Os cereais representam apenas 3,5% da produção agrícola nacional, constituindo o milho em grão a componente com maior peso na produção de cereais (56%), seguida do trigo (19%) e do arroz (16%) (GPP, 2020).
Em consequência, o nível de autoaprovisionamento nos cereais é muito baixo (23%, menos de metade dos 50% no início da década de 90), embora com diferentes graus para as várias espécies (cerca de 35% no milho, 5% no trigo, 20% na cevada e 80% no arroz). Estes dados, compilados por Manuel Patanita, Professor Coordenador do Departamento de Biociências do Instituto Politécnico de Beja, num artigo que pode ler-se mais à frente, retratam de uma forma abrangente a produção de cereais em Portugal, mas por trás dele está um trabalho profundo que envolve desde a investigação à produção, incluindo a indústria transformadora.Foi com esses agentes que falámos ao longo desta Reportagem e, só para aguçar a curiosidade, é de registar que nos últimos 5 anos, resultante dos Programas de Melhoramento Genético de que é responsável, a Estação de Melhoramento de Plantas, integrada no Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (Iniav) inscreveu no Catálogo Nacional de Variedades, 2 variedades de trigo mole, 4 de trigo duro, 2 de triticale e 4 de arroz.
É certo que vivemos num contexto de sérios obstáculos, transversais às várias culturas e que passam pelo aumento dos preços dos fatores de produção, as alterações climáticas, nomeadamente a falta de água, a Guerra e a constante subida da inflação, mas apesar de tudo isto sublinha-se a importância de manter a produção por diversas razões e há mensagens encorajadoras para o futuro, previsões de aumento de áreas de produção, e claro, a aposta em produções diferenciadoras, porque é utópico pensar-se que Portugal possa vir a ser autossuficiente no que respeita à produção de cereais (…).
→ Mais desenvolvimento na edição de março 2023 da Revista Voz do Campo.