Eis que após muitos anos, o preço do leite sobe, conseguindo-se assim corrigir alguns desequilíbrios na fileira, sem dúvida um incentivo para os produtores poderem continuar a produzir.

Esta conquista, chamemos-lhe assim, não pode ser colocada em causa, sob pena de nos tornarmos deficitários na produção de leite em poucos anos. Recorde-se que a qualidade do leite de vaca produzido em Portugal é de excelente qualidade, conforme referem as amostras analisadas entre 2008 e 2018 na Associação para o Laboratório Interprofissional do Sector do Leite e Lacticínios (ALIP).

Ainda assim, há indicações de que as empresas de laticínios europeias e espanholas pagam cada vez melhor aos produtores espanhóis o que não acontece em Portugal onde o setor da recolha e transformação do leite está dominado por organizações cooperativas. Mas apesar de algumas melhorias, não podemos ignorar que o panorama do setor do leite em Portugal atravessa um momento de grande incerteza provocada pela instabilidade dos mercados bolsistas e pela inflação galopante, com os preços dos fatores de produção a subirem desde o início da pandemia, depois a acentuarem-se com a guerra na Ucrânia, apesar de uma certa estabilização mais recente.

Também a seca, o envelhecimento dos agricultores e a falta de mão de obra contribuem para este cenário. Ditam os números que os produtores agrícolas portugueses são os mais envelhecidos da União Europeia (UE-27). Pelo que para contrariar esta tendência, são muitos os desafios que se colocam, destacando a urgência em motivar e apoiar cada vez mais a instalação dos jovens no acesso à terra e ao capital, sendo fundamental uma resposta mais célere às candidaturas.

De salientar entretanto que para o sucesso da bovinicultura é naturalmente importante ter em conta todo um conjunto de preocupações entre as quais um maneio adequado da vacada para que os objetivos de reprodução sejam atingidos. A sanidade animal também faz parte das preocupações dos produtores. Refira-se por exemplo a mastite em vacas leiteiras que evoluiu imenso nos últimos anos, não só em termos de tipos e classificação, mas também no que toca à prevalência dos principais agentes que causam a doença. Por conseguinte, será necessário implementar novas estratégias para o controlo da mastite bovina nas nossas explorações. Nas páginas centrais desta edição, na reportagem sobre bovinicultura, convidamos a conferir as últimas tendências de controlo da mastite bovina e das técnicas mais eficazes.Boa leitura!

Edição de maio 2023 da Revista Voz do Campo: