A Associação dos Produtores de Leite de Portugal, APROLEP, tem como missão ouvir e defender os produtores de leite, ser um veículo de informação e comunicação entre produtores e fazer chegar ao poder político todos os contributos para alavancar e potenciar o setor agrícola português. Em entrevista a vice-presidente da APROLEP, Marisa Costa, traça-nos as grandes preocupações e desafios que o setor vive atualmente.
Qual é neste momento o panorama do setor do leite em Portugal?
Vivemos um momento de grande incerteza. O aumento dos fatores de produção são uma realidade desde o início da pandemia, acentuaram-se com a guerra na Ucrânia e estabilizaram (não baixaram) em abril.
Sabemos que vivemos numa crise económica e haverá uma pressão da distribuição para baixar o preço ao consumidor e nestas situações o produtor é o elo mais fraco e é sempre aquele que suporta os custos. Mas a realidade é que atualmente o produtor não tem margem para suportar os custos porque está descapitalizado. O aumento do preço pago à produção nos últimos meses serviu apenas para pagar as dívidas acumuladas.
❝ As novas tecnologias são uma realidade e cada vez mais necessárias, sendo a única resposta que existe à falta de mão de obra.
Quais as dificuldades que o setor enfrenta?
Aumento dos custos de produção; seca; menos forragens e de menor qualidade. Envelhecimento dos agricultores (4% dos agricultores têm menos de 40 anos) e baixo rendimento (dados do INE evidenciam uma redução de 12% do rendimento dos agricultores). A falta de mão de obra e a falta de valorização por parte do poder político e da sociedade (…).