Água e agricultura. Em Portugal, mais de 70% da água captada é usada na agricultura, um valor na média mundial, mas acima da média europeia. A agricultura em Portugal tem vindo a sofrer uma revolução, com um forte crescimento do valor da produção e da produtividade por trabalhador. O crescimento da produtividade na agricultura tem superado o da produtividade para toda a economia portuguesa. A revolução deve-se a um processo de substituição da agricultura de subsistência por uma agricultura moderna, fazendo uso intensivo de capital, da inovação tecnológica e de recursos humanos qualificados. As culturas de baixo valor têm dado lugar a culturas de maior valor. A área irrigada tem crescido.

Metodologia. O valor da água na agricultura é estimado pelo seu preço reserva. Tomam-se as receitas por hectare e subtraem-se os custos (exceto da água). Divide-se a diferença pelo uso de água por hectare, em m³, e obtém-se o valor económico da água. Usaram-se dados do Recenseamento Agrícola de 2019 para o valor da produção em sequeiro e em regadio, com várias correções: atualizando preços para 2022, incorporando os maiores custos de exploração e rendas no regadio e assumindo um consumo médio de água por hectare no regadio idêntico ao do Alqueva.

Resultados agregados e casos específicos. O valor económico médio da água usada na agricultura em todo o país e todas as culturas, a preços de 2022, foi estimado em € 0,585. Há muita heterogeneidade, com os valores a depender da região e da cultura. Algumas culturas têm valor negativo (perde-se dinheiro) e outras têm valor muito acima da média. Exemplos: usando os dados do Alqueva para 2022, o m³ de água usado no milho valeu € 0,2, no olival em sebe valeu € 0,68/m³ e € 1,17/m³ para o amendoal em sebe. Estes valores podem mudar ao longo dos anos. Fora do Alqueva, estimou-se o valor da água usada no arroz em € 0,08, um valor positivo apenas devido às ajudas da PAC. Por oposição, no abacate a água vale € 2,65/m³.

Fonte: Estudo “O Valor Económico da Água em Portugal“, liderado pelo Professor Miguel Gouveia.

Disponível o estudo “O Valor Económico da Água em Portugal”