Os setores da produção leiteira vão enfrentar nos próximos 5 anos mais desafios e oportunidades do que nos últimos 25 anos.

Cada vez mais exigências em bem-estar e sanidade animal, em proteção ambiental, em qualidade e segurança alimentar, mas também em inovação / diferenciação e criação de mais-valias para reforçar a sustentabilidade no sector leiteiro implicam, necessariamente, todos os agentes intervenientes na fileira do leite (produção + transformação + comercialização).

A sustentabilidade no sector leiteiro depende também de fatores externos (quadros comunitários de apoio, políticas nacionais, …) mas sobretudo da forma como cada exploração for capaz de identificar as suas oportunidades de ir melhorando as suas eficiências (produzir o máximo com o mínimo de recursos) e as suas eficácias produtiva, alimentar, ambiental e económica:Neste quadro, as explorações mais eficientes produzem mais 74% por CN animal presente e emitem menos 35% de metano (CH4), além de terem melhor salvaguarda sanitária, pois a sua reposição não está dependente da aquisição de animais ao exterior, podendo ainda gerar receitas extraordinárias com venda de novilhas excedentes, contrariamente às menos eficientes – que, além de terem de ter mais animais, ainda têm de comprar mais novilhas para a sua reposição.

EFICÁCIA ALIMENTAR (kg Leite / kg Alimento)

EFICÁCIA ALIMENTAR (kg leite / kg alimento) relaciona a produção leiteira obtida com a alimentação que é fornecida.

Sendo a alimentação o maior custo na exploração, é fundamental que cada exploração saiba a sua Eficácia Alimentar. Cada produtor deve saber qual tem de ser a sua eficácia alimentar mínima necessária para o seu limiar de rentabilidade. Por exemplo, se os custos são 60% alimentação / 40% outros, se o leite é pago a 0.40 €/kg e se o custo de alimentação é 0.20€/kg, o resultado económico só passa a positivo com eficácia alimentar >1.58 (kg leite / kg ms alimentação-global).É fundamental auditar a eficiência da alimentação, não só em função da produção que permite (kg leite / kg alimentação), mas também na quantificação dos outputs que gera (ureia no leite, N na urina, metano (CH4) entérico na digestão, etc).

Usando o mais recente know-how disponível, pode-se avaliar / ajustar os programas de formulação de arraçoamentos, permitindo-nos gerir, com cada vez maior precisão, não só os inputs nutricionais, mas também os outputs de emissõesEFICÁCIA ECONÓMICA (€ IOFC / kg Leite) 

A produção leiteira é uma atividade económica, cuja rentabilidade é medida pelas receitas sobre o custo da alimentação (I.O.F.C. – income over feed costs). Em geral, de todos os custos, a alimentação é sempre o encargo mais significativo.

O IOFC é o KPI que melhor sistematiza todos os anteriores indicadores de eficácia (produtiva, alimentar, ambiental), cuja otimização / maximização é hoje muito apoiada por novos programas de gestão-global por inteligência artificial (IA).

Autoria: Jerónimo Pinto (Engº Agrónomo)