O Presidente da Associação Nacional de Produtores de Cereais, José Palha, em entrevista à Rádio Antena 1, refere que como o Inverno veio seco, sem chuva não há grão.“A maior parte das plantas nasceram, emergiram com a pouca humidade que ainda existia no solo, mas a partir daí, faltando-lhe água a perda é total, já estão neste momento a entrar na fase do espigamento, e essas espigas não irão produzir grão, por isso nós temos uma situação absolutamente dramática em termos de produtividade, que será zero ou muito próximo do zero nos cereais de Outono Inverno de sequeiro este ano”.

Este ano, pela primeira vez e para incentivar a produção de cereais em Portugal, os produtores iriam ter um apoio à produção por hectare. A associação já pediu à Ministra da Agricultura que mantenha este apoio mesmo sem a produtividade mínima, “isto é, se a cultura não produzir nada, que é o que é expectável que eles possam receber essa ajuda na mesma, entende o dirigente” e como muitos destes agricultores têm também gado e há ainda menos pastagens que no ano passado foi também pedida autorização para que os animais possam pastar, não só nestas parcelas de cereais, como nas parcelas que estão em pousio, “contamos no máximo até meados da semana que vem ter já alguma resposta por parte da Senhora Ministra”.

  • Ministro do Ambiente já tinha admitido que poderá ser necessário aplicar medidas de contingência

A seca não é novidade e não deixará de existir, os produtores de cereais aguardam por sementes de plantas mais adaptadas a estas condições, um trabalho científico que já está a ser feito, e defendem menos burocracia para que se possam criar pequenas reservas de água com charcas. Quase metade do país está em seca meteorológica e três albufeiras a menos de 15% da capacidade, revela o último boletim climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. A situação agravou-se no mês de Março, sobretudo na região sul. A Comissão de acompanhamento dos efeitos da seca reúne hoje pela primeira vez este ano. Em declarações recentes, o Ministro do Ambiente já tinha admitido que poderá ser necessário aplicar medidas de contingência.