Introdução

Portugal produziu no ano de 2021 cerca de 36 mil toneladas de castanha(1). Sendo o 7º maior produtor mundial, tendo em conta que a China arrecada 78% da produção mundial(2).

A qualidade deste fruto é determinada pelo seu tamanho, cor, sabor e forma, mas esta só é possível manter durante um período pequeno de tempo(3), e porquê?

O problema

Vários fatores influenciam a conservação da castanha sendo o primeiro a nossa visão de consumidor que quando olhamos para um fruto de casca rija assumimos que é um fruto seco. Não é um fruto seco? Não, o componente em maior presença na castanha é água, e estas secam muito rapidamente(4,5). Devíamos tratar este fruto como os restantes da nossa casa com uma conservação num local fresco isento de luz e nunca dentro de plásticos.

Qual o maior problema das pós-colheita? As podridões, são causadas por insetos (mais tarde fungos) isto ocorre, pois, a castanha é recolhida após a queda e é no chão que ocorre a maior parte das contaminações. A separação de castanha por imersão(6) em água como aconselhado nas Centrais de Armazenagem e Embalagem de castanha pode ajudar a controlar este problema.

Então se já existe uma forma de selecionar a castanha à chegada do souto e uma forma de conservar (frio) o que nos falta? Para o consumidor mais tempo para desfrutar da castanha. Para o produtor que tem de cumprir com as exigências de mercado e as flutuações económicas que dai advém, é importante ter uma forma de conservar a castanha mantendo ao máximo as suas propriedades.

O estudo

O CATAA (Centro de Apoio Tecnológico Agro Alimentar de Castelo Branco) é um dos elementos do consórcio do Programa Integrado de IC&DT CULTIVAR que pretende responder aos desafios que as fileiras do setor Agroalimentar da Região Centro enfrentam, nomeadamente caracterizar, conservar e valorizar os recursos genéticos endógenos regionais em zonas de baixa densidade, através de uma estratégia de desenvolvimento territorial, promovendo e consolidando a colaboração entre instituições de ciência, tecnologia e ensino superior e o cluster Agroalimentar.

No âmbito da caracterização da castanha deparou-se com o problema da conservação e propôs uma solução, utilizar atmosferas controladas para tentar conservar o maior tempo possível a castanha. No primeiro ano de trabalho tentou-se conservar durante 60 dias, este ano o objetivo será de 150 dias.

Foram utilizados dois gases Dióxido de Carbono (CO2 ) e Azoto (N) estes foram selecionados por estarem presentes naturalmente na nossa atmosfera e pelo potencial para ajudar na conservação de frutos (…).

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Autoria:

Mário Cristóvão1, Alexandra Camelo1, Ana Martins1, Ana Resende1, Ana Silveira1, Ana Riscado1, Ana Rodrigues1, Cátia Baptista1, Guido Lopes1, Inês Brandão1,2, Helena Beato1, Luisa Paulo1, Okta Pringga2, Rita Ramos1,3 e Christophe Espírito Santo1,2
1 – CATAA- Associação Centro de Apoio Tecnológico Agro Alimentar de Castelo Branco, Castelo Branco, Portugal, geral@cataa.pt; 2 – Universidade de Coimbra, Centro de Ecologia Funcional, Departamento de Ciências da Vida, Coimbra, Portugal, cfe@uc.pt; 3 – Universidade da Beira Interior, Portugal, geral@ubi.pt.