Feira Nacional de Agricultura/Feira do Ribatejo (FNA 23) decorre entre 3 e 11 de junho de junho no Centro Nacional de Exposições, em Santarém, com o ovo como tema central e irá promover uma grande variedade de produtos tradicionais portugueses.

Durante nove dias, a Nave A recebe mais uma edição do Salão Prazer de Provar, que reúne no mesmo espaço vários produtos de grande qualidade como vinhos, azeites, queijos, enchidos, méis, compotas, frutas, entre outros bens alimentares e proporciona ao consumidor o acesso a alguns dos melhores produtos nacionais, nomeadamente os “Melhores dos Melhores” dos Concursos Nacionais.

Realce também para o espaço dedicado ao Programa Portugal Sou Eu, iniciativa que visa a dinamização da produção nacional e que conta com vários representantes que estão no mercado. Paralelamente decorrem ações de “Cozinha ao Vivo” com mostras e degustações de produtos.

Na Nave C, os visitantes poderão provar produtos tradicionais nos vários locais de degustação que ali estão presentes e na Zona Exterior vários Restaurantes de Carnes de Raças Autóctones, assim como Tasquinhas dinamizadas por associações e coletividades da região estão à disposição dos visitantes.

  • Paulo Mota

Presidente da Associação Nacional de Produtores de Ovos (ANAPO)

Tendo o ovo como tema central, como olha a ANAPO para um certame com a dimensão da Feira Nacional da Agricultura?

Para mim, a Feira Nacional da Agricultura é uma feira de referência a nível nacional, ou até a Feira da Agricultura, acho que lhe podemos chamar, assim, a grande feira da agricultura em Portugal.

Não poderíamos deixar de associar a produção de ovos a esta feira, a este certame, e já éramos para o ter feito há dois anos atrás, mas, fruto da pandemia, não foi possível. Portanto, nós entendemos que é uma oportunidade única, uma oportunidade ímpar para comunicar aquilo que se faz sobre a produção de ovos em Portugal, e dar a conhecer o ovo. As expectativas são muito grandes e é uma grande aposta que nós estamos a fazer na feira, para promover o setor.

O setor do ovo tem perspetivas de crescimento, tanto no mercado nacional como a nível da exportação?

O setor da produção de ovos em Portugal não é um sector de grande dimensão em termos de valor de volume de faturação no sector agrícola, ou até na pecuária nacional. É, de facto, um sector que deverá faturar cerca de 300 milhões de euros e ocupará cerca de 1.000 pessoas. Não é propriamente um sector grande, mas é um sector importante pela qualidade e por aquilo que é o ovo enquanto alimento, pelo seu valor nutricional, e pela sua riqueza em proteína também. E há muito para descobrir no ovo, que nos últimos anos se tem vindo a afirmar enquanto fonte de alimento, e a prova disso é que, no último ano, o consumo de ovos em Portugal aumentou mais de 7%.

Portanto, é um alimento que, em épocas de crise, poderá substituir outras proteínas animais e, por isso, tem-se vindo a afirmar como tal, e vai continuar a ser mais procurado.

Em relação ao setor da produção de ovos em Portugal, em termos de dimensão, estimamos que a nossa capacidade de alojamento já supere os 9 milhões de galinhas, mas, no entanto, o número de galinhas alojadas, em permanência, não chega a 8 milhões.

Qual é o papel da ANAPO junto dos seus associados e na fileira da produção do ovo em Portugal?

O setor da produção de ovos em Portugal e em toda a Europa é já muito especializado, muito evoluído tecnologicamente, que faz já aquilo que muitos outros setores, ou mesmo alguns setores da pecuária, começam a falar neste momento. Nós já demos esse passo há algum tempo, temos pavilhões totalmente equipados, tecnologicamente controláveis, desde a temperatura ao peso dos animais, ao consumo diário de ração ou água. Podemos consultar essa informação com smartphones. Nós evoluímos muito, e as próprias empresas do sector foram criando estrutura também nessa matéria, que é técnica, inclusivamente técnica. Neste momento, discutimos o tema do fim das gaiolas e a passagem a sistemas alternativos, exclusivamente alternativos, e um exemplo disso é este que temos aqui, com galinhas de ar livre ou biológicas, neste caso concreto. Portanto, como eu referi, o trabalho da ANAPO passa muito pela representação do sector, e é o interlocutor com entidades oficiais, e fazer passar e demonstrar que existem problemas e negociar esses problemas. É muito isso.


  • Frederico Falcão

Presidente da Viniportugal

Para a Viniportugal, qual é a importância de marcar presença num certame com a dimensão da Feira Nacional da Agricultura?

A Feira da Agricultura no CNEMA é o grande evento agrícola nacional. Atendendo à importância que os vinhos têm no sector nacional, no agroalimentar, na imagem de Portugal, quer cá dentro, quer lá fora, naturalmente, não podíamos deixar de marcar presença num evento desta envergadura.

