Gabriela Cruz, presidente da APOSOLO, e Maria do Céu Salgueiro, diretora da APORMORGabriela Cruz, agricultora no concelho de Elvas e presidente da APOSOLO – Associação Portuguesa de Mobilização de Conservação do Solo, considera que a partilha de conhecimento é uma das vantagens de ser associada da APORMOR.

Gabriela Cruz é uma acérrima defensora e praticante da Agricultura de Conservação, a preservação e melhoria do solo está no centro das suas decisões como empresária agrícola e produtora pecuária. É no concelho de Elvas, que produz cereais, de sequeiro e regadio, e detém um efetivo de 160 bovinos.

“A nossa exploração agropecuária, tem montado de azinho, e está muito próxima do local onde nasce o Aqueduto da Amoreira de Elvas, por isso tem uma certa frescura do solo, que faz com que a pastagem consiga singrar e seja biodiversa, muito boa para o gado”, explica a empresária. Porém, nos últimos dois anos a seca teve consequências desastrosas: “estou na agricultura há 33 anos e nunca tive um ano tão complicado como este, o que vou colher de uma área semeada de 250 hectares é muito pouco, só uma área pequena de triticale, o restante não compensa colher. Nos outros 250 hectares não consegui semear porque a terra estava demasiado seca”, lamenta Gabriela Cruz. Já em 2022 esta agricultora foi obrigada a transportar diariamente 12 mil litros de água para dar de beber aos animais, porque o furo, a 160 metros de profundidade, secou.

A disponibilidade de água para a culturas e para o gado será decisiva nas opções futuras da empresária: “fizemos um projeto para abrir um furo novo que foi aprovado, temos esperança de encontrar mais água na exploração, mas não deveremos aumentar muito mais o efetivo pecuário”.

Gabriela Cruz iniciou a produção de bovinos há 10 anos, ficou com a vacada dos antigos rendeiros da sua terra, uma mistura de raça Alentejana com touros Limousine não certificados, melhorou a genética, substituindo paulatinamente os touros por Limousine medalhados. “Conseguimos melhorar consideravelmente o efetivo, os bezerros que resultam dessa vacada são muito bons, mas também porque a pastagem é muito boa. Todos os seis anos compramos um touro novo para diversificar um pouco a genética”, explica.

Depois de comprovar as vantagens da sementeira direta nas culturas anuais – melhoria da estrutura e da fertilidade do solo; aumento da retenção de água no solo; redução de emissões de gases com efeito de estufa e poupança de custos em combustível –, o próximo passo de Gabriela Cruz será realizar sementeira direta nas pastagens. “O maneio do gado terá de ser diferente, temos de deixar que as plantas introduzidas germinem e se desenvolvam, de preferência que criem semente para regenerar a pastagem, vai ser uma experiência nova para mim”, conta.

Gabriela Cruz é uma nova associada da APORMOR e destaca as vantagens: “Na APORMOR aprendo sobre maneio, como introduzir uma melhor genética e a utilizar melhor a que tenho no efetivo, como gerir melhor as pastagens. Os leilões, os concursos e os eventos – Feira de Maio e Expomor – organizados pela APORMOR são uma excelente forma de aprender”.

Fonte: APORMOR