Uma mão cheia de inovação, sustentabilidade, transferência de conhecimento, tendo em vista a gestão e valorização da floresta, o desenvolvimento sustentável do mundo rural e a redução dos grandes incêndios florestais.

Falámos com Carlos Fonseca, Chief Technology Officer do CoLAB ForestWISE, um Laboratório Colaborativo que tem vindo, desde 2018, a afirmar-se como uma referência ao nível da inovação e gestão integrada da floresta e do fogo, impulsionando e promovendo colaborações estratégicas e projetos transformadores.

“O CoLAB ForestWISE é uma associação privada e sem fins lucrativos com um foco claro na promoção da sustentabilidade florestal através de atividades de (co)investigação, desenvolvimento e transferência de conhecimento e tecnologias, atuando como aglutinador entre a indústria, a academia e a administração pública com impactos nos domínios da floresta e do fogo e na sociedade”, diz o CTO deste CoLAB. “Agregamos os principais agentes privados, públicos e académicos do país, nomeadamente algumas das mais relevantes empresas dos setores da floresta e da energia em Portugal (Altri Florestal, Amorim Florestal, E-Redes, DS Smith Paper Viana, REN, Sonae Arauco e The Navigator Company), com interesses comuns na gestão e valorização dos espaços florestais; instituições do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, como as Universidades de Aveiro, Coimbra, Évora, Lisboa (Instituto Superior de Agronomia), Trás-os-Montes e Alto Douro e o INESC TEC; e três entidades públicas de referência: a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) , acrescenta.

O CoLAB da Floresta e do Fogo rege-se por valores que pretendem contribuir para a gestão florestal sustentável, para valorizar os produtos e serviços florestais, aumentar a competitividade do setor florestal português, dinamizar o desenvolvimento sustentável dos territórios rurais e promover o emprego científico qualificado.

Para cumprir esta missão, desenvolve atividades tendencialmente em Technology Readiness Levels (TRLs) elevados e orientados por uma Agenda Estratégica de I&D&I que integra as necessidades e problemas considerados prioritários pelas empresas e pelo setor público, no âmbito da gestão integrada da floresta e do fogo em Portugal.

Foi para dar resposta a estes temas principais, que foram definidas as quatro Linhas de Trabalho, que emergem da Agenda de I&D&I, através da qual o CoLAB orienta a sua atividade:

Gestão da Floresta e do Fogo
Abrange o planeamento e gestão sustentável das áreas florestais, incluindo ferramentas de monitorização, melhores práticas e modelos de gestão, para criar uma floresta mais produtiva, resiliente, multifuncional e prestadora de serviços de ecossistema. Esta área trata igualmente da recolha e acesso a dados sobre florestas e incêndios rurais, IoT e outras tecnologias inovadoras (Floresta 4.0), com o objetivo de desenvolver, implantar e rotinizar o uso de sistemas de suporte à decisão, do nível operacional ao estratégico.

Gestão do Risco
A Linha de Trabalho direcionada para as questões da gestão do risco e do impacto através da gestão do combustível, da prevenção nas comunidades, gestão e desenho de sistemas de supressão de incêndios e restauração de ecossistemas, incluindo a monitorização da saúde da floresta.

Economia Circular e Cadeias de Valor
Área de pesquisa que se foca na mobilização e na utilização da biomassa, no abastecimento seguro de madeira, operações florestais, logística de emergência e nos novos desafios impulsionados pela economia circular.

Pessoas e Políticas
Focada no design e avaliação de políticas, na governança, nas atitudes, comportamentos e comunicação de risco, no estudo dos sistemas socioecológicos, no seu contexto específico, incluindo o valor das áreas florestais para os proprietários de áreas florestais.

Principais Projetos em Desenvolvimento
Atualmente o CoLAB ForestWISE lidera, colidera ou participa em diversos projetos nacionais e internacionais. Este CoLAB dispõe de um leque variado de serviços, tais como consultoria especializada nas áreas da gestão florestal, serviços de ecossistemas e valorização de produtos não lenhosos, Carbono, avaliação e gestão do risco de incêndio, priorização de intervenções florestais no âmbito da redução do perigo de incêndios rurais, caracterização do regime de fogo, simulação de comportamento de fogo, ferramentas de apoio à decisão, avaliação e monitorização florestal e áreas ardidas, apoio na implementação de sistemas de digitalização no setor florestal, projetos na área do aproveitamento de biomassa florestal e da mitigação das alterações climáticas e descarbonização, formação e capacitação profissional, entre outros.

No que diz respeito aos principais projetos, inserido na Linha de Trabalho da Gestão da Floresta e do Fogo, lidera o Projeto Integrado RN21 que visa modernizar e tornar a produção da Resina Natural mais sustentável em Portugal, abrangendo toda a cadeia de valor, desde a floresta até ao consumidor final. Cofinanciado pela Componente 12 (Bioeconomia Sustentável) do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o consórcio RN21 reúne, pela primeira vez, 37 entidades de toda a cadeia de valor do setor da Resina Natural e ambiciona contribuir para a bioeconomia, a resiliência económica, a neutralidade carbónica, a coesão territorial e o reforço da aposta na ciência e tecnologia em Portugal, através de um investimento de mais de 27 Milhões de euros no setor resineiro nacional.

No âmbito da Linha da Gestão do Risco, fazem parte do consórcio FIRE-RES, um projeto financiado pela Comissão Europeia que pretende desenvolver novos modelos e abordagens de combate aos grandes incêndios, contribuindo para uma Europa mais resiliente aos incêndios extremos. Para tal, pretende desenvolver, implementar, demonstrar e aperfeiçoar 34 soluções inovadoras para enfrentar os desafios colocados pelos Incêndios Florestais Extremos, ações essas que serão testadas em 11 Laboratórios Vivos. O Laboratório Vivo português está dividido em duas áreas de demonstração, uma na zona do Vale do Sousa e outra na Lousã, esta última liderada pelo CoLAB ForestWISE.

Na Linha da Economia Circular e Cadeias de Valor, encontra-se enquadrada a Agenda transForm, integrada na Componente 5 (C5) do PRR (Capitalização e Inovação Empresarial), cuja missão é contribuir para a gestão florestal sustentável, otimizar os processos industriais e afirmar a competitividade do setor florestal, resultando em 11 novos Produtos, Processos e Serviços. Coordenada pela Altri Florestal e sob a gestão técnico-científica do CoLAB ForestWISE, a Agenda transForm representa um esforço de cooperação setorial sem precedentes, envolvendo 56 parceiros em 30 projetos colaborativos, naquele que é o maior consórcio alguma vez criado em Portugal no setor florestal, com um investimento total de 130 Milhões de euros (…).

→ Leia a reportagem completa na Revista Voz do Campo: edição de julho 2024