A ViniPortugal tem vindo há muitos anos a associar-se ao evento e lá estaremos em 2023.

De que forma o atual concurso de vinhos organizado pela Viniportugal está ligado à Feira Nacional da Agricultura?

O Concurso de Vinhos de Portugal vai para a sua 10ª edição e sucedeu ao Concurso Nacional de Vinhos Engarrafados, que também já se fazia há muitos anos, e também no CNEMA.

É o grande concurso nacional de vinhos, é o maior, tem cerca de 1.500 amostras a concurso e é para nós, sobretudo uma montra, porque nós trazemos ao concurso nacional vários provadores estrangeiros. Portanto, aproveitamos este evento, no fundo o concurso em si, para trazer a Portugal muitos jornalistas e sommeliers, que cá se chamam escanções, dos vários países onde nós operamos. A Viniportugal opera em 20 países e trazemos cerca de 30 convidados estrangeiros a Portugal. Mais do que um concurso, é uma ação de charme.

Quais são os grandes objetivos do Concurso de Vinhos de Portugal, em 2023?

Para 2023, o nosso objetivo é atingir novamente a marca das 1.500 referências a concurso. Estamos, neste momento, a endereçar convites a vários provadores e jornalistas internacionais para virem a Portugal, vamos ter grandes nomes a provar os vinhos, vamos ter cá pessoas de grande renome internacional.

Esperamos que os produtores adiram, para que consigamos ter uma boa representação de vinhos portugueses, de bons vinhos portugueses, para que quem nos visita tenha acesso também a provar aquilo que de bom se faz em Portugal. Portanto, é um convite a todos para participar.

Na ótica dos produtores, quais são as grandes vantagens em participar no Concurso de Vinhos de Portugal?

Todos os produtores têm muita vantagem em estar dentro do concurso. Desde logo, porque nós trazemos pessoas importantes nos vários dos 20 mercados onde trabalhamos. Eles vêm a Portugal, e é uma possibilidade de terem os seus vinhos a ser mostrados a estes convidados.

Há uma vantagem em participar no concurso, sobretudo para aqueles que têm os vinhos medalhados, porque, por exemplo, nas grandes feiras na Europa e feiras fora da Europa, nós temos sempre uma zona que tem os vinhos medalhados, em que todos os produtores que lá estão e que têm vinhos medalhados têm, para além dos seus stands, para além daquilo que estão a mostrar, têm uma outra zona que é suportada por nós, onde está uma mostra dos vinhos medalhados.

Portanto, há uma vantagem grande, têm muito mais visibilidade em relação aos outros, aqueles que têm os seus vinhos medalhados, naturalmente, têm muito mais visibilidade.

Portanto, é mais fácil passar a imagem da qualidade dos seus vinhos e das suas marcas.


  • Manuel Gabirra

Presidente da Adega Cooperativa de Almeirim

A Adega Cooperativa de Almeirim é presença assídua na Feira Nacional da Agricultura há muitos anos. Esta relação tem sido importante na promoção dos seus vinhos?

A adega, já há mais de 20 anos, tem colaborado sempre com a Feira Nacional da Agricultura, antiga Feira do Ribatejo, estamos sempre com muito empenho e orgulho.

O ano passado tivemos presentes com a nossa carrinha personalizada com o nosso vinho “ Cacho Fresco” e “ Obelisco “ o que foi um grande sucesso.

Os visitantes mostram agrado e muitos reconhecem a mesma, visto estar presente ao longo do ano aos fins-de-semana em Almeirim em frente aos principais restaurantes da nossa cidade, a dar provas de vinhos, que nos tem trazido mais valias.

Em termos de qualidade e quantidade, como foi a última colheita da Adega de Almeirim, tendo em conta que foi um mau ano agrícola para muitos produtores?

O ano para nós, comparando com as condições meteorológicas não terem sido as melhores, na maior parte do país, foi considerada uma colheita normal, uma vez que estamos num local privilegiado, os terrenos são muito bons, e temos muita água para regar.

A nossa casta principal é o Fernão Pires e a qualidade das nossas uvas nesta ultima colheita foi idêntica á anterior ou seja com muita qualidade.

Fale-nos um pouco da Adega Cooperativa de Almeirim, em termos de dimensão e da sua atual capacidade de produção.

Sendo a maior Adega do país composta por 170 sócios, produzimos em vinho engarrafado e em Bag-in-Box cerca de 13 milhões de litros.

A adega também comercializa vinho a granel, vendido anualmente a clientes certos.

Quando se inicia a vindima, já temos o vinho a granel e engarrafado todo vendido, e iniciamos novo processo, uma vez que temos capacidade de armazenamento para a nova campanha que se inicia.

A Adega Cooperativa de Almeirim está presente em mercados estrangeiros?

Na exportação, comercializamos cerca de 10%, que equivale a 1 milhão de litros de vinho engarrafado, estamos em grande crescimento em vários mercados no exterior.

Exportamos para o Brasil, para a Polónia, Lituânia e mercado da saudade na Europa, Em África estamos presentes nos países Palop.


  • Ana Soeiro e Paula Moniz

Qualifica / ORIgin Portugal

Na vertente do produtor tradicional, qual são as vantagens de promover os seus produtos num palco como a Feira Nacional da Agricultura?

  • Ana Soeiro

Eu acho que a importância da feira tem vindo a ser crescente para o setor dos produtos tradicionais, porque, sem dúvida nenhuma, o CNEMA tem dado uma visibilidade aos produtores tradicionais, visibilidade essa que pode aumentar. Vamos tentar este ano que ainda seja mais visível. Mas, de qual- quer maneira, tem ajudado a consolidar a boa reputação de que gozam muitos dos nossos produto- res que se atrevem, porque é uma questão de coragem, vir a concurso nacional não é para todos.

É preciso ter coragem, é preciso ter a certeza que o produto vale, e, depois, ter a certeza de que o júri é isento e classifica os produtos em função da qualidade e não em qualquer outra relação.

Portanto, a feira assume aqui um papel importante para os produtores, tanto é que eles vêm e continuam a concorrer, e a feira continua a ter importância para eles.

Os concursos da Qualifica / ORIgin Portugal são uma porta aberta para todos os produtores?

  • Paula Moniz

Todos os anos, felizmente, recebemos cada vez mais produtores a concurso, e vamos realizando os concursos ao longo do ano. A nossa ideia é que todos os anos consigamos chegar a mais produtores, a novas empresas, a novos pequenos produtores que queiram promover o seu produto.

Acreditamos que vale a pena preservar o que é tradicional. Vale a pena porque acaba por ajudar os produtores a promover o seu produto e ajuda também a manter a manter uma tradição. E é para isso que nós cá estamos.

Em relação ao grande tema para a FNA23, o que acha da escolha do ovo?

  • Ana Soeiro

Eu acho que, este ano, há aqui uma relevância particular. O ovo é uma coisa muito presente na alimentação dos portugueses, assume um papel preponderante sobretudo ao nível da doçaria, da nossa doçaria, e da nossa doçaria conventual em particular.

Como nós, ao nível da Qualifica e da PTPT, que é uma associada da Qualifica, estamos a lançar as bases, juntamente com a Universidade de Coimbra, para apresentar o dossier de candidatura da Doçaria Conventual a Património Imaterial da Humanidade na UNESCO, achamos que até o tema foi muito bem escolhido, e está muito bem. E acho que toda a gente vai ficar muito bem, porque o ovo, de facto, é uma coisa importante na nossa alimentação e na nossa economia.


  • Sónia Outeiro

Responsável Qualidade A Pousadinha

A Pousadinha marca presença há vários anos na Feira Nacional da Agricultura. Para a empresa, qual é a importância de estar presente num certame desta dimensão?

A Feira Nacional da Agricultura é paragem obrigatória para a Pousadinha já há muitos anos, temos um gosto enorme em estar presente nessa feira, e este ano principalmente, porque o tema é o ovo, que é só a nossa matéria prima com mais relevância.

O nosso produto mais icónico é o pastel de Tentúgal, que é essencialmente um doce de ovo, e usamos ovos para imensas doçarias, aqui é mesmo a nossa matéria prima mais abundante e mais frequente nos nossos bolos.

O que é que a Pousadinha quer trazer da Feira Nacional da Agricultura, ou seja, quais são os objetivos desta participação regular?

Nós temos um carinho muito especial por Santarém, pela Feira da Agricultura. Estamos lá há muitos anos, e temos muitos clientes regulares que vão mesmo procurar-nos.

A organização da feira tem sido incrível connosco, e nem sequer pomos em questão não estar presentes.

O nosso objetivo é o negócio, acima de tudo, e a divulgação do produto e a divulgação da casa. É uma excelente feira e é um excelente momento que passamos lá. Continuaremos a apostar na melhor matéria prima de qualidade, no produto de excelência e também na nossa simpatia, claro.

A Pousadinha é uma verdadeira colecionadora de prémios pela qualidade na confeção dos seus produtos. Essas distinções são importantes?

Os prémios ganhos através do CNEMA e da Qualifica são prémios com grande relevância e grande reconhecimento. Recentemente, ganhámos com o bolo-rei o concurso “Melhor dos Melhores” e isso teve um grande impacto, tanto a nível de comunicação social, como de clientes, como de vendas.

E é fantástico, também já ganhámos a medalha de ouro no pastel de Tentúgal e na queijada de Tentúgal. Acaba por ser um concurso muito credível e as pessoas apreciam muito.

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