Falar em bovinicultura é o mesmo que falar em criação de gado, sendo dividida em leite e em produção de carne, que faz parte de um modo de vida há décadas em muitas regiões do nosso país.

Falar em bovinicultura é o mesmo que falar em criação de gado, sendo dividida em leite e em produção de carne, que faz parte de um modo de vida há décadas em muitas regiões do nosso país. Mas falar em pecuária atualmente é falar em inúmeras dificuldades provocadas pelo envelhecimento dos agricultores (4% dos agricultores têm menos de 40 anos), a guerra na Ucrânia, a inflação e os custos de produção. É de registar no artigo de autoria de Jaime Carneiro da Associação de Jovens de Agricultores de Portugal (AJAP), e no caso particular na produção de leite, o recuo ao nível do número de produtores. De acordo com dados do IFAP, passamos de cerca de 12 mil produtores em Portugal Continental em 2004/2005 para 1493 em 2022. Os Açores contam atualmente com 2044 e a Madeira, 5 (ver página 46). A falta de mão de obra, a seca, menos forragens e de menor qualidade, e a falta de valorização por parte do poder político e da própria sociedade, são também exemplos das muitas dificuldades que o setor enfrenta, conforme pode ler-se na entrevista a Marisa Costa, vice-presidente da Associação de Produtores de Leite de Portugal (APROLEP), (ver páginas 12 a 14).

Mas, no meio de tantas dificuldades, existem também oportunidades. Veja-se no artigo de opinião de Idalino Leão (ver página 39) que temos que saber explorar, como por exemplo o nosso deficit em relação à produção de carne de bovino. As explorações leiteiras sempre marginalizaram a capacidade produtiva de carne dos seus animais. Seja em modelos verticalizados ou em modo individual, pode ser uma alternativa para aqueles que queiram diferenciar a sua atividade e com isso produzir um produto que vá de encontro às necessidades do mercado.

De salientar entretanto que para o sucesso da bovinicultura é naturalmente importante ter em conta todo um conjunto de preocupações entre as quais um maneio adequado da vacada para que os objetivos de reprodução sejam atingidos. A sanidade animal também faz parte das preocupações dos produtores. Refira-se por exemplo a mastite em vacas leiteiras que evoluiu imenso nos últimos anos, não só em termos de tipos e classificação, mas também no que toca à prevalência dos principais agentes que causam a doença. Por conseguinte, será necessário implementar novas estratégias para o controlo da mastite bovina nas nossas explorações. Nas páginas centrais desta edição, na reportagem sobre bovinicultura, convidamos a conferir as últimas tendências de controlo da mastite bovina e das técnicas mais eficazes.

Ao longo desta grande reportagem falámos com vários agentes do setor, que apesar do cenário dramático, sublinham a importância de manter a produção, aproveitar o que existe de bom e maximizar o efeito escala de comprar e vender em grupo é um caminho que deve continuar a ser feito.

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