O primeiro dia da Feira de Inovação Agrícola (FIA), realizada no Fundão, foi dedicado à Agenda Blockchain – Rastreabilidade e Valorização da Cadeia Agroalimentar.

Sara Carrasqueiro, vice-presidente do IAPMEI, partilhou a visão estratégica por trás da Agenda Blockchain – Rastreabilidade e Valorização da Cadeia Agroalimentar. Esta iniciativa, segundo Sara Carrasqueiro, está inserida nas Agendas Mobilizadoras e Agendas Verdes, partes integrantes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de Portugal, cujo objetivo principal é promover a competitividade do tecido económico, diferenciá-los em setores estratégicos e criar novos postos de trabalho. A vice-presidente do IAPMEI afirma que estas agendas são desafiantes, constituídas através de consórcios, que reúnem não só pequenas e médias empresas (PMEs), mas também grandes empresas e entidades do sistema científico nacional, como universidades e centros de pesquisa. Esta combinação é fundamental, explica Sara Carrasqueiro, pois visa resolver uma falha anterior da inovação nas empresas portuguesas: a falta de proximidade entre o setor empresarial e a academia. “Para inovar, é preciso trazer conhecimento novo e testá-lo”, afirma, sublinhando que essa colaboração é o que pode impulsionar a inovação nas empresas.

Atualmente, o país conta com 51 agendas mobilizadoras em execução, envolvendo mais de 1700 entidades. O investimento total estimado é de 7,4 mil milhões de euros, sendo que 2,4 mil milhões de euros são provenientes de incentivos do PRR. Esses números destacam a escala e a ambição dos projetos em curso.

A Agenda Blockchain, é composta por 50 entidades, incluindo 20 empresas, 14 instituições académicas e entidades públicas, como o Município do Fundão e duas Comunidades Intermunicipais. Esta Agenda, concentra-se no desenvolvimento de competências na tecnologia blockchain, aplicando-as a setores estratégicos.

No evento, o destaque foi dado ao setor agrícola, mas Sara Carrasqueiro menciona que a tecnologia também pode ser aplicada à saúde, desporto e territórios inteligentes. A flexibilidade da blockchain para diferentes setores torna-a uma ferramenta essencial no caminho para a inovação.

Um dos projetos mais promissores no âmbito desta Agenda é o piloto de rastreabilidade do pomar à mesa, que visa garantir a autenticidade e a qualidade de produtos agrícolas, como cerejas, queijos e vinhos, através de selos de denominação de origem controlada. Durante a sua intervenção, Sara Carrasqueiro destaca que esta tecnologia tem o potencial de ser replicada para outros produtos e setores, promovendo não só a economia circular, mas também alinhando-se com os regulamentos e valores europeus.

Além disso, a Agenda está alinhada com o novo regulamento de produção sustentável da União Europeia, publicado no dia 13 de junho, que introduziu o conceito de passaporte digital do produto. Este passaporte digital permitirá rastrear toda a cadeia de produção, desde a origem das matérias-primas até o produto final, garantindo transparência, segurança e justiça, particularmente no que diz respeito ao comércio justo e ao uso de matérias-primas sustentáveis.

Ao concluir, Sara Carrasqueiro espera “que os resultados esperados desta Agenda possam servir de inspiração para outras empresas, fileiras e que as tecnologias desenvolvidas poderão ser exportadas para outros países (…) e contribuir para as grandes transições que temos atualmente: a transição verde e a transição digital”.

Blockchain.PT: O projeto visa desenvolver uma nova fileira tecnológica.

O gestor do Projeto Blockchain.PT, Pedro Roseiro, apresentou os principais objetivos e desafios da Agenda Blockchain – Rastreabilidade e Valorização da Cadeia Agroalimentar, que procura implementar a tecnologia blockchain em setores chave, cruzando fronteiras entre diferentes setores e empresas. O projeto visa desenvolver uma nova fileira tecnológica.

Pedro Roseiro recorda que, a agenda envolve 50 parceiros, incluindo entidades como a Direção Regional de Agricultura dos Açores, o Banco Montepio, e a Whitestar, um fundo de investimento do setor financeiro. Esta diversidade de parceiros reflete o caráter abrangente do projeto, que agrega empresas de várias dimensões, incluindo pequenas e médias empresas (PMEs) e startups. “Muitas dessas startups começaram a operar em Portugal quando a tecnologia blockchain começou a ganhar destaque, e algumas até transferiram os seus centros de desenvolvimento de regiões como o leste e o norte da Europa para o país”, realça Pedro Roseiro, argumentando que o objetivo é criar oportunidades de negócios para todo o mundo (…).

→ Leia a reportagem completa na Revista Voz do Campo edição de novembro 2024, disponível no formato impresso e digital.

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