“O grande valor da Seipasa é desenvolver novas soluções biológicas registadas que preencham a lacuna causada pelo progressivo desaparecimento dos produtos químicos”

Pedro Mota é o novo responsável pelo desenvolvimento de negócios da Seipasa em Portugal, que em entrevista, analisa o crescimento da empresa e os novos desafios do mercado com base na inovação de produtos e na aposta nos registos fitossanitários.

Qual é o processo de transformação que a agricultura está a viver devido ao progressivo desaparecimento das substâncias ativas de síntese química?

A agricultura encontra-se num processo de transição muito intenso para um modelo de produção mais sustentável, com foco na sua relação com o ambiente, nos recursos naturais e na segurança dos agricultores. Uma das consequências é, aliás, a perda de substâncias ativas que, gradualmente, deixam de estar disponíveis.

Esta é uma realidade que prejudica os agricultores, uma vez que o ritmo de surgimento de novas alternativas biológicas com registo fitossanitário é muito mais lento. A inovação das empresas avança, neste caso, muito mais rapidamente do que a legislação e regulamentação imposta pela União Europeia, através de grandes quadros de ação como o Pacto Ecológico Europeu ou a estratégia “Do Prado ao Prato”.

O papel da Seipasa nesta transição deve ser reforçar a sua posição como geradora de alternativas de base biológica e com reconhecimento oficial. Acredito que o grande valor desta empresa está em desenvolver novas soluções biológicas registadas que preencham a lacuna causada pelo progressivo desaparecimento dos produtos químicos.

Estamos a falar de uma organização pioneira na investigação e desenvolvimento de novas soluções que, em alguns casos, são capazes de coexistir com produtos químicos em estratégias integradas de gestão de pragas. Em outros casos, podem substituir esses mesmos tratamentos de síntese química, com eficiências iguais ou até superiores.

A agricultura está preparada para esta transição promovida pelo Pacto Ecológico Europeu?

A resposta, sem dúvida, é sim, embora seja preciso reconhecer que as mudanças são complexas e, muitas vezes, causam alguma apreensão.

Do ponto de vista técnico, o desenvolvimento da agricultura nos últimos anos tem sido muito forte, e podemos afirmar, sem receios, que temos as estratégias, os tratamentos e os produtos necessários para tornar esta transição uma realidade e continuar a produzir frutas, legumes e cereais com maior qualidade e menor desperdício.

Em qualquer caso, é importante salientar que a transição para uma agricultura mais sustentável, no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, deve sempre contar com a opinião e a voz dos agricultores, uma vez que são eles os responsáveis por implementar e aplicar todo esse conjunto de estratégias e ações nas suas explorações.

Qual poderá ser o papel das empresas de biocontrolo, como a Seipasa, nesta transição?

Já mencionei anteriormente: o seu papel é decisivo, sobretudo pela experiência acumulada de mais de 25 anos na conceção, formulação e desenvolvimento de tratamentos biológicos para a proteção e bioestimulação das culturas. Além da experiência, é importante destacar o compromisso da Seipasa com os registos fitossanitários.

Pode ter a tecnologia e a P&D para desenvolver esses tipos de produtos, mas, se não tiver a convicção, a equipa ou a capacidade financeira para investir na obtenção de registos de biocontrolo fitossanitário, a inovação que gera não tem utilidade. E, no caso da Seipasa, felizmente, as duas condições positivas estão presentes: a tecnologia para desenvolver este tipo de produtos e a convicção de os colocar nas mãos dos agricultores através do processo de registo fitossanitário. Isso explica o catálogo global de mais de 70 registos fitossanitários em mais de 30 países que a empresa construiu até agora (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo edição de novembro 2024, disponível no formato digital e impresso.