As áreas geográficas com clima mediterrânico são escassas e específicas no mundo. A sazonalidade marcada por Verões quentes e escassos em precipitação, por Outonos com temperaturas médias, por Primaveras que tardam em aumentar a temperatura e por Invernos com temperaturas baixas, que em certas épocas (cada vez mais frequentes) se situam algumas horas abaixo dos zero graus, formam um ambiente especial em que o abacate deve desenvolver-se, dadas as diferenças com as condições do seu “habitat original”.

Em relação a isto, o abacate tem demonstrado “maleabilidade” para se adaptar ou ser “adaptado” através da gestão e obter os resultados produtivos que qualquer indústria exige. Cada vez mais, “novos atores” entram no grupo de países produtores de abacate, com maiores ou menores dificuldades ou limitações, tentando competir com um produto que satisfaz as exigências cada vez maiores dos consumidores, cada vez mais informados sobre o que exigem deste produto.

Por isso, a gestão dos pomares, tendo em conta as necessidades e condições que o meio ambiente impõe, deve olhar de outros ângulos para formas de aumentar a eficiência produtiva com vista à sustentabilidade, condição futura e determinante na atividade desta espécie.

O primeiro ponto a comentar é a necessidade de estabelecer processos de renovação constante da matéria lenhosa produtiva, ou seja, de “traduzir” o vigor natural da espécie na produção de matéria lenhosa altamente eficiente para a produção de energia, de gomos (contendo os ápices meristemáticos), de flores e de frutos. O maneio da copa, incluindo a poda, deve ser orientado para satisfazer as necessidades metabólicas para atingir os objetivos acima descritos. Em função da latitude, o ritmo de reconstituição varia de uma estação nas zonas mais quentes (latitude 5º S na costa peruana) a duas estações nas regiões subtropicais com invernos muito frios (33º no Chile, 42º na Nova Zelândia).

O objetivo a longo ou curto prazo é o mesmo, sempre estimular a produção de abacateiros em terrenos que não excedam três estações. Além disso, e complementar à procura do objetivo produtivo, esta visão da poda é complementada pelos objetivos de controle de altura, redução do volume da copa e uso eficiente do espaço alocado com o quadro de plantio. É importante determinar a duração do ciclo produtivo de um rebento jovem de silvestre (figura. 1) antes de ser novamente renovado com a poda e com a existência simultânea de um rebento, que foi produzido pelo mesmo estímulo (o da poda) uma ou duas épocas antes e que vai assumir a função produtiva substituindo o rebento que foi podado. Este mecanismo assegura uma produção intensiva e constante.

Figura 1. Evolução de um rebento jovem no seu ciclo produtivo ao longo de três estações sucessivas

Quando se analisa o comportamento da copa de variedades como a Hass, verifica-se uma forte tendência para o fecho da copa, gerando um “parasitismo” entre as folhas do interior da copa e as expostas à luz, processo que culmina com a morte das partes interiores da copa, reduzindo drasticamente a área ou superfície exposta para a produção final de frutos. Para tal, é necessário aplicar o conceito de “smart canopy”, ou seja, um coberto inteligente e funcional às exigências do metabolismo. Desta forma, aplica-se o conceito de colocar em plena atividade “camadas” de folhas que se desenvolvem do exterior para o interior da copa, tendo o cuidado, com a eliminação de rebentos, de que a taxa de iluminação, tanto das folhas externas como das internas, tenha valores próximos, garantindo uma maior atividade fotossintética em toda a planta, tornando o balanço energético entre o que é “produzido” e o que a planta “consome” muito positivo.

A Figura 2 apresenta modelos de intervenção para garantir a máxima área foliar exposta à luz. Uma vez quantificada a quantidade necessária de luz incidente nos centros da copa, utilizando uma sonda que mede em diferentes unidades (lux, PAR), determinam-se valores efetivos a 5 e 8% da luz total incidente (fora da planta).

Figura 2. Abertura da copa das plantas da variedade Hass para atividade foliar interna e com aumento da área de superfície exposta

Deste modo, pode-se considerar a possibilidade de ‘abrir’ a copa para favorecer processos específicos (desenvolvimento dos botões, desenvolvimento das flores, floração, frutificação e a primeira fase de crescimento dos frutos) e ‘fechar’ um pouco mais a copa, deixando livres os rebentos que se desenvolvem rapidamente na primavera, de forma que os frutos e os frutos mais desenvolvidos sejam ‘protegidos’ dos danos causados pelo sol (…).

→ Leia o artigo completo na edição de março da Revista Voz do Campo.

Autoria: Ricardo Cautin Morales
Facultad de Ciencias Agronómicas y de los Alimentos
Pontificia Universidad Católica de Valparaíso – Chile

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