“A organização de uma fileira, para que ela possa ter representação, é fundamental que passe pela organização da produção. Os futuros técnicos, os acompanhantes dos produtores de mirtilo, têm de perceber que a realidade do campo, produção, hoje é diferente daquilo que era na altura dos nossos pais e evolui todos os dias”. Foi esta a mensagem que Tadeu Alves, administrador da organização de produtores de mirtilo Green Factor, passou à plateia durante a sua intervenção.

Para este responsável cada vez mais o produtor tem de estar envolvido numa OP, e num envolvimento ativo. Já o técnico no campo é um elo de ligação entre a OP e o produtor, e tem de fazer com que ele se sinta motivado para estar envolvido na tomada de decisão, na partilha e na informação que a OP possa disponibilizar.

“A tutela que olhe para o setor e perceba que temos de ter mais estruturas de investigação e experimentação”

Em termos de tecnologia de ponta, Portugal ainda está muito aquém quando comparado com outros países produtores. “Para termos as melhores condições, para termos melhoramento varietal, genética disponível, para que sejam adaptadas às nossas condições, é importante mais experimentação, inovação e ter inclusive, investigação nesta área (…) provavelmente até poderíamos ter resultados muito diferentes e conseguiríamos estar na linha da frente”, lamenta Tadeu Alves, reforçando ainda que “está provado que os produtores são capazes de produzir com qualidade, no entanto há trabalho que não depende dos produtores e é isto que faz falta. A tutela que olhe para o setor e perceba que temos de ter mais estruturas de investigação e experimentação”. Para o administrador, o setor tem aderido à agricultura de precisão, mas o que faz falta é trabalhar os dados que são facultados pelos equipamentos instalados, para que seja uma informação útil e que se torne num valor acrescentado.

“Com a robótica instalada não estaremos tão dependentes da mão de obra”

“Acredito que nos próximos 5 anos teremos a robótica instalada para a colheita do fruto e não vamos estar tão dependentes da mão de obra estrangeira como acontece hoje em dia”, partilha. Portugal tem grandes potencialidades para produção de mirtilo, contudo o produtor tem de ser cada vez mais profissional procurando a sustentabilidade no setor. “Com a realidade que temos de norte a sul já produzimos quase 52 semanas. Este calendário permite-nos que o consumidor tenha uma referência praticamente de 52 semanas do que é o mirtilo português”, admite Tadeu Alves (…).

→ Leia a reportagem completa da II Semana da Agricultura da UTAD na Revista Voz do Campo: edição de maio 2024