agricultura é essencial para a segurança alimentar do mundo. Num mundo que vive uma situação geopolítica imprevisível, é importante a Europa garantir a segurança alimentar dos seus cidadãos e definir uma estratégia agrícola que defenda os Estados-membros.

• Os desafios do setor agroalimentar passam também por assegurar que os mais desfavorecidos continuam a ter acesso a alimentos produzidos de forma segura e com qualidade.

• A situação geopolítica mundial traz novos desafios aos agricultores que têm de continuar a produzir alimentos, apesar dos custos crescentes da energia e dos fatores de produção.

• O agricultor é um agente energético, tende a produzir energia, mas compra também muita dela. A energia é assim um dos grandes desafios dos agricultores de regadio pelo que urge pensar novas estratégias, sendo que uma delas passa por produzir a própria energia com a colocação de painéis fotovoltaicos nas explorações agrícolas.

• A água e o desenvolvimento rural estão indiscutivelmente ligados no mediterrâneo, pelo que não podemos conceber um desenvolvimento territorial sem uma agricultura bem implementada e que traga rendimento aos agricultores.

• Num período marcado pelas alterações climáticas, o nosso país deverá apostar de forma decidida na expansão de novas áreas regadas, no reforço das reservas de água existentes e na reabilitação de alguns dos perímetros de rega mais antigos.

• A ajuda ligada prevista no âmbito do PEPAC para o milho grão e para o milho silagem constitui um sinal bastante positivo para esta fileira. Revela-se no entanto fundamental que a mesma vá sendo ajustada em função do decréscimo do pagamento base previstos para esta cultura até 2026.

• É imperioso que o PEPAC na sua vertente ambiental (eco-regimes e medidas agro-ambientais) seja ajustado às reais necessidades do sector agrícola, nomeadamente com a criação de uma medida no âmbito da agricultura de precisão.

• Ao nível da Produção Integrada e da medida do Uso Eficiente da Água é imperioso que tanto as normas como as tabelas de dotação de rega, sejam ajustadas à realidade agrícola nacional, sob pena de se excluir deste apoio uma vasta área do nosso território.

• As Organizações de Produtores (OP), como estruturas essenciais para a concentração da oferta, são fundamentais à competitividade da agricultura portuguesa e o seu contributo deve ser reconhecido através do reforço das suas atribuições no âmbito do novo PEPAC, discriminado muito positivamente os agricultores que comercializam a sua produção através delas.

• Face aos crescentes efeitos das alterações climáticas que se fazem sentir em grande parte do território europeu, a Assembleia Geral da CEPM que reuniu no dia 16 fevereiro no âmbito deste Congresso, concluiu que a União Europeia deve olhar para o regadio de uma forma muito mais atenta e desassombrada, pois a falta de precipitação está a afectar um número crescente de Estados-membros.

• A CEPM registou com especial agrado a decisão do Tribunal Europeu de considerar as técnicas de mutagénese in vitro como não estando sujeitas à Directiva dos OGM, o que facilitará certamente a implementação das Novas Técnicas Genómicas no espaço europeu com evidentes benefícios para o sector do milho.

• Urge o Ministério da Agricultura reforçar o seu peso político dentro da orgânica do Governo, de forma a defender com a devida veemência um sector que se revela tão importante para o coesão do nosso território.


Tendo em conta a relevância deste evento, aceda aqui às Conclusões e às quatro apresentações efectuadas:

→ Dia 15 de Fevereiro (quarta-feira)

10h30 | Sessão de Abertura
Jorge Neves (Presidente da ANPROMIS)
Nuno Russo (Vereador da C. M. Santarém)

11h00 | Qual o papel da agricultura na geopolítica mundial?
Moderador: Manuel Carvalho (Director do PUBLICO)
Orador: Máximo Torero (Economista-chefe da FAO) (Consulte a apresentação)
Comentadores:
Fernando Melo Gomes (Grupo de Reflexão Estratégica Independente)
Joana Silva (Católica Lisbon School of Business e Consultora do Banco Mundial)
Sofia Moreira de Sousa (Representante da Comissão Europeia em Lisboa)

15h00 | Crise energética: Como nos adaptarmos?
Moderador: Luís Ribeiro (Director da revista Visão Verde)
Oradora: Maria João Coelho (BCSD Portugal) (Consulte a apresentação)
Comentadores:
João Coimbra (Director da ANPROMIS)
Luís Mira Amaral (Presidente dos Conselhos da Indústria e Energia da CIP)
Samuel Taylor (Rabobank Research)

16h30 | O futuro da produção de milho em Portugal: constrangimentos e oportunidades
Moderadora: Custódia Correia (Coordenadora da Rede Rural Nacional)
Oradores:
Marisa Costa (Agricultora na região Norte)
Diana Valente (Agricultora na região Centro)
Ambrósio Raposo (Agricultor na região Ribatejo)
Pedro Guiomar (Agricultor na região Alentejo)
Nélio Miranda (Agricultor nos Açores)


→ Dia 16 de Fevereiro de 2023 (5ª feira)

09h30 | A importância do regadio para os países mediterrânicos
Moderadora: Teresa Silveira (Público)
Orador: Plácido Plaza (Secretário-geral do CIHEAM) (Consulte a apresentação)
Comentadores:
Daniel Peyraube (Presidente da CEPM)
Joaquim Poças Martins (Docente na FEUP)
José Núncio (Presidente dos Irrigants d´Europe)
José Pimenta Machado (Vice-Presidente da APA)
Rogério Ferreira (Director-geral da DGADR)
 
12h00 | A produção de milho no âmbito do novo PEPAC
Moderador: José Diogo Albuquerque (Director do Agroportal)
Orador: Eduardo Diniz (Director-geral do GPP) (Consulte a apresentação)
Comentadores:
Francisco Avillez (Professor Emérito do ISA)
Luís Bulhão Martins (Director da ANPROMIS)
Luís Mira (Secretário-geral da CAP)

16h30 | Que desafios se colocam à agricultura portuguesa nas próximas décadas?
Moderadora: Isabel Martins (Directora da Vida Rural)
Oradores:
Arlindo Cunha (Ministro da Agricultura entre 1990 e 1994)
Fernando Gomes da Silva (Ministro da Agricultura entre 1995 e 1998) (*)
Luís Capoulas Santos (Ministro da Agricultura entre 1998 e 2002 // 2015 e 2019) (*)
Carlos Costa Neves (Ministro da Agricultura entre 2004 e 2005)
António Serrano (Ministro da Agricultura entre 2009 e 2011)
Assunção Cristas (Ministra da Agricultura entre 2011 e 2015)

18h00 | Sessão de Encerramento
Jorge Neves (Presidente da ANPROMIS)
Eduardo Oliveira e Sousa (Presidente da CAP)

Informação disponibilizada pela Anpromis.

→ Não perca a reportagem especial sobre o Congresso na nossa próxima edição (março 2023).