Daniel Montes é formado em agronomia. Atualmente, para além do cargo como diretor geral na empresa de consultoria agroflorestal – O Trevo, com sede em Beja, é produtor de romãs, nectarinas, alperces e amêndoas.

Foi num pomar de romãs e amendoal, que o agrónomo recordou à nossa reportagem que com o desenvolvimento do projeto Alqueva, O Trevo, a operar há cerca de 4 décadas, adaptou-se às novas realidades e paisagens da região. Assim, com a chegada da água de Alqueva começaram a plantar e a gerir os primeiros pomares de romãzeiras, frutos de caroço e amendoal.
No pomar de romãs, que visitámos no início da floração (em finais de abril), predomina a variedade californiana Wonderful, a variedade “mais cultivada no mundo”, segundo o agrónomo. “A Wonderful, tem algumas particularidades. Tem um sabor que é mais apreciado pela sua acidez”, carateriza. No pomar adotaram uma prática agronómica por causa da própria fenologia da planta. Com as estruturas fixam as braçadas e ela fica menos vulnerável aos ventos e vão ter menos “marcas” na fruta.

Em termos sanitários, nesta altura (floração) é “frequente aparecer o piolho, um piolho específico da cultura da romãzeira (…) tentamos manter algum enrelvamento natural para possuirmos alguns inimigos naturais na cultura. Contudo, há doenças que são mais problemáticas como a alternaria e a botrytis”, considera Daniel Montes. Esta variedade é colhida a partir da segunda semana de outubro. Mas, nas variedades mais precoces iniciam a colheita na primeira semana de setembro, principalmente para exportação. “Nos países do sul mediterrâneo, incluindo Portugal, o consumo nessa altura arranca devagar. Em Portugal o consumo começa com as temperaturas mais baixas e com a chegada do Outono”, argumenta.

Com a variedade Wonderful conseguem produtividades por hectare acima das 20/25 toneladas. É uma variedade com calibres muito altos e muito produtiva.

Nas variedades mais precoces, as produções por hectare rondam entre as 18 e as 22 toneladas.

Sobre o consumo, o produtor diz-nos que “há 10 anos para cá, com a questão da saúde, dos antioxidantes, trouxe algum despertar da cultura e houve uma profissionalização. Era um fruto muito associado ao cultivo das hortas, nas bordaduras e ligada à venda em mercados locais. Hoje em dia, é uma fruta com uma certa procura, para outro tipo de indústrias, sejam elas agroindústrias para sumos, ou, para o mercado pronto a consumir”, clarifica Daniel Montes, considerando ainda que “a IV gama, nomeadamente para a exportação, é uma vertente que aumentou muito a procura. Porque, uma das grandes “chatices” do consumo da romã é precisamente o trabalho que dá a descascar”. Falamos sobretudo do mercado inglês, alemão e espanhol.

As empresas do Grupo O Trevo são certificadas pela NATURALFA desde o início que começaram a ter produção. Na verdade, afirma Liliana Perestrelo, CEO da NATURALFA, “desde essa altura tiveram que dar resposta às exigências do mercado em termos de certificação”.

A certificação GlobalG.A.P é a mais abrangente e dá resposta a uma série de mercados. Depois, foram adicionando certificações para clientes específicos, como o GRASP – um módulo adicional do referencial de certificação GlobalG.A.P. desenvolvido para avaliar as práticas sociais nas explorações agrícolas, nomeadamente, condições contratuais, legislação laboral e aspetos específicos de saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores (…).

Saiba mais sobre a certificação com a NATURALFA «

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