O regadio é uma ferramenta essencial à mitigação e adaptação às alterações climáticas e de combate à desertificação. E porquê?

Porque temos assistido ao aumento tendencial das necessidades hídricas das culturas para reposição do deficit hídrico crescente e à redução das afluências que alimentam as barragens e aquíferos subterrâneos existentes em Portugal. Estes fatores conduzem à necessidade de aumentar a eficiência do uso dos recursos hídricos disponíveis e, por outro, aumentar as capacidades de armazenamento. Apesar da redução significativa das afluências superficiais que se prevê vir a ocorrer em resultado das alterações climáticas, verifica-se que as mesmas continuam a ser muito superiores às necessidades. De acordo com o Plano Nacional da Água (2016), o volume de água utilizado pelos diferentes sectores é estimado em 4.557 hm3 /ano, com a Agricultura e Pecuária a serem responsáveis por 74% daquele consumo (3.390 hm3 /ano). Mas, importa referir que grande parte dos volumes captados para a rega não são efetivamente utilizados e acabam por ser devolvidos ao ciclo natural da água.

Ainda de acordo com o Plano, as afluências superficiais em ano húmido, para o conjunto das bacias hidrográficas do continente português (47.840 hm3 /ano), correspondem a 10 vezes mais o volume de água utilizado por todos os sectores. Ou seja, as disponibilidades de água a nível nacional, são muito superiores às necessidades, inclusivamente em contexto de redução de afluências.

Mas, dada a concentração de pluviosidade característica das nossas condições climáticas, um volume considerável de afluências não é passível de utilização a menos que existam infraestruturas de regularização de caudais, como barragens, açudes e represas, para reter essas afluências, sem prejuízo da garantia de caudais ecológicos a jusante das mesmas.

A capacidade de armazenamento total das albufeiras existentes em Portugal permite apenas armazenar 20% do total de afluências anuais, o que significa que os restantes 80% correspondem a água que se “perde”.

Podemos assim afirmar que embora a escassez de água seja um problema mais evidente nas regiões a sul do Tejo, este poderá vir a ser minimizado (…).

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