Paulo Maria, em representação da Organização de Produtores Carmo e Silvério, com sede na freguesia de A-dos-cunhados (Torres Vedras) e filial na Póvoa de Varzim, falou da “grande potencialidade que Portugal tem em produzir hortícolas”, muito concentrada na costa litoral do país, em consequência do clima ameno que permite produzir no período de Verão. “Apesar de em termos produtivos e área, sermos pequenos, temos potencial porque conseguimos produzir numa altura em que a maior parte dos nossos concorrentes/parceiros não produzem”, revela.

Portanto, de acordo com o técnico “Portugal tem aqui uma mais-valia e faz com que haja muita procura pelo nosso produto, principalmente o tomate (…) aliás, neste momento o grande desafio está na ampliação das áreas, porque não temos oferta suficiente”.

Grande simbiose de parceria com a vizinha Espanha

Paulo Maria, enalteceu a grande simbiose de parceria com a vizinha Espanha, o maior produtor de hortícolas da Europa. “Como não conseguem produzir no ciclo do Verão, muitas empresas têm vindo ao encontro de alguns horticultores nacionais para produzirem para eles e assim garantirem ao seu cliente produção o ano inteiro. Isto é, de novembro a maio têm o ciclo da própria produção, e de maio a novembro Portugal fecha o ciclo espanhol”.

Normalmente estes “negócios” são feitos com especialidades, isto é, com variedades de tomate especiais, todas elas viradas ao sabor, cor e são exclusivas das próprias empresas. “Eles fornecem as plantas, as caixas de transporte e fazem visitas regulares às nossas explorações. Estão permanentemente em contacto com os nossos técnicos”, acrescenta ainda Paulo Maria.

Carmo e Silvério é autossuficiente a nível hídrico

A Carmo e Silvério tem apostado nos últimos anos na autossuficiência a nível hídrico das explorações, e Paulo Maria sublinha que “fizemos uma charca muito maior (1 hectare) que a necessidade que estava prevista para tentar não desperdiçar uma gota de água da chuva. Conseguimos provar que desde 2018, utilizamos só essa água (…). É verdade que trabalhamos em hidroponia que exige regas e drenagens, mas até as águas das drenagens são reaproveitadas”.

Leia este e outros artigos na reportagem completa da II Semana da Agricultura da UTAD na Revista Voz do Campo: edição de maio 2